Régimen tenta recuperar a produção de café em Guantánamo com a ajuda de um projeto espanhol

O projeto Innova Café Guantánamo, financiado pela Agência Andaluza de Cooperação Internacional, da Espanha, busca melhorar a produção de café na província oriental por meio de energias renováveis e eficiência no processo, após anos de declínio.

Mulher colhe café em Cuba (imagem de referência)Foto © Granma/José Llamos Camejo

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Em uma tentativa de conter a grave crise na produção de café em Guantánamo, o regime cubano busca “soluções sustentáveis” por meio de um projeto de colaboração financiado pela Agência Andaluza de Cooperação Internacional, da Espanha.

Innova Café Guantánamo, um programa iniciado este ano pelo Centro de Aplicações Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável (Catedes), da província oriental, e pela ONG espanhola Solidaridad para el Desarrollo de la Paz (Sodepaz) visa “transformar a cadeia de valor do café por meio da implementação de fontes renováveis de energia e melhorar sua eficiência”, conforme informou o jornal oficial Venceremos.

O projeto, com orçamento da agência da Andaluzia, terá duração de dois anos (até janeiro de 2027), embora esteja previsto a possibilidade de estendê-lo por mais um ano, para “o acompanhamento e a busca de soluções sustentáveis para a situação atual da produção cafeeira da província mais oriental de Cuba”.

Inicialmente, será implementado em San Antonio del Sur, Maisí, Yateras, Guantánamo e El Salvador, mas será ampliado para os oito municípios onde se produz café na província oriental, com o objetivo de “melhorar a qualidade do grão e os processos industriais, especialmente diante dos atuais problemas de fornecimento elétrico”, disse Zadierick Hernández, especialista da Catedes.

A funcionária explicou que será feito um diagnóstico de “toda a cadeia produtiva - desde o produtor e o cultivo até a exportação - para identificar pontos chave onde implementar energias renováveis e será priorizada a energia solar pela sua disponibilidade, embora não descartem pequenas hidrelétricas ou sistemas eólicos onde sejam viáveis”.

A Innova Café Guantánamo pretende obter “benefícios imediatos”, entre os quais, “maior estabilidade no processamento do grão” por meio de secadores solares e aquecedores, além de reduzir a contaminação ambiental por resíduos e reutilizá-los para contribuir com a economia circular.

O projeto também busca gerar novas fontes de renda com a comercialização de subprodutos, como as cascas prensadas, que substituem a lenha tradicional na cocção de alimentos.

A representante da Sodepaz em Cuba, Patricia Franco Rodríguez, disse que o diagnóstico inicial servirá de base para futuras fases do projeto, fortalecer a produção do grão e sustentar outras iniciativas, como Prode Café ou Más Café.

Acrescentou que “a conexão com a Andaluzia se concretizará em atividades de divulgação sobre o café guantanamero” e sua venda por meio de redes de “comércio justo”.

“A Espanha é uma consumidora de café cubano e com este projeto chegará com melhor qualidade, será um melhor produto”, assegurou, o que leva a supor que parte do café obtido durante a realização do programa não terá como destino o consumidor cubano, mas sim a exportação.

Pero essa não é uma novidade para os cubanos, que há anos sofrendo com a escassez e baixa qualidade do café, que o governo lhes vende de forma racionada e se tornou um dos produtos mais “exóticos” para a população, em um país que chegou a estar entre os principais produtores do grão no mundo.

O cultivo de café foi introduzido em Cuba em meados do século XVIII, com sementes importadas de cafezais do Haiti. A ilha chegou a produzir na década de 1950 mais de 60.000 toneladas por ano. No entanto, em 2021, colheu apenas 11.500 toneladas, das quais exportou 1.365, segundo dados oficiais.

A produção de café colapsou no país, que depende em boa medida da importação para atender à demanda nacional. No entanto, o regime tem demonstrado incapacidade de garantir ao menos a venda regulamentada do café à população, por meio da chamada “cesta básica”, acumulando mês após mês atrasos em sua distribuição.

A província de Guantánamo, uma das principais produtoras de café na ilha, não cumpriu a colheita de 2023, alcançando apenas 79% do plano. Mas o descalabro continuou no ano passado, quando a produção diminuiu em cerca de 63 toneladas, de acordo com um relatório do jornal Venceremos.

As autoridades da província estimavam em setembro de 2024 que a colheita deveria render 1.172 toneladas de café ouro, 606 da variedade arábica e 566 da robusta, com destino à exportação.

No entanto, em outubro, as plantações de cafeeiros de Maisí, o maior produtor do grão em Guantánamo, foram devastadas pelo impacto do potente furacão Oscar. Como resultado, cerca de 75.000 latas de café foram perdidas.

Perguntas frequentes sobre o projeto Innova Café Guantánamo e a crise cafeeira em Cuba

O que é o projeto Innova Café Guantánamo?

Innova Café Guantánamo é um projeto de colaboração financiado pela Agência Andaluza de Cooperação Internacional, em conjunto com a ONG Sodepaz e o Centro de Aplicações Tecnológicas para o Desenvolvimento Sustentável (Catedes). Seu objetivo é transformar a cadeia de valor do café em Guantánamo por meio do uso de fontes renováveis de energia, melhorar a eficiência da produção e aumentar a qualidade do grão.

Qual é o objetivo principal do Innova Café Guantánamo?

O objetivo principal do projeto é melhorar a qualidade do café e os processos industriais em Guantánamo por meio da implementação de energias renováveis, como a solar, com o intuito de alcançar uma produção mais estável e sustentável, apesar dos atuais problemas elétricos.

Qual é o impacto dos cortes de eletricidade na produção de café em Cuba?

Os problemas elétricos afetam gravemente a produção de café em Cuba, pois limitam os processos industriais necessários para o processamento do grão. O projeto Innova Café busca mitigar esses impactos por meio do uso de energias renováveis, garantindo uma produção mais eficiente e estável.

Como tem sido a produção de café em Cuba nos últimos anos?

A produção de café em Cuba diminuiu significativamente. Nos anos 50, Cuba produzia mais de 60.000 toneladas anuais, mas em 2021 colheu apenas 11.500 toneladas. Essa diminuição se deve a múltiplos fatores, incluindo problemas econômicos, climáticos e de gestão do governo, o que levou o país a depender de importações para satisfazer a demanda interna.

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