José Daniel Ferrer é reenviado para a prisão Mar Verde para cumprir a pena de 2020

Dias antes de sua detenção, o regime já havia intensificado sua campanha contra Ferrer. Apesar da repressão, o líder opositor maximizou seu trabalho humanitário após sua libertação, convertendo a sede da UNPACU em um centro de assistência para pessoas em situação de extrema pobreza.


O líder opositor José Daniel Ferrer, fundador da União Patriótica de Cuba (UNPACU), foi preso nesta terça-feira, 29 de abril, após a revogação de sua liberdade condicional e reenviado à prisão Mar Verde em Santiago de Cuba, para cumprir uma injusta condenação imposta em 2020.

Depois de sair da prisão em janeiro passado como parte de um acordo negociado entre o Vaticano e o governo dos Estados Unidos, o regime retomou seu comportamento agressivo, e a notícia do retorno a Mar Verde foi informada no X por Ana Belkis Ferrer, irmã do dissidente, que publicou uma nota enviada pelo próprio Ferrer.

“Nos confirme que ontem foi retirado violentamente da sede, conduzido à prisão Mar Verde onde foi agredido para forçá-lo a vestir o uniforme de preso comum”, expôs na referida rede social.

O modus operandi da ditadura desencadeou uma onda de indignação tanto dentro quanto fora da ilha, ao considerar a medida uma represália política disfarçada de legalidade.

Arresto violento, sede saqueada e familiares detidos

Segundo denunciou Ana Belkis, a operação foi realizada com violência na sede da UNPACU, localizada no bairro Altamira, em Santiago de Cuba. Além de Ferrer, foram detidos sua esposa, Nelva Ismaray Ortega Tamayo, seu filho menor Daniel José, e os ativistas Roilán Zárraga Ferrer e Fernando González Vaillant.

Acusação: não comparecer a audiências

A vice-presidente do Tribunal Supremo Popular, Maricela Sosa, declarou à Reuters que a revogação se deve ao fato de Ferrer não ter cumprido as condições de sua libertação, ao não comparecer em duas audiências judiciais obrigatórias.

O argumento foi qualificado como arbitrário por defensores dos direitos humanos, que lembram que a vigilância e o assédio constante que o opositor sofria complicavam qualquer movimento.

Ferrer havia sido libertado em janeiro de 2025, após estar preso desde 2021, quando foi detido durante os protestos de 11 de julho, apesar de estar sob liberdade condicional na época. Agora, ele terá que cumprir integralmente a pena de uma sancão anterior de 2020.

Captura de X/José Daniel Ferrer

O alvo de uma campanha de descrédito

Dias antes de sua detenção, o regime já havia intensificado sua campanha contra Ferrer. Um artigo publicado por Granma, sob o título “Ativistas contrarrevolucionários reclamam bloqueio duplo contra Cuba”, o qualificou de “mercenário” e o acusou junto a Rosa María Payá de promover sanções internacionais contra o regime.

Uma ação humanitária que incomoda o poder

Apesar da repressão, Ferrer intensificou seu trabalho humanitário após sua libertação, transformando a sede da UNPACU em um centro de assistência para pessoas em situação de extrema pobreza, onde muitos iam em busca de alimentos, medicamentos ou ajuda básica.

“Em qualquer momento posso ir para a prisão”, advertiu Ferrer em uma entrevista com CiberCuba, ciente de que sua liberdade era provisória e precária. Nessa conversa, ele recordou seus anos em celas de isolamento, a violência carcerária e sua constante resistência ao regime desde o encarceramento.

O prestígio social adquirido por este trabalho solidário teria sido, segundo ativistas, uma das razões de peso para silenciá-lo novamente.

O retorno à prisão de José Daniel Ferrer não é apenas uma condenação ao ativismo político, mas também ao trabalho humanitário que a ditadura se recusa a tolerar. O silêncio que pretende impor não afeta apenas um homem, mas uma comunidade que encontra na solidariedade o que o Estado lhe nega.

Perguntas frequentes sobre a detenção de José Daniel Ferrer e a repressão em Cuba

Por que José Daniel Ferrer foi reenviado para a prisão Mar Verde?

José Daniel Ferrer foi reenviado para a prisão Mar Verde após a revogação de sua liberdade condicional por não comparecer a duas audiências judiciais obrigatórias, conforme declarou a vice-presidente do Tribunal Supremo Popular, Maricela Sosa. No entanto, defensores dos direitos humanos consideram que esta medida é uma retaliação política contra o líder opositor.

Qual tem sido a reação internacional diante da detenção de José Daniel Ferrer?

A comunidade internacional expressou sua condenação pela detenção de José Daniel Ferrer, considerando que se trata de uma represália política. Organizações de direitos humanos exigiram explicações e alertam sobre o aumento da repressão em Cuba. Também solicitaram a libertação de Ferrer e de todos os prisioneiros políticos na ilha.

Qual é o papel da UNPACU no ativismo de José Daniel Ferrer?

A União Patriótica de Cuba (UNPACU), fundada por José Daniel Ferrer, é uma organização que luta pela democracia e pelos direitos humanos em Cuba. A UNPACU tem sido um dos principais movimentos opositores do país, focando na denúncia direta, na desobediência civil pacífica e na ajuda comunitária. A atividade humanitária de Ferrer, que inclui a distribuição de alimentos e medicamentos, tem sido um pilar em seu ativismo e uma das razões pelas quais o regime cubano busca silenciá-lo.

Como tem sido tratada a família de José Daniel Ferrer após sua detenção?

A família de José Daniel Ferrer tem sido alvo de assédio e detenções arbitrárias. Durante a operação policial na sede da UNPACU, foram detidas sua esposa, Nelva Ismaray Ortega Tamayo, seu filho menor Daniel José, e outros ativistas. Essas ações fazem parte de uma estratégia do regime cubano para silenciar e reprimir os opositores políticos e suas famílias.

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