Governo cubano assina acordos com a Aliança Solar Internacional

O governo cubano e a ISA assinaram um acordo para promover a energia solar e melhorar a capacitação técnica, enquanto a ilha enfrenta uma grave crise energética. Estão projetados 55 parques solares e 1.200 MW para 2025.

O pacto contempla sete projetos priorizados para o desenvolvimento de energias renováveisFoto © Facebook/UNE

O Governo cubano e a Aliança Solar Internacional (ISA, na sigla em inglês) assinaram em Havana um Acordo Quadro de País para impulsionar sete projetos focados em energias renováveis, voltados para a produção de alimentos e medicamentos, bem como a eletrificação em áreas rurais, entre outras esferas.

Assim informou o diretor de Energias Renováveis do Ministério de Energia e Minas (Minem), Rosell Guerra, durante o encerramento de um workshop com órgãos estatais e empresários.

O acordo busca ampliar a cooperação entre ambas as partes, revisar a participação de setores da economia cubana e fortalecer a capacitação técnica de especialistas, reportou a agência oficialista Prensa Latina.

Guerra destacou que a ISA fez doações e forneceu equipamentos, além de certificar o Laboratório de Fotovoltaica da Universidade de Havana como Centro de Recursos para Aplicações de Tecnologia Solar (Centro STAR), o primeiro desse tipo na América Latina.

Dito centro já ofereceu quatro cursos para técnicos cubanos e um treinamento para funcionários de 14 países da América Latina e do Caribe, com o apoio da Organização Latino-Americana de Energia.

A visita à ilha de Ashish Khanna, diretor-geral da ISA, foi apresentada como uma demonstração do compromisso do organismo com a “transição energética” de Cuba.

O chefe regional da ISA para a América Latina e o Caribe, Hugo Morales, adiantou que avaliarão modalidades concretas para implementar os projetos, após ouvir os organismos cubanos envolvidos.

Khanna, por sua vez, afirmou que a nova estratégia, intitulada “Passando da ambição à ação”, busca estabelecer um plano detalhado para definir quais projetos serão executados e em quais prazos, reconhecendo que, apesar da capacidade técnica existente, é necessário incorporar experiências de outros países e melhorar as formas de gestão.

A ISA é uma organização intergovernamental criada para promover o uso e desenvolvimento da energia solar em nível global, especialmente em países com alta radiação solar.

Foi oficialmente lançada em 2015 durante a Cúpula do Clima de Paris (COP21), impulsionada pela Índia e pela França. Embora inicialmente estivesse focada em países situados entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, hoje sua adesão está aberta a qualquer nação interessada.

Sua missão é facilitar investimentos e reduzir o custo da energia solar, impulsionar projetos conjuntos de infraestrutura, compartilhar tecnologia e conhecimentos, e acelerar a transição energética reduzindo a dependência de combustíveis fósseis.

Entre suas áreas de atuação, destacam-se o desenvolvimento de redes elétricas inteligentes, projetos de eletrificação rural, programas de financiamento para atrair investimento privado e a formação técnica para sustentar as mudanças.

Este acordo é anunciado enquanto o país enfrenta uma das piores crises energéticas das últimas décadas, com apagões diários de até mais de 20 horas devido à obsolescência tecnológica, falta de combustível e dependência quase total de importações para sustentar a geração elétrica.

O governo cubano aposta na expansão do uso de energias renováveis, que representam menos de 5% da matriz energética nacional. De fato, as autoridades asseguram que a ilha se posicionará em breve entre os três primeiros países do mundo em avançar mais rapidamente na transição para o uso de energias limpas.

Al respecto, o orçamento de investimentos para 2025 reflete uma mudança parcial nas prioridades de gasto, com um aumento significativo em energias renováveis e amortização de dívida.

Durante os últimos meses, foram inaugurados vários parques fotovoltaicos. Mas os cubanos, cada vez mais céticos, não apreciam “nem uma leve melhoria”.

Assim se manifestam nas redes sociais, onde questionam duramente a verdadeira utilidade desses investimentos. Outros ironizam dizendo que os painéis solares parecem alimentar apenas o discurso do governo, e não as necessidades do povo.

Asimismo, as autoridades deram relevância à inauguração de rotas com triciclos elétricos em várias cidades cubanas, embora a ausência de pontos de recarga com painéis fotovoltaicos mantenha esses meios de transporte dependentes da geração com combustíveis fósseis, o que questiona seu perfil de “ecológicos”.

O governante Miguel Díaz-Canel prometeu uma melhoria com a instalação desses sistemas que gerarão mais de 500 MW de energia solar no primeiro semestre deste ano. Além disso, comprometeu-se a que até o final de 2025 serão construídos 55 parques solares com uma capacidade de 1.200 MW.

No entanto, essa medida vem acompanhada de uma importante limitação: a falta de baterias para armazenar a eletricidade gerada, o que significa que a energia solar só poderá ser utilizada em tempo real, durante o dia, sem possibilidade de atender à demanda noturna, quando ocorre o maior consumo.

No obstante, no início de agosto, as autoridades anunciaram a instalação de baterias de armazenamento de energia solar nas subestações elétricas de Cueto 220, Bayamo 220, Cotorro 220 e Habana 220.

No final de junho, o Ministério das Finanças e Preços (MFP) emitiu a Resolução 169 com data de 30 de maio de 2025 e publicada na Gaceta Oficial No.60, que atualizou o marco tributário relacionado à importação e uso de tecnologias associadas às fontes renováveis de energia (FRE).

Esta medida foi apresentada como apoio ao Decreto Lei 345 “Do Desenvolvimento das Fontes Renováveis e do Uso Eficiente da Energia”, de 23 de março de 2017, e ao programa do Governo para recuperar o Sistema Electroenergético Nacional.

Perguntas frequentes sobre os acordos energéticos de Cuba com a Aliança Solar Internacional

Quais acordos o governo cubano assinou com a Aliança Solar Internacional?

O Governo cubano assinou um Acordo-Quadro País com a Aliança Solar Internacional para promover sete projetos focados em energias renováveis, produção de alimentos e medicamentos, e eletrificação em áreas rurais. Este acordo visa ampliar a cooperação, revisar a participação de setores da economia cubana e fortalecer a capacitação técnica de especialistas.

Como a Aliança Solar Internacional contribui para o desenvolvimento da energia solar em Cuba?

A Aliança Solar Internacional (ISA) fez doações, forneceu equipamentos e certificou o Laboratório de Fotovoltaica da Universidade de Havana como Centro de Recursos para Aplicações de Tecnologia Solar (Centro STAR). Este centro ofereceu cursos para técnicos cubanos e treinamentos para funcionários de outros países, com o apoio da Organização Latino-Americana de Energia.

Qual é o estado atual do sistema energético em Cuba?

Cuba enfrenta uma das piores crises energéticas das últimas décadas, com quedas de energia diárias de até mais de 20 horas devido à obsolescência tecnológica, falta de combustível e dependência de importações. Embora vários parques fotovoltaicos tenham sido inaugurados, a população continua cética quanto à melhora real do sistema elétrico nacional.

Que projetos futuros foram prometidos para melhorar a crise energética em Cuba?

O Governo cubano prometeu a instalação de 55 parques solares com uma capacidade de 1.200 MW até o final de 2025. No entanto, a eficácia desses projetos está em dúvida devido à falta de baterias para armazenar a eletricidade gerada, o que limita o uso da energia solar em tempo real durante o dia.

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