Daymé Arocena: "Cuba é um país com um fardo de repressão e ditadura"

Também refletiu sobre as dificuldades que os músicos cubanos enfrentam no exílio, ao ressaltar que o sucesso na ilha não garante uma transição fácil para a indústria internacional.

Cantora cubana Daymé ArocenaFoto © Instagram/Daymé Arocena

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A renomada cantora cubana Daymé Arocena fez declarações contundentes em uma entrevista exclusiva com BBC Mundo a partir de Miami, onde abordou temas como a repressão em Cuba, o racismo e os desafios enfrentados pelos artistas exilados.

Arocena destacou a situação dos manifestantes de 11 de julho de 2021 (11J): “Cuba é um país com um fardo de repressão e ditadura”, disse, acrescentando que a maioria dos que ainda permanecem na prisão são pessoas negras, enquanto muitos manifestantes brancos conseguiram se exilar.

Neste contexto, mencionou figuras como o rapper e ativista Maykel Osorbo, que cumpre uma pena de oito anos de prisão apesar de ter sido agraciado com um Latin Grammy pela canção Patria e Vida, e ao artista visual Luis Manuel Otero Alcántara, também encarcerado.

Sobre sua saída da ilha, Arocena relatou seu choque com a realidade de não poder questionar nem compreender a situação em seu próprio país. "Fiquei assustada, me senti encurralada e fui embora", confessou.

A artista comparou a experiência a uma viagem no tempo: "Sair de Cuba é como entrar em uma máquina do tempo. Sair dos anos 60 e embarcar diretamente em 2024".

Arocena também refletiu sobre as dificuldades que os músicos cubanos enfrentam no exílio, ao salientar que o sucesso na ilha não garante uma transição fácil para a indústria internacional.

"Não têm a humildade de deixar de lado o que eram em Cuba e entender que aqui são bebês", afirmou para destacar a necessidade de adaptação e aprendizado em um novo ambiente.

Apesar dos desafios, a artista afirmou que encontrou apoio em diferentes comunidades e que, embora já não sinta pertencimento a um único lugar, continua em um processo de crescimento e descoberta.

Profeta fora de sua terra

Em setembro de 2024, uma semana depois de saber que foi nominada ao Latin Grammy na categoria de Canção do Ano, Arocena destacou que em seu país nunca teve reconhecimento nem ajuda.

"Em Cuba, nunca ganhei nem um Lucas", explicou daquela vez. "Uma nomeação ao Grammy é um fio de esperança. Cada músico cubano que consegue visibilidade na indústria traz esperança para aqueles que estão chegando e batalhando."

Em maio de 2023, a cantora lançou uma música intitulada "Para mover los pies", que fala sobre o exílio, a liberdade e contra a repressão em Cuba, pouco depois das manifestações em Caimanera, Guantánamo.

Perguntas frequentes sobre Daymé Arocena e a situação em Cuba

Por que Daymé Arocena qualifica Cuba como um país com um fardo de repressão e ditadura?

Daymé Arocena qualifica Cuba desta maneira devido à repressão e falta de liberdades que, segundo ela, caracterizam o regime cubano. Em sua entrevista com a BBC Mundo, destacou que muitos manifestantes do 11 de julho de 2021, especialmente os de raça negra, continuam encarcerados, refletindo um sistema opressivo que limita a expressão e os direitos humanos.

Como tem sido a experiência de Daymé Arocena como artista exilada?

Daymé Arocena enfrentou um processo de adaptação e aprendizado no exílio. Embora o sucesso em Cuba não garanta uma transição fácil para a indústria internacional, ela encontrou apoio em diversas comunidades, o que lhe permitiu continuar crescendo e se descobrindo em sua carreira musical.

Qual é o impacto da indicação de Daymé Arocena ao Grammy Latino em sua carreira?

A nomeação de Daymé Arocena ao Latin Grammy representa um fio de esperança e um reconhecimento ao seu talento fora de Cuba. Esta nomeação abre portas para a indústria musical internacional, proporcionando visibilidade e validação que não recebeu em seu país natal, onde nunca ganhou prêmios como os Lucas ou Cubadisco.

Qual é a situação atual de Maykel Osorbo e Luis Manuel Otero Alcántara em Cuba?

Maykel Osorbo e Luis Manuel Otero Alcántara continuam encarcerados em Cuba. Osorbo cumpre uma sentença de nove anos por seu ativismo, enquanto Otero Alcántara também está preso por acusações semelhantes. Ambos são considerados prisioneiros políticos e têm recebido apoio internacional por sua luta em prol da liberdade de expressão e dos direitos humanos na ilha.

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