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Nem a Secretaría de Saúde, nem o Instituto Mexicano de Seguro Social (IMSS) nem o IMSS-Bem-Estar sabem se os médicos cubanos que trabalham no México estão cumprindo o objetivo para o qual foram contratados, que afirmam ser atender áreas rurais e marginalizadas onde os profissionais mexicanos não aceitam trabalhar.
Segundo uma pesquisa de El Universal, com base em solicitações de transparência, nenhuma das três instituições possui métricas, indicadores ou relatórios sobre o desempenho, produtividade ou especialização dos médicos enviados pelo regime de Havana desde 2022. Na prática, elas "passam a bola" entre si para definir quem deve fornecer as informações, enquanto a avaliação oficial nunca aparece.
A imprensa mexicana tem sido especialmente incisiva ao acompanhar o trabalho dos médicos cubanos no país. As investigações não apenas apontam para a opacidade no uso de recursos públicos, mas também para denúncias de exploração humana, a infiltração de agentes da Segurança do Estado cubano nas missões e os pagamentos milionários que chegam ao regime de Miguel Díaz-Canel.
Estos reportagens colocaram sob a lupa um programa que, embora defendido pelo governo de Claudia Sheinbaum e de seu antecessor Andrés Manuel López Obrador, é apontado internacionalmente como um mecanismo político e econômico que beneficia mais Havana do que os pacientes que diz atender.
Um gasto milionário sem prestação de contas
A colaboração sanitária, defendida recentemente por Sheinbaum, apesar das críticas dos Estados Unidos e de organismos internacionais, custou ao México mais de 2 mil 19 milhões de pesos (cerca de 105 milhões de dólares) em menos de três anos.
Desse montante, uma parte foi diretamente para a empresa estatal cubana Comercializadora de Servicios Cubanos, enquanto o restante cobre hospedagem, transporte, alimentação especial e motorista permanente para os brigadistas.
Ainda assim, o IMSS, o IMSS-Bienestar e a Secretaria de Saúde admitem desconhecer dados essenciais, como o número de consultas realizadas, jornadas cobertas ou a localização exata de cada médico. Também não sabem quanto desse dinheiro chega às mãos dos profissionais, classificados como "colaboradores externos" e não como empregados.
O programa faz parte do modelo de exportação de serviços médicos que o próprio governo cubano reconhece como uma fonte estratégica de divisas, com mais de 24.000 trabalhadores da saúde deslocados no exterior.
Washington e organizações de direitos humanos o qualificam de "escravidão moderna", alegando que os profissionais sofrem retenção de passaportes, vigilância e deduções salariais abusivas.
Enquanto as Bahamas optaram por pagar diretamente aos médicos para evitar beneficiar o regime, o México mantém o esquema atual, que transfere os fundos para Havana sem controle público sobre a sua distribuição nem sobre os resultados do serviço.
A falta de avaliações não só deixa obscuro o uso de recursos públicos mexicanos, mas também agrava o drama de milhares de médicos cubanos que trabalham no exterior sob contratos impostos e sem garantias trabalhistas.
Na ilha, hospitais vazios, escassez de pessoal e o êxodo de profissionais continuam a marcar a crise sanitária, enquanto o governo prioriza a exportação de seus serviços médicos como negócio.
Perguntas frequentes sobre os médicos cubanos no México
Por que o governo mexicano não avalia o desempenho dos médicos cubanos?
O governo mexicano não possui métricas nem relatórios sobre o desempenho dos médicos cubanos devido à falta de coordenação entre a Secretaria de Saúde, o IMSS e o IMSS-Bienestar, que se responsabilizam mutuamente sem fornecer avaliações concretas.
Quanto o México gastou na contratação de médicos cubanos?
O México gastou mais de 2.019 milhões de pesos (cerca de 105 milhões de dólares) em menos de três anos na contratação de médicos cubanos, cobrindo hospedagem, transporte, alimentação e outras despesas, sem clareza sobre a distribuição dos fundos.
Quais críticas enfrenta o programa de médicos cubanos no México?
O programa enfrenta críticas pela opacidade no uso de recursos públicos, denúncias de exploração humana, infiltração de agentes cubanos e pagamentos milionários ao regime de Havana, sem prestação de contas ou benefícios claros para os pacientes mexicanos.
Como se beneficiam Cuba e o regime de Díaz-Canel das missões médicas?
O regime de Díaz-Canel se beneficia economicamente das missões médicas ao receber pagamentos internacionais que não chegam integralmente aos médicos cubanos, que trabalham sob condições de controle estatal e salários reduzidos.
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