Mais de 105 milhões USD para o regime: A polêmica cresce no México sobre médicos cubanos

O pagamento milionário do México por médicos cubanos reaviva denúncias de trabalho forçado e financiamento ao regime, em meio a críticas dos EUA e de organismos internacionais.

Atenção à saúde no México (Imagem de referência)Foto © Captura YouTube / El Universal

O governo mexicano destinou mais de 2 mil 19 milhões de pesos mexicanos, equivalentes a mais de 105 milhões de dólares americanos, para a manutenção, distribuição e contratação de médicos cubanos em seu território, entre 2022 e 2025.

Os fundos foram canalizados através do programa IMSS-Bienestar, no âmbito de um acordo bilateral com o regime cubano, o que muitos consideram uma forma indireta de financiamento do governo de Havana por parte do México.

Segundo revelou El Universal, a partir de uma solicitação de informação oficial e documentos disponíveis na plataforma Compras MX, o dinheiro foi entregue tanto em moeda nacional quanto em euros a empresas mexicanas e cubanas, incluindo a estatal Comercializadora de Serviços Cubanos, S.A., como contraprestação pelos serviços médicos.

Do total, pelo menos 472 milhões de pesos foram pagos a essa empresa cubana entre julho de 2022 e dezembro de 2023. O pagamento, efetuado integralmente em euros, equivale a mais de 23 milhões, distribuídos em três convênios.

A mesma pesquisa revelou que o IMSS-Bienestar desconhece quanto do dinheiro realmente chega às mãos dos profissionais de saúde, que são classificados como “colaboradores externos” e não como empregados diretos, o que gerou questionamentos sobre a opacidade do programa.

Os contratos também incluem pagamentos milionários a empresas mexicanas pelo alojamento, transporte e alimentação dos brigadistas cubanos. Apenas entre abril e maio de 2025, o IMSS-Bienestar pagou mais de 1,274 milhões de pesos a cinco empresas mexicanas pela logística integral dos médicos.

As condições incluem alojamento com eletrodomésticos, dieta especial três vezes ao dia e transporte permanente com motorista, além de atendimento 24/7 para facilitar qualquer gestão ou traslado adicional.

No total, os médicos foram distribuídos em pelo menos 24 estados mexicanos, entre eles Chiapas, Veracruz, Guerrero, Sonora, Yucatán, Oaxaca e outros.

O número de "colaboradores externos" pode chegar a até 4.845 profissionais, de acordo com os anexos técnicos dos contratos. Até agora, foi oficialmente reportada a presença de pelo menos 809 médicos cubanos implantados em território mexicano, conforme os documentos citados por El Universal.

Os contratos vigentes cobrem períodos até o final de outubro de 2024 e maio de 2025, o que indica que a colaboração continuará, pelo menos, durante o atual governo mexicano.

Esta revelação ocorre poucas semanas depois de os Estados Unidos imporem restrições de visto a funcionários centro-americanos ligados a esses programas, por considerarem que promovem a exploração laboral sob a fachada de cooperação médica. Washington denunciou que o regime cubano utiliza esses convênios como sua principal fonte de divisas, enquanto restringe a autonomia e o salário real dos trabalhadores exportados.

Além das críticas vindas de Washington, organismos internacionais como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) solicitaram à OEA informações sobre essas missões médicas, apontando preocupações com possíveis violações dos direitos trabalhistas e humanos.

Há apenas alguns dias, a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, defendeu a legitimidade do programa de contratação de médicos cubanos através do qual foram transferidos milhões de dólares ao regime de Miguel Díaz-Canel.

A presidenta reiterou seu compromisso com a cooperação sanitária que mantém com a ditadura de Havana, apesar das sanções anunciadas pelo governo dos Estados Unidos contra funcionários centro-americanos vinculados ao programa de exportação de médicos cubanos.

Há um contrato para que médicos cubanos ajudem a população no México. Não vemos nenhum problema nisso”, afirmou a mandatária em coletiva de imprensa.

Em contraposição, o governo das Bahamas optou por um modelo que evita beneficiar o regime cubano. Após conversas com os Estados Unidos, anunciou a cancelamento dos contratos estatais com brigadas médicas cubanas e propôs, em seu lugar, acordos de trabalho diretos com os profissionais de saúde que desejam permanecer no país.

Segundo explicou o ministro da Saúde, Michael Darville, aqueles que não aceitarem essa nova modalidade terão tempo para organizar seu retorno a Cuba.

Perguntas frequentes sobre os médicos cubanos no México e seu impacto

Quanto o México pagou pelos médicos cubanos?

O México pagou mais de 105 milhões de dólares americanos ao regime cubano pela contratação de médicos cubanos através do programa IMSS-Bienestar, entre 2022 e 2025. Essa soma tem sido alvo de críticas por ser considerada uma forma indireta de financiamento ao governo cubano.

Como a presença de médicos cubanos afeta os estudantes de medicina no México?

A chegada de médicos cubanos tem gerado inquietação nas faculdades de medicina do México, como em San Luis Potosí, onde se apontou que a presença desses médicos afeta a distribuição de espaços destinados ao serviço social dos estudantes. Isso levou a uma redução nas oportunidades para os estagiários e a questionamentos sobre a qualidade de formação dos médicos cubanos.

Qual é a postura dos Estados Unidos sobre as missões médicas cubanas?

Os Estados Unidos denunciou que as missões médicas cubanas são uma forma de exploração do trabalho e tráfico de pessoas. O regime cubano obtém mais de 4,900 milhões de dólares por ano com essas missões, enquanto restringe a autonomia e o salário dos médicos. Washington impôs restrições de visto a funcionários relacionados a esses programas.

Por que o México continua contratando médicos cubanos apesar das críticas?

A presidenta do México, Claudia Sheinbaum, defendeu a legitimidade do programa de contratação de médicos cubanos, afirmando que não vê nenhum problema em que os médicos cubanos ajudem a população no México. Apesar das sanções anunciadas pelos Estados Unidos, o governo mexicano mantém seu compromisso com a cooperação sanitária com Cuba.

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