Willy Allen acredita que, se aplicarem nos EUA a lei de asilo como deve ser, "80% dos cubanos nunca a ganharão"

O advogado especializado em Imigração afirma que não se preocupa com o aumento da rigorosidade na análise das evidências apresentadas pelos solicitantes de proteção política, pois isso evitará que Miami se torne um refúgio para repressões

O advogado Willy Allen, em seu programa de segunda-feira na CiberCuba.Foto © CiberCuba

O advogado da Flórida Willy Allen não está preocupado com o anúncio do endurecimento na revisão das evidências dos solicitantes de asilo nos Estados Unidos, pois os cubanos, sendo os estrangeiros que mais asilos recebem nos Estados Unidos, não alcançam mais de 25% de aprovação.

"Conseguir um asilo sempre é difícil. Se a lei de asilo fosse aplicada como deveria, 80% dos cubanos não o conseguiriam," disse em declarações à CiberCuba, aludindo ao fato de que a maioria desses solicitantes "na verdade nunca foram opositores nem confrontaram o governo".

No programa que todas as segundas-feiras, às 11h00 (de Miami), Willy Allen tem na CiberCuba, o especialista em temas de Imigração explicou que esse rigor na revisão das evidências de asilo político ajudará a que Miami deixe de ser o retiro dourado de repressões cubanas que têm mais de 65 anos e querem se aposentar nos Estados Unidos depois de terem feito parte da máquina da ditadura castrista.

Isso não quer dizer, esclareceu o advogado, que esse rigor se aplique apenas nos casos suspeitos, pois a lei é igual para todos e, como é de se esperar, afetará todos os solicitantes de asilo, em geral.

Nesse sentido, Willy Allen recomenda que se diga a verdade. Todos os casos de asilo não são "ganháveis", mas é necessário buscar que sejam "defensáveis" e é preciso chegar diante do juiz com o Plano A, Plano B e Plano C, para o que puder acontecer.

Por isso, Willy Allen aconselha aqueles que fizeram parte da maquinaria repressora do regime, ao entrarem nos Estados Unidos, a reconhecerem que tomaram decisões erradas em Cuba. Ou seja, que entrem com a verdade e não tentem se esconder sob o anonimato.

Segundo ele explicou, ele ganhou casos de asilo de pessoas influentes no regime que fugiram para os Estados Unidos e que entraram com a verdade à frente. Outra coisa, na sua opinião, são aqueles que mentem. Em ambos os casos, ele reconheceu, estamos diante de colaboradores da ditadura, mas uns admitem o que fizeram e pedem perdão, enquanto outros ocultam.

E é exatamente isso que ele desaconselha. Para defender um pedido de asilo, é preciso ir com a verdade à frente, insistiu. Por isso, ele afirma que não se preocupa com a revisão minuciosa das redes sociais de quem solicita asilo e com a análise aprofundada das evidências, pois a ideia é que aqueles que perseguiram politicamente em Cuba não cheguem aos Estados Unidos e convivam com suas vítimas, que, em algumas ocasiões, têm grande dificuldade em demonstrar sua condição de vítimas, enquanto os repressors conseguem regularizar sua situação, às vezes, com facilidade.

A primeiros deste mês de agosto, o Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) anunciou uma atualização significativa em suas políticas de avaliação para solicitantes de asilo e refúgio. Desde o dia 1 de agosto, novas diretrizes entraram em vigor, que fortalecem as investigações de segurança e verificação de antecedentes para os estrangeiros que apresentarem o Formulário I-485, Solicitação de Registro de Residência Permanente ou Ajuste de Status. A medida é voltada para combater fraudes, ameaças à segurança nacional e outros riscos para a segurança pública.

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).