O governo cubano celebra a conexão de seis parques solares em março, mas os apagões persistem

Os seis parques previstos para março já estão sincronizados ao sistema nacional. No entanto, os apagões continuam, e as próprias autoridades do regime admitem que a geração solar não resolverá completamente o déficit elétrico.

Parque fotovoltaico (Imagem de referência)Foto © Granma

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O governo cubano celebrou a conexão de seis novos parques fotovoltaicos ao Sistema Elétrico Nacional (SEN) como parte de seu plano para impulsionar as energias renováveis e mitigar a grave crise energética que o país enfrenta.

Através da rede social X, o ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, anunciou que os seis parques previstos para março já estão sincronizados ao sistema nacional.

Trata-se dos localizados em La Sabana (Granma); Mango Dulce (Artemisa); Remedios (Villa Clara); La Corúa (Holguín); Jovellanos (Matanzas) e Ciego Norte (Ciego de Ávila)

Con seu clássico tom triunfalista, o governante Miguel Díaz-Canel classificou o fato como “uma grande notícia, fruto do esforço de engenheiros, técnicos, trabalhadores, de todo um povo” e assegurou que se trata de uma das obras mais importantes dos últimos anos. “Continuamos avançando em todas as frentes para recuperar o Sistema Electroenergético Nacional”, acrescentou.

No entanto, os apagões continuam, e as próprias autoridades admitem que a geração solar não resolverá completamente o déficit elétrico.

Um avanço limitado diante de um problema estrutural

Apesar do entusiasmo oficial, as próprias autoridades reconhecem que nem mesmo a incorporação de 1.000 megawatts (MW) de energia solar projetada para 2025 eliminará os apagões.

Em declarações recentes ao jornal Granma, o ministro Vicente de la O Levy explicou que, embora sejam instalados os mil MW, o déficit não desaparecerá completamente, uma vez que uma parte significativa do problema reside na falta de combustível.

“Vão ficar 500 MW de déficit se instalarmos 1.000 MW solares? Pois não, porque dos 1.500 MW de déficit, houve dias em que 1.000 MW foram por combustível”, detalhou.

Além disso, essa medida vem acompanhada de uma limitação importante: a falta de baterias para armazenar a eletricidade gerada, o que significa que a energia solar só poderá ser utilizada em tempo real, durante o dia, sem possibilidade de atender à demanda noturna, quando ocorre o maior consumo.

A crise energética cubana tem causas estruturais profundas, com termelétricas obsoletas, muitas com mais de 40 anos de operação, sem a manutenção adequada.

Além disso, outras causas são o colapso da produção nacional de petróleo, sem investimentos para novos poços ou para a manutenção dos já existentes; e a falta de infraestrutura moderna para transportar e refinar o petróleo bruto.

O próprio ministro admitiu que, mesmo que todas as usinas estivessem operacionais, o país não possui petróleo nacional suficiente para alimentá-las.

Promessas verdes diante da realidade sombria

O plano do governo contempla a construção de meia centena de parques solares distribuídos por toda a ilha, com o objetivo de diversificar a matriz energética e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis. No entanto, na prática, a energia solar ainda representa uma fração do total necessário para garantir o fornecimento elétrico nacional em meio às reiteradas promessas.

Enquanto isso, os apagões continuam afetando diariamente milhões de cubanos, tanto em áreas urbanas quanto rurais, impactando a economia doméstica, a atividade produtiva e a vida cotidiana.

Perguntas frequentes sobre a crise energética e a energia solar em Cuba

Qual é o impacto real dos novos parques solares na crise energética de Cuba?

Os novos parques solares não resolverão completamente a crise energética em Cuba. Embora a instalação de seis novos parques fotovoltaicos adicione capacidade ao Sistema Elétrico Nacional, o déficit elétrico persiste devido a problemas estruturais, como a falta de combustível e o mau estado das termoelétricas. A geração solar é insuficiente para cobrir o déficit total, especialmente durante a noite, pois não há baterias para armazenar a energia gerada durante o dia.

Por que o governo cubano aposta na energia solar?

O governo cubano promove a energia solar como parte de um plano para diversificar a matriz energética e reduzir a dependência de combustíveis fósseis. No entanto, essa estratégia também é vista como uma resposta à falta de recursos para manter as termelétricas obsoletas e à queda na produção nacional de petróleo. Apesar das promessas, o desenvolvimento das energias renováveis ainda enfrenta limitações significativas, como a falta de infraestrutura de armazenamento.

Quais limitações enfrenta o sistema de energia solar em Cuba?

O sistema de energia solar em Cuba enfrenta a crítica limitação da falta de baterias para armazenar a eletricidade gerada. Isso significa que a energia solar só pode ser utilizada em tempo real, durante o dia, sem possibilidade de cobrir a demanda noturna quando o consumo é maior. Essa carência afeta a efetividade dos parques solares para mitigar os apagões noturnos.

Quais são os principais obstáculos no sistema elétrico cubano?

O sistema elétrico cubano está afetado por termelétricas obsoletas, falta de combustível e manutenção inadequada. Essas dificuldades levaram ao colapso do Sistema Elétrico Nacional, com um déficit de geração que supera os 1.500 MW em horários de pico. A infraestrutura envelhecida e o baixo investimento em tecnologia e manutenção agravam a situação, tornando as soluções de curto prazo, como os parques solares, apenas paliativos insuficientes.

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Equipe Editorial da CiberCuba

Uma equipe de jornalistas comprometidos em informar sobre a atualidade cubana e temas de interesse global. No CiberCuba, trabalhamos para oferecer notícias verídicas e análises críticas.

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