Uma semana depois de saber que foi nominada ao Latin Grammy na categoria de Canção do Ano, a cantora cubana Daymé Arocena apontou que em seu país nunca teve reconhecimento nem apoio.
Em um vídeo compartilhado em sua conta no Instagram, a artista revelou que a notícia não a pegou preparada, porque durante muito tempo ela esteve preparada para a rejeição e não para a aceitação.
"Quando recebi a notícia, liguei para meu pai e disse: me sinto como se minhas forças tivessem acabado...", expressou.
Daymé lembrou que, apesar de seu talento, em Cuba as autoridades nunca a apoiaram e que não lhe deram acesso a nenhuma empresa porque estas eram apenas "para a excelência".
"Em Cuba, eu nunca tive nem um Lucas, nem um Cubadisco, nada", subrayou.
"A vida me ensinou a ter uma casca dura para a rejeição. E quando você sai de Cuba, todo mundo te diz: 'fora de Cuba você não vai conseguir nada. Se em Cuba você não conseguiu, fora você vai conseguir menos. Veja quanta gente se foi e nada aconteceu com eles'. Então há muita desesperança dentro de Cuba e muita desesperança quando você vai", afirmou.
A jovem revelou que após saber que foi nomeada, longe da fanfarra e da algazarra, esses dias têm sido de isolamento e retrospecção.
"Quando me deram a notícia eu desmoronei, porque uma indicação ao Grammy é como uma porta para a indústria, para o sucesso, para a visibilidade. Eu venho de um país onde não existe a indústria e onde as portas para o sucesso e a visibilidade nunca se abriram para mim", ressaltou.
A cantora afirmou que dedica sua nomeação à música cubana, que está "muito desorientada", como se não tivesse espaço em nenhum lugar, porque os músicos cubanos, ao emigrar, vão carregados de sonhos que se desvanecem pelo caminho, pois a migração é um processo muito duro.
"Uma nomeação ao Grammy é um fio de esperança. Cada músico cubano que consegue visibilidade na indústria está dando esperança àqueles que estão se esforçando", ressaltou.
Na seção de comentários da publicação, Aymée Nuviola, que ganhou vários Grammys, afirmou que se identifica enormemente com o que Daymé diz.
"Eu me senti assim, e a única coisa que voltou a me colocar na esperança é minha fé em Deus, e sei que Ele cumpre suas promessas, e as coisas que colocou quando era criança em meu coração têm se tornado realidade sem deixar de me surpreender. Os NÃOs me tornaram mais forte, e aprendi a escolher minhas batalhas para poder ganhar a guerra", afirmou.
"Tú és uma mulher muyyyy talentosa e muito inteligente, e Deus em algum momento te mostrará seu propósito para contigo além da música. Que você aproveite esta nomeação e as que estão por vir. Nos vemos no Latin Grammy para nos darmos um abração", acrescentou.
Daymé foi reconhecida junto ao compositor, músico e cantor dominicano Vicente García pelo tema A fogo lento, escrito e cantado por ambos.
Esta é a primeira nomeação da artista de 32 anos ao Latin Grammy, mas não ao Grammy americano.
Em 2018, na 60ª edição do evento, foi nomeada na categoria de Melhor Álbum de Jazz Latino por Oddara, um disco da saxofonista canadense Jacve Bunnet no qual Daymé participou com o grupo feminino cubano Maqueque.
Nos prêmios Latin Grammy 2024 competem vários artistas e músicos cubanos.
Entre eles estão Cimafunk e Monsieur Periné por Catalina, na categoria de Gravação do Ano.
Como Melhor Novo Artista está nomeada a agrupação Darumas, integrada pela cantora e guitarrista cubana Ceci León junto com uma baixista argentina e uma outra vocalista haitiana radicada no Chile.
Por sua parte, o rapper Al2 El Aldeano está nomeado junto com Vico C na categoria de Melhor Canção de Rap/Hip Hop por Blam Blam.
Três cubanos aspiram a levar o prêmio de Melhor Álbum Tropical Tradicional: Alex Cuba com Voces de mi familia, Yelsy Heredia com Los Mismos Negros e Yeisy Rojas com A mis ancestros.
Na categoria Melhor Álbum de Jazz Latino, Sammy Figueroa compete junto aos cubanos Gonzalo Rubalcaba e Aymée Nuviola por Searching For A Memory (Busco Tu Recuerdo). Rubalcaba também está nomeado com Collab, ao lado de Hamilton De Holanda.
E Paquito D'Rivera aspira a levar o prêmio de Melhor Obra/Composição Clássica Contemporânea por Caribbean Berceuse.
A entrega de galardões, a mais prestigiosa da música latina, será celebrada no próximo dia 14 de novembro no Kaseya Center em Miami.
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