O regime cubano finalmente concordou em mostrar uma prova de vida do líder opositor José Daniel Ferrer, após dias de denúncias e pressão internacional liderada pelos Estados Unidos.
A única pessoa autorizada a vê-lo foi sua esposa, Nelva Ismarays Ortega-Tamayo, em uma visita fortemente vigiada e na presença do represssor do G2 conhecido como Julio Fonseca, informou no X Ana Belkis Ferrer, irmã do preso político.
A visita, que ocorreu nesta segunda-feira na prisão de Mar Verde, em Santiago de Cuba, durou aproximadamente uma hora e revelou uma realidade alarmante: Ferrer sobrevive em condições cruéis, desumanas e degradantes, de acordo com o testemunho divulgado por seu familiar.
Durante o encontro, Ferrer confirmou que a brutalidade diminuiu levemente nos últimos dias, já não recebe espancamentos selvagens nem torturas extremas, mas seu calvário persiste.
Continua recluso em uma cela infestada de percevejos, mosquitos e moscas, amontoado com criminosos comuns presumivelmente a serviço do regime, forçado a beber água suja e contaminada, e sem receber atenção médica, apesar de sofrer de fortes dores de cabeça, ouvido estourado, tosse persistente, e desconfortos musculares e articulares.
Dias de angústia e incerteza
A prova de vida chega após vários dias de silêncio absoluto sobre o paradeiro e o estado do opositor, situação que despertou o temor de seus familiares e organizações de defesa dos direitos humanos, que alertaram sobre uma possível morte sob custódia.
“Seis dias sem notícias do meu valente irmão. Ele ainda está vivo? Está se recuperando ou continua sendo torturado?”, escreveu desesperada Ana Belkis Ferrer.
As alarmes também soaram em Washington. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, exigiu do regime uma prova de vida imediata e a libertação de Ferrer, ao denunciar publicamente as torturas a que foi submetido.
Desde a sua detenção no passado 29 de abril, Ferrer tem sido vítima de uma escalada repressiva. Foi transferido sem uma justificativa legal transparente para a prisão de Mar Verde, para cumprir uma condenação imposta em 2020 em um processo amplamente considerado arbitrário.
Allí, segundo denúncias, foi brutalmente espancado por pelo menos cinco funcionários, cujos nomes já constam na Lista de Repressões da Fundação para os Direitos Humanos em Cuba (FDHC).
As torturas documentadas incluem golpes por todo o corpo, torções de dedos, tentativas de asfixia, alimentação forçada durante sua greve de fome, e ameaças de represálias contra sua família, incluindo a possível internação de seu filho menor em um centro estatal.
Greve de fome como último recurso
O líder da União Patriótica de Cuba (UNPACU) declarou uma huelga de hambre em 29 de junho, em protesto contra seu encarceramento injusto e as condições desumanas que enfrenta. Sua família havia alertado que Ferrer estava tão debilitado e afetado que temia ter contraído tuberculose, e nem mesmo se atreveu a beijar seus entes queridos durante a visita mais recente.
Apesar do desgaste físico, Ferrer deixou claro que continuará resistindo. “Embora esteja assim agora, seguirá lutando pela liberdade, pela democracia e pelos direitos humanos”, disse em sua mensagem. Mas também alertou sobre o risco de morte: se isso acontecer, teme represálias devastadoras contra sua família. “Eles foram avisados de que vão fazê-los desaparecer”, denunciou.
O caso de José Daniel Ferrer é uma mostra arrepiante do custo humano da dissidência em Cuba. Uma história que não pode ficar em silêncio e que exige atenção urgente por parte da comunidade internacional.
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