O jornalista Mario J. Pentón, da Martí Notícias, e o ativista Magdiel Jorge Castro expuseram neste fim de semana a verdadeira identidade dos supostos cidadãos "espontâneos" que confrontaram o Encarregado de Negócios dos Estados Unidos em Cuba, Mike Hammer, durante um passeio por Varadero.
O que o regime tentou apresentar como uma cena casual foi, na verdade, outro episódio grosseiramente orquestrado dentro de sua campanha de hostilização contra o diplomata americano.
Pentón identificou o homem como Ricardo Roberto Figueredo Arce, conhecido em Varadero como "Figueredo", e sua esposa, Marta López Díaz.
"Este casal de idosos tem um longo histórico de proximidade com o regime cubano", explicou o repórter, acrescentando que ambos estiveram intimamente ligados às estruturas repressivas de base.
Figueredo é cidadão americano, nascido em 1947 no estado da Geórgia, o que não tem sido um obstáculo para sua "atividade" de defesa do comunismo ferrenho. Sua esposa tem sido durante anos a presidenta do Comitê de Defesa da Revolução em seu bairro.
Vizinhos de Varadero se comunicaram rapidamente com Pentón para denunciar que ambos são amplamente repudiados na comunidade por seus vínculos com o regime e sua participação em atos políticos organizados pelo governo.
"Ambos extremamente comunistas, com toda a sua família já nos Estados Unidos", disse Pentón, apontando um dado irônico: Como cidadão norte-americano, Figueredo viaja frequentemente e voltou a Cuba apenas em março passado, vindo de Tampa.
Por sua vez, Magdiel Jorge Castro compartiu no Facebook um vídeo de 2023 onde se vê Figueredo recebendo um diploma como "cederista destacado" em um ato oficialista, com a presença de Elián González.
"Vocês se lembram do senhor que confrontou o Chefe da Missão dos EUA durante uma visita a Varadero? Vejam-no aqui recebendo um diploma", escreveu o ativista, confirmando assim o caráter fabricado do suposto "encontro" com Hammer.
O incidente ocorreu enquanto o diplomata fazia uma visita privada a Varadero com sua família.
Foi abordado por um grupo de três ou quatro pessoas que, sob a aparência de transeuntes comuns, o interpelaram com perguntas sobre o embargo e a política de seu governo em relação a Cuba. Uma câmera apareceu imediatamente para gravar a troca, o que não deixou dúvidas sobre a encenação.
Durante o breve diálogo, um dos provocadores exclamou: "O povo cubano, em geral, já decidiu! E decidiu pela Revolução!", ao que Hammer respondeu com calma: "E os que nasceram depois de 59?". Em seguida, decidiu se retirar, sem perder a cortesia diplomática.
O vídeo foi divulgado pela conta ligada ao Ministério do Interior "La Tía Carmen", uma porta-voz habitual do aparato de propaganda.
O conteúdo tentou desacreditar o funcionário, tachá-lo de intervencionista e apresentar sua visita como ilegal sob as regulamentações do embargo, enquanto zombavam de seus comentários sobre a presença de turistas russos na área.
El próprio Hammer reagiu ao incidente com ironia em um vídeo publicado pela sede diplomática: "Deixa eu contar que se aproximou um casal mais velho que queria criticar as políticas dos EUA, que, bem, é o direito deles, não é? O curioso é que alguém se aproximou imediatamente para filmar tudo. Então, não sei se isso estava armado. Vocês sabem melhor do que eu".
Este episódio se soma a outro ocorrido no início de junho no ferry de Regla, onde foi abordado por agentes da Segurança do Estado disfarçados de civis. Lá também foi gravada a cena e divulgada por canais oficialistas, como parte da mesma estratégia de assédio.
Desde sua chegada a Havana em 2023, Mike Hammer adotou uma posição firme a favor das liberdades fundamentais em Cuba.
Denunciou a repressão contra ativistas, jornalistas e opositores, e demonstrou proximidade com a sociedade civil em suas visitas por várias províncias do país.
Recentemente, visitou Bejucal, Artemisa, San Antonio de los Baños, Santiago de Cuba, Camagüey, Villa Clara e Mayabeque, encontrando-se com voluntários, idosos e jovens ligados à Igreja Católica.
A hostilidade do regime em relação a ele vem crescendo. No dia 25 de maio, Lis Cuesta, esposa de Miguel Díaz-Canel, o chamou de "descarado" nas redes sociais, afirmando que "não se classifica nem como um inimigo de calibre".
A campanha orquestrada contra o diplomata americano não apenas evidencia o temor do regime em relação à sua crescente popularidade entre os cubanos, mas também o grau de cinismo ao qual estão dispostos a recorrer: usar um casal de ativistas do regime - incluindo um cidadão americano - para fingir apoio popular e montar um ato de repúdio diante das câmeras.
Como muitos usuários comentaram nas redes, “não tenho provas de que foi tudo um montagem, mas também não tenho dúvidas”.
Perguntas frequentes sobre o incidente com Mike Hammer em Varadero e o assédio do regime cubano
Quem são as pessoas que confrontaram Mike Hammer em Varadero?
As pessoas que confrontaram Mike Hammer em Varadero foram identificadas como Ricardo Roberto Figueredo Arce e sua esposa Marta López Díaz. Ambos têm vínculos conhecidos com o regime cubano e participaram de atos políticos organizados pelo governo. Figueredo, apesar de ser cidadão americano, é um defensor do comunismo e sua esposa liderou o Comitê de Defesa da Revolução em seu bairro.
Por que se considera que o encontro com Hammer foi uma montagem?
O encontro com Hammer foi considerado uma encenação porque foi orquestrado para aparentar uma troca espontânea com cidadãos comuns, mas foi gravado imediatamente por uma câmera. As pessoas envolvidas já tinham vínculos com o regime e o vídeo foi utilizado por meios oficiais para desacreditar o diplomata americano. Esse tipo de tática tem sido utilizado em outros casos para hostilizar Hammer.
Como tem reagido Mike Hammer a essas provocações do regime cubano?
Mike Hammer respondeu às provocações do regime cubano com calma e diplomacia. Em suas declarações, expôs a situação como uma tentativa de hostilização e continuou com sua agenda de contato direto com a sociedade civil cubana. Apesar da vigilância e das provocações, Hammer segue promovendo valores democráticos e defendendo seu direito de interagir com os cidadãos cubanos.
Qual é a postura do governo cubano em relação às ações de Mike Hammer?
O governo cubano intensificou seus ataques contra Mike Hammer, acusando-o de ingerência e de tentar desestabilizar o país. Através de declarações oficiais e campanhas nas redes sociais, o regime tem buscado desacreditar o diplomata americano, qualificando suas ações como parte de uma estratégia de guerra híbrida. No entanto, Hammer tem mantido seu foco em evidenciar a realidade do povo cubano.
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