Lula da Silva pede aos EUA que deixem os cubanos “viver sua vida”

Lula da Silva instou os EUA a levantar o embargo a Cuba e criticou a revogação de vistos para funcionários brasileiros, defendendo a cooperação em saúde apesar das sanções de Washington.

Raúl Castro, Luiz Inácio Lula da Silva e Miguel Díaz-CanelFoto © X / Díaz-Canel

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, instou nesta quinta-feira os Estados Unidos a pôr fim ao embargo contra a ilha e deixar os cubanos "viverem suas vidas".

“Os EUA fizeram uma guerra, perderam. Aceitem que perderam e deixem os cubanos viver em paz, deixem os cubanos viver a sua vida. Não permaneçam querendo comandar o mundo. Ele [Trump] não é um imperador”, declarou Lula durante um ato de governo em Pernambuco, no nordeste do país.

As declarações do mandatário brasileiro chegam um dia depois de Washington revogar os vistos dos funcionários Mozart Julio Tabosa Sales e Alberto Kleiman, acusando-os de participar da execução do programa Mais Médicos, um acordo de cooperação em saúde entre o Brasil e Cuba que o Departamento de Estado qualificou como “exportação de mão de obra coercitiva”.

“Quero dizer aos companheiros cubanos: o fato de revogar o visto de Mozart [Tabosa] foi por causa de Cuba. Eles tinham ido a Cuba. É importante que saibam que nossa relação com Cuba é uma relação de respeito a um povo que está sendo vítima de um bloqueio há 70 anos. Há 70 anos! Hoje estão passando necessidades por um bloqueio que não tem razão alguma”, enfatizou Lula.

O governante brasileiro reafirmou assim seu apoio a Havana em meio ao crescente tensionamento com Washington, insistindo que a cooperação bilateral em saúde e outros setores continuará, apesar das sanções impostas pelos EUA.

As declarações de Lula surgem após Washington classificar Mais Médicos como “uma fraude diplomática inadmissível de ‘missões médicas’ estrangeiras”, e assegurar que o programa utilizou milhares de profissionais cubanos sob condições restritivas que violavam seus direitos trabalhistas e de mobilidade.

O Departamento de Estado, com base nos testemunhos de centenas de médicos participantes nas chamadas missões médicas que exporta Havana, acusa há anos o regime cubano de reter grande parte do salário dos profissionais de saúde enviados ao exterior e de impor restrições de movimento, o que organizações internacionais e ex-colaboradores denunciaram como trabalho forçado.

O programa Mais Médicos, lançado no Brasil em 2013 pela então presidenta Dilma Rousseff, foi um dos maiores destinos das brigadas médicas cubanas, e a OPS atuou como intermediária entre o governo brasileiro e Havana.

A organização foi citada em ações judiciais nos Estados Unidos por seu papel no contrato que regulava a participação de médicos cubanos no plano.

As sanções a funcionários brasileiros e ex-diretores da OPS somam-se a outras anunciadas nesta quarta-feira contra representantes da África, Cuba e Granada, dentro do que o Departamento de Estado descreve como uma estratégia para erradicar redes internacionais que facilitam a exploração laboral de médicos cubanos.

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