A advogada Liudmila Marcelo explica a "vantagem" do aumento da tarifa de asilo: "A má notícia é que é retroativo"

A especialista em Imigração esclarece que, como os formulários para pagar a taxa de 100 dólares por ano de processamento do pedido de asilo político ainda não estão disponíveis, os juízes estão adiando as audiências finais e permitindo ganhar tempo à espera da decisão sobre a ação do parole humanitário e a de I-220A

Advogada de Imigração, Liudmila Marcelo, em entrevista com CiberCubaFoto © CiberCuba

A advogada especialista em Imigração Liudmila Marcelo explicou nesta quarta-feira, em uma entrevista com CiberCuba, que o aumento da taxa de asilo político, que passou a custar 100 dólares por ano desde a aprovação da nova lei fiscal de Trump, está trazendo uma vantagem imediata para os solicitantes de proteção internacional: permite que ganhem tempo.

Isso se deve ao fato de que, como ainda não estão disponíveis os formulários para pagar a nova taxa, os juízes estão adiando as Cortes finais e isso, neste momento, é uma boa notícia porque permite que os solicitantes de asilo ganhem tempo à espera do resultado de as ações processuais apresentadas por organizações pró-imigrantes que afetam cubanos com I-220A.

Liudmila Marcelo não é otimista quanto à possibilidade de que a decisão saia imediatamente e prefere não criar expectativas de que haverá uma decisão antes do final do ano fiscal, mas, de qualquer forma, admite que ganhar tempo, hoje em dia, é uma bênção para quem consegue.

A má notícia não é apenas que é necessário pagar 100 dólares por ano pelo processo de asilo, mas que o imigrante deverá quitar o valor correspondente ao número de anos em que teve seu processo de asilo aberto. "A má notícia é que o pagamento será retroativo e haverá pessoas que pagarão 100, 200 e até 400 dólares", esclareceu a advogada.

Segundo o que foi contado no programa semanal que ele tem às quartas-feiras na CiberCuba, nesta terça-feira Liudmila Marcelo tinha uma Corte final. "Meu cliente e eu estávamos prontos. Eu viajei para Orlando. O cliente também viajou de Tampa para Orlando. Era a Corte às 8h30 da manhã. Mas logo antes de começar a Corte final, na qual seria defendido o pedido de asilo, o representante do Governo, o promotor, o DHS, se aproximou de mim e disse que havia um problema a discutir antes de começarmos a Corte, mesmo antes da juíza entrar. Ele veio falar comigo e disse que era relacionado com as tarifas."

"Eu disse a ele, sim, eu sei que já começaram os 100 dólares de taxa. Este caso já é antigo. Ele diz, sim, é antigo, mas está pendente há mais de dois anos. Portanto, a má notícia é que vão aplicar isso de maneira retroativa. Embora o pedido de asilo já tenha sido feito há dois ou três anos, você não teve que pagar aquela primeira taxa de 100 dólares, mas agora vão cobrar 100 por cada ano que seu pedido de asilo esteve pendente na Corte. Portanto, haverá pessoas com taxas de 200, 300, 400... dependendo do ano."

"O que está acontecendo? Essa taxa precisa ser paga antes do tribunal final agora. E aqui é onde a situação se complica. O sistema do tribunal ainda não implementou a forma de pagamento. O promotor se aproxima e me diz: 'Não vou pedir ao juiz que rejeite o caso' e eu respondi: 'Claro que não, porque isso não é nossa responsabilidade'. Então ele disse que o mais provável é que o que aconteceria seria o agendamento deste tribunal para uma data posterior e, de fato, foi isso que aconteceu. Ganhou-se um pouco mais de tempo. Sei que não aconteceu apenas comigo. Vários advogados estão passando por isso e com mais força a partir de ontem." acrescentou Marcelo.

Na semana passada, a advogada explicou no CiberCuba que havia rejeitado vários casos de asilo por falta de pagamento das taxas. Finalmente, após tanta insistência, aceitaram os casos com a condição de que, quando o formulário para o pagamento das tarifas fosse liberado, enviariam uma notificação aos clientes para que procedessem ao pagamento.

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).

Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).