Ómnibus Nacionales lança sistema de pagamento online com código QR

A Empresa de Ônibus Nacionais introduz pagamentos em QR com Transfermóvil e EnZona, buscando modernizar os serviços. No entanto, o transporte enfrenta desafios devido à falta de recursos e problemas estruturais.

Passageiros fazem fila na Terminal de Ônibus Nacionais de Havana, enquanto a empresa anuncia um novo sistema de pagamento digital com QR em meio à crise do transporte.Foto © Facebook/Eduardo Rodríguez Dávila

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A Empresa de Ómnibus Nacionales (EON) anunciou o lançamento de um novo sistema de pagamento digital através da leitura de códigos QR por meio das plataformas Transfermóvil e EnZona, conforme informou nesta quinta-feira o meio oficial Cubadebate.

O mecanismo já está disponível para pagar o excesso de bagagem, o serviço de custódia e, em breve, a bordo dos ônibus. O Ministério dos Transportes (MITRANS) e a companhia estatal asseguram que a medida visa modernizar e agilizar os serviços, reduzindo o uso de dinheiro nas terminais e ônibus do país.

No entanto, a notícia chega em meio a um panorama onde o transporte interprovincial mal consegue se manter. A própria empresa reconheceu no início de 2025 que opera com apenas 36% das viagens que realizava em 2019, atingida pela falta de combustível, peças e financiamento, o que provoca constantes atrasos, cancelamentos e ônibus parados por quebras.

Em províncias como Sancti Spíritus, conseguir um bilhete tornou-se um suplício de filas intermináveis, aplicações malsucedidas e subornos, enquanto motoristas e funcionários lucram com a revenda ilegal de passagens.

E em Mayabeque, um recente “avanço digital” consistiu em que o próprio motorista escaneasse com seu celular os cartões dos passageiros, uma solução improvisada que reflete a falta de infraestrutura tecnológica no setor.

O contraste também se estende a outras empresas de transporte. Na Viazul, por exemplo, as passagens só podem ser pagas em euros por meio de cartões internacionais Visa ou MasterCard, uma modalidade que deixa de fora a maioria dos cubanos da ilha, apesar de o serviço ser mais regular do que o dos Ônibus Nacionais.

Essa dolarização do transporte interprovincial convive com a crise estrutural dos ônibus estatais, onde nem mesmo está garantido que o ônibus saia no horário.

Enquanto o governo se gaba de "modernização" com passarelas digitais, os cubanos enfrentam diariamente a realidade de terminais abarrotados, listas de espera eternas e guaguas que não chegam.

Para muitos viajantes, a pergunta não é como pagar mais rápido, mas sim se o ônibus aparecerá.

Perguntas frequentes sobre o novo sistema de pagamento em Ómnibus Nacionales em Cuba

Qual é o novo sistema de pagamento digital da Ómnibus Nacionales em Cuba?

O novo sistema de pagamento digital da Ómnibus Nacionales permite que os usuários realizem pagamentos mediante a leitura de códigos QR utilizando as plataformas Transfermóvil e EnZona. Este sistema busca modernizar e agilizar os serviços de transporte, reduzindo o uso de dinheiro nas terminais e ônibus do país.

Quais são as principais limitações do transporte interprovincial em Cuba?

O transporte interprovincial em Cuba enfrenta limitações significativas devido à falta de combustível, peças de reposição e financiamento, resultando em constantes atrasos, cancelamentos e uma operatividade reduzida a 36% das viagens realizadas em 2019. Essa situação gera um contexto de filas intermináveis e dificuldades para conseguir passagens.

Como a dolarização impacta o transporte em Cuba?

A dolarização do transporte, especialmente em serviços como Viazul, exclui a maioria dos cubanos que não têm acesso a euros ou cartões internacionais, limitando sua capacidade de utilizar esses serviços. Esse fenômeno se soma à crise do transporte público estatal, onde a infraestrutura e os serviços são insuficientes e pouco confiáveis.

Quais são os desafios enfrentados pela implementação de pagamentos eletrônicos em Cuba?

A implementação de pagamentos eletrônicos em Cuba enfrenta desafios técnicos, econômicos e culturais, como a falta de infraestrutura tecnológica adequada, a desconfiança na tecnologia e a preferência pelo uso de dinheiro devido a problemas de conectividade e à ineficácia dos sistemas de pagamento digitais.

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