O governo dos Estados Unidos suspendeu praticamente toda a sua assistência externa a nível global.
Com esta decisão, os Estados Unidos colocam em pausa programas que representam aproximadamente 1% do orçamento federal, mas que têm um impacto crucial em milhões de pessoas em todo o mundo.
El secretario de Estado, Marco Rubio, comunicou a diretiva nesta sexta-feira através de um telegrama enviado às missões diplomáticas dos Estados Unidos, no qual se instrui a suspensão imediata de novos compromissos e desembolsos de ajuda externa.
A medida segue uma ordem executiva do presidente Donald Trump, emitida na segunda-feira, que estabelece um período de revisão de 90 dias para avaliar a coerência e eficácia dos programas de ajuda com a política externa de sua administração.
A diretiva afeta projetos em áreas como saúde, educação, desenvolvimento, segurança e combate à corrupção, entre outros.
Rubio ordenou que os fundos de ajuda externa geridos pelo Departamento de Estado e pela USAID sejam executados apenas com sua autorização direta ou a de seu designado.
A ajuda militar direcionada a Israel e Egito foi excluída da suspensão. Israel recebe aproximadamente 3,300 milhões anualmente e Egito cerca de 1,500 milhões.
Também se permitiu a continuidade da "assistência alimentar de emergência" e o pagamento de salários para o pessoal americano e local encarregado de executar tais programas.
Dentro de 85 dias, o Departamento de Estado deverá entregar um relatório ao secretário Rubio, que apresentará suas recomendações ao presidente Trump sobre o futuro dos programas.
O futuro da ajuda à Ucrânia
Um dos pontos que mais interrogantes gerou é o impacto da congelamento na ajuda à Ucrânia, um país que recebeu um apoio significativo por parte dos Estados Unidos nos últimos anos.
A diretiva emitida por Rubio não menciona especificamente a Ucrânia, o que deixa em aberto o futuro dos fundos alocados para este país.
Atualmente, ainda há aproximadamente 3,850 bilhões em ajuda militar autorizada pelo Congresso para a Ucrânia, destinados a futuros envios de armas.
No entanto, o gasto desses fundos agora está sujeito à revisão anunciada pela administração Trump. A suspensão levanta dúvidas sobre se essa assistência continuará ou será reduzida no âmbito da nova política.
Um funcionário apontou que interromper a ajuda à Ucrânia seria contraproducente, dado que programas relacionados com a segurança e a estabilidade europeia também são de interesse estratégico para os Estados Unidos.
“Garantir que não haja conflitos desestabilizadores na Europa é do nosso interesse”, afirmou.
Essa incerteza ocorre em um contexto onde a administração de Joe Biden, antes de deixar o cargo, aumentou o apoio à Ucrânia devido às dúvidas sobre se Trump continuaria priorizando essa assistência.
Por enquanto, o futuro dos envios de armas e outros programas de apoio à Ucrânia está nas mãos do presidente e na revisão de 90 dias.
Nos próximos 30 dias, serão definidos os padrões para avaliar os programas de ajuda.
Segundo Abby Maxman, diretora da Oxfam América, a suspensão "poderia ter consequências de vida ou morte" para crianças e famílias vulneráveis ao redor do mundo.
Um funcionário humanitário qualificou a medida como "tão ruim quanto pode ser" e destacou que isso poderia afetar significativamente necessidades urgentes, como a saúde global e a estabilidade em regiões conflituosas.
A administração Trump justifica o congelamento da ajuda externa alegando que muitos desses programas não estão "alinhados com os interesses americanos e, em muitos casos, são antitéticos aos valores americanos".
Além disso, busca garantir que as atribuições sejam eficazes, não duplicadas e coerentes com a política externa do presidente.
Por sua parte, o representante republicano Brian Mast, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, prometeu questionar "cada dólar e cada diplomata" no orçamento do Departamento de Estado para atender a padrões mais rigorosos de eficiência.
Controvérsias e críticas internacionais
A decisão gerou fortes reações. As Nações Unidas manifestaram sua preocupação com o impacto dessa congelamento nos programas de desenvolvimento.
O porta-voz adjunto Farhan Haq afirmou que, embora se trate de decisões bilaterais, "esperamos que aquelas nações que têm a capacidade de financiar generosamente a assistência ao desenvolvimento o façam".
Desde o Congresso dos Estados Unidos, o líder democrata Chuck Schumer criticou a medida, qualificando-a de "inconstitucional" e apontando que poderia ser um desafio legal.
O secretário de Estado, recentemente confirmado em seu cargo pelo Senado, realizará sua primeira viagem oficial ao exterior na próxima semana.
Entre os destinos estão países da América Central, como Panamá, Guatemala, El Salvador, Costa Rica e República Dominicana, onde serão abordados temas relacionados à cooperação regional e ao desenvolvimento.
Perguntas frequentes sobre a suspensão da ajuda externa dos Estados Unidos
Por que os Estados Unidos suspenderam sua assistência externa?
A suspensão da assistência externa dos Estados Unidos foi ordenada pelo Secretário de Estado, Marco Rubio, como parte de uma revisão de 90 dias para avaliar a coerência e eficácia dos programas de ajuda com a política externa da administração de Donald Trump. Esta medida busca garantir que a ajuda externa esteja alinhada com os interesses e valores americanos.
Quais programas de ajuda externa serão afetados por esta diretiva?
A diretiva afeta projetos em áreas como saúde, educação, desenvolvimento, segurança e combate à corrupção. No entanto, a ajuda militar a Israel e Egito, bem como a assistência alimentar de emergência, não serão afetadas.
Como essa decisão afeta a ajuda dos Estados Unidos à Ucrânia?
A diretiva não menciona especificamente a Ucrânia, portanto, o futuro dos fundos alocados a este país permanece incerto. Atualmente, há 3.850 milhões em ajuda militar autorizada para a Ucrânia, mas seu desembolso está sujeito à revisão de 90 dias anunciada pela administração Trump.
Quais são as reações internacionais diante da suspensão da ajuda externa dos EUA?
A suspensão gerou fortes reações a nível internacional. As Nações Unidas expressaram sua preocupação pelo impacto nos programas de desenvolvimento, e líderes políticos nos Estados Unidos criticaram a medida por considerá-la inconstitucional.
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