Díaz-Canel acusa os EUA perante os BRICS por perseguir as brigadas médicas cubanas

Díaz-Canel fala de "vergonhosa perseguição" às brigadas sanitárias cubanas nos BRICS e acusa diretamente os EUA, mas os médicos da ilha continuam sob controle das autoridades, com baixos salários e sem poder exigir seus direitos.

Miguel Díaz-Canel na Cúpula dos BRICS, Brasil 2025Foto © Presidência Cuba

Miguel Díaz-Canel denunciou na XVII Cúpula de líderes do grupo BRICS como as brigadas médicas cubanas que geram tantos lucros para seu regime são “vergonhosamente perseguidas” pelos Estados Unidos e pediu aos países do bloco para promoverem uma nova ordem internacional.

“Cuba por mais de 60 anos tem desenvolvido uma política de formação e cooperação de profissionais da saúde para o Terceiro Mundo e, nas últimas duas décadas, o Contingente Sanitario Henry Reeve tem atuado exemplarmente em áreas de desastre, mas esses esforços solidários de uma nação pequena, em vez de serem premiados e reconhecidos, são vergonhosamente perseguidos pela maior potência econômica do mundo”, afirmou o governante cubano no Rio de Janeiro.

A acusação lançada por Díaz-Canel no fórum internacional não é nova. Faz parte de uma narrativa oficial que tenta apresentar o programa de colaboração médica como um gesto solidário, omitindo que essas missões representam uma das principais fontes de receita do regime, com lucros milionários anuais às custas do trabalho de milhares de profissionais.

O modelo das missões médicas cubanas tem sido amplamente questionado por organizações de direitos humanos e por numerosos depoimentos dos próprios profissionais que as integram.

Diversos informes documentam como o Estado cubano fica com grande parte do salário que os países receptores pagam, confisca passaportes, retém salários e submete os médicos enviados ao exterior a vigilância.

El discurso de Díaz-Canel na Cúpula dos BRICS ocorre em um contexto de crescente pressão internacional dos Estados Unidos sobre países que mantêm contratos com as brigadas médicas cubanas.

Em uma recente entrevista para o programa Democracy Now!, o vice-ministro Carlos Fernández de Cossío tentou minimizar as denúncias de trabalho forçado, afirmando que o programa estatal “é muito semelhante” ao das agências da ONU e de países europeus.

Também acusou o Secretário de Estado Marco Rubio de mentir sobre a situação dos médicos cubanos, pois os profissionais “recebem seu salário integral em Cuba”, além de um “estipêndio digno” no país de destino, o que, na opinião de Fernández, "melhora o nível de vida" dos médicos.

A retórica de “cooperação Sul-Sul” repetida em eventos como a Cúpula BRICS pretende disfarçar de solidariedade o que na prática funciona como um sistema centralizado, que explora o prestígio dos profissionais de saúde e limita sua liberdade de movimento, expressão e trabalho.

Apesar das tentativas do governo cubano de justificar seu modelo perante a comunidade internacional, cada vez mais vozes o identificam como uma forma encoberta de exploração.

O viaje de Díaz-Canel ao Brasil, acompanhado pelo chanceler Bruno Rodríguez e outros altos funcionários, é uma operação diplomática em busca de financiamento e apoio político em um momento em que a economia cubana enfrenta uma paralisia profunda e o regime precisa desesperadamente de novas fontes de renda.

Perguntas frequentes sobre as brigadas médicas cubanas e a denúncia de Díaz-Canel perante os BRICS

O que Miguel Díaz-Canel denunciou sobre as brigadas médicas cubanas na Cúpula dos BRICS?

Miguel Díaz-Canel denunciou que as brigadas médicas cubanas são "vergonhosamente perseguidas" pelos Estados Unidos. Em sua intervenção, afirmou que esses esforços solidários de Cuba, em vez de serem reconhecidos, são perseguidos pela maior potência econômica do mundo. No entanto, essas missões têm sido criticadas por seu caráter explorador e as condições coercitivas impostas aos médicos cubanos.

Como se beneficiam economicamente as missões médicas cubanas com o regime?

As missões médicas cubanas geram mais de 4.900 milhões de dólares por ano para o regime cubano. Este sistema tem sido amplamente criticado porque o governo cubano fica com uma grande parte do salário pago pelos países receptores, enquanto os médicos trabalham sob condições de exploração e coerção.

Que críticas existem sobre as brigadas médicas cubanas?

As brigadas médicas cubanas foram qualificadas como uma forma de "escravidão moderna" e "trabalho forçado" pelo Parlamento Europeu. Organizações de direitos humanos documentaram práticas como a confisc ação de passaportes, retenção de salários e vigilância dos médicos, o que limita sua liberdade e direitos trabalhistas.

Como justifica o governo cubano as condições de suas missões médicas?

O governo cubano afirma que as missões médicas são uma forma de cooperação internacional semelhante à das agências da ONU e de outros países. Segundo o vice-chanceler Carlos Fernández de Cossío, os médicos recebem seu salário completo em Cuba e um estipêndio no país de destino. No entanto, essas afirmações são contraditórias com as denúncias de exploração e controle estatal sobre os médicos.

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