Trump continua transferindo imigrantes para Guantânamo, agora de mais países

A administração Trump ampliou o uso da base de Guantánamo como um centro migratório, incorporando detidos da Ásia, África, Europa e do Caribe em sua política de deportação em massa.

Base naval de GuantánamoFoto © X / @Sec_Noem

A base naval de Guantánamo continua sendo utilizada pela administração de Donald Trump como um centro de detenção para migrantes, e agora com uma expansão significativa do perfil dos detidos.

Segundo documentos internos do governo dos Estados Unidos obtidos pela CBS News, recentemente foram transferidos para Guantánamo imigrantes de países tão diversos como China, Jamaica, Libéria e o Reino Unido, ampliando o grupo além dos latino-americanos que haviam sido detidos anteriormente.

Atualmente, há 54 migrantes recluídos no enclave: 41 na prisão de segurança Camp VI e 13 no Centro de Operações para Migrantes.

Funcionários federais indicaram à CBS News que a maioria dos transferidos é catalogada como “de alto risco”, uma categoria que inclui antecedentes criminais graves ou supostos vínculos com gangues.

No entanto, a mesma pesquisa revelou que também há detidos "de baixo risco", sem histórico criminal, além de seu status migratório.

Guantánamo tornou-se uma peça chave na estratégia de deportação do atual governo dos Estados Unidos, que tem enfrentado críticas por usar instalações polêmicas como medida de dissuasão migratória.

A base, historicamente associada a detenções indefinidas por terrorismo e a denúncias de tortura, agora abriga migrantes de pelo menos quatro continentes.

Não está claro por que o governo decidiu enviar pessoas de regiões como Ásia, África e Europa para Guantánamo, embora se suspeite que a saturação do sistema de detenção migratória dentro do território estadunidense esteja por trás da medida, ressaltou a fonte citada.

Em maio, um memorando oficial revelado pela imprensa mostrou que o critério para selecionar quem seria enviado a Guantánamo não incluía necessariamente histórico criminal, apesar de o presidente Trump ter afirmado publicamente que apenas seriam trasladados “os piores”.

A política gerou fortes críticas de organizações de direitos civis que questionam a legalidade de manter detidos fora do território dos Estados Unidos e sem acesso garantido à proteção legal, especialmente em um centro como Guantánamo, que tem sido objeto de denúncias por abusos durante duas décadas.

O uso da base se junta a outras decisões recentes do governo: em março, mais de 200 venezuelanos acusados de pandonismo foram transferidos para El Salvador e encarcerados na penitenciária de máxima segurança CECOT.

Além disso, Trump inaugurou nesta terça-feira um novo centro de detenção migratória nos Everglades, na Flórida, apelidado de “Alcatraz do Pântano”.

O Departamento de Defesa informou ao Congresso que, até abril deste ano, haviam sido gastos 21 milhões de dólares em voos de traslado para Guantánamo, com um custo superior a 26.000 dólares por hora de voo.

Durante meses, a administração de Donald Trump tem reformulado sua política migratória com medidas cada vez mais restritivas e polêmicas. No início de 2025, foi descartada a possibilidade de acolher imigrantes em tendas por ser considerada uma solução insustentável diante do colapso do sistema de detenção.

Em vez disso, a estratégia tomou um rumo em direção à reutilização de instalações de alto perfil. Em março foram retirados temporariamente os últimos imigrantes de Guantánamo, mas a medida foi apenas um interlúdio dentro de um plano mais amplo de reorganização operacional.

Para abril, a mudança era evidente. A administração admitiu ter gasto mais de 40 milhões de dólares em operações para aprisionar e transferir migrantes, priorizando instalações militares e centros extraterritoriais.

Em junho, as intenções ficaram ainda mais claras. Trump propôs enviar até cidadãos europeus para Guantánamo, ampliando o perfil dos detidos além dos provenientes da América Latina e do Caribe.

Esse mesmo mês, o Tribunal Supremo dos Estados Unidos aprovou o uso da base naval como centro de detenção migratória, permitindo a Trump retomar e escalar uma política que agora inclui pessoas de quatro continentes e reativou antigas controvérsias legais em torno dos direitos civis e das detenções extraterritoriais.

Perguntas frequentes sobre o uso da Base de Guantánamo para a detenção de imigrantes

Por que o governo de Trump utiliza a Base de Guantánamo para deter imigrantes?

O governo Trump utiliza a Base de Guantánamo para aliviar a saturação dos centros de detenção nos EUA. Além disso, busca dissuadir a migração irregular ao empregar um local historicamente associado à detenção de terroristas. A base foi selecionada por sua capacidade de acolher um grande número de detidos e pelas dificuldades logísticas que apresenta para a fuga ou o acesso não autorizado.

Que tipo de imigrantes estão sendo enviados para Guantánamo?

De acordo com os documentos do governo, enviam-se imigrantes classificados como de "alto risco" e também aqueles sem antecedentes criminais sérios. A maioria desses imigrantes é considerada de alto risco devido a supostos vínculos com gangues ou antecedentes criminais, embora também tenham sido transferidas pessoas de baixo risco simplesmente devido ao seu status migratório.

Quais são as críticas à política de detenção de imigrantes em Guantánamo?

As críticas se concentram na legalidade e nas condições de detenção em Guantânamo, uma vez que os imigrantes são mantidos fora do território americano sem acesso garantido à proteção legal. Organizações de direitos humanos denunciaram a falta de transparência e o tratamento desumano, além de questionar o uso de um local associado a torturas e detenções indefinidas.

Quanto custa manter imigrantes na Base de Guantánamo?

O custo de manter imigrantes em Guantánamo é extremamente alto, chegando a até 26.000 dólares por hora de voo para transferências e estimativas de até 100.000 dólares diários por detido. Esses números foram criticados como um desperdício de recursos, especialmente considerando o isolamento e as complicações logísticas da base.

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