Cubano com ordem de deportação recebe multa de quase 700.000 dólares por não deixar os EUA: Estes são os detalhes do caso

A administração Trump o multa por não cumprir com a ordem de deportação.

Donald Trump (Imagem de referência)Foto © X/A Casa Branca

Um cidadão cubano recebeu uma notificação de multa de 690.000 dólares por parte do governo dos Estados Unidos após permanecer no país apesar de ter uma ordem final de deportação.

O caso foi divulgadoo através do testemunho da própria pessoa afetada, que o compartilhou com o jornalista Daniel Benítez, e representa uma aplicação destacada de uma normativa migratória reativada durante a administração Trump.

Depoimento do afetado

Segundo o relato enviado pelo migrante, reside nos Estados Unidos há 12 anos.

Durante os primeiros cinco anos, viveu com status de residência legal. Posteriormente, foi condenado por um delito federal e sentenciado a três anos de prisão.

Durante os últimos seis meses dessa condenação, ele foi transferido para um centro de detenção migratória do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE), com a intenção de ser deportado.

No entanto, o governo cubano se recusou a recebê-lo, o que impediu a execução da deportação.

Diante da impossibilidade de expulsá-lo, as autoridades o liberaram sob um regime de liberdade condicional, situação que se estende por dois anos.

Durante esse período, o cidadão recebeu uma autorização de trabalho por um ano, renovada recentemente, e tem uma consulta migratória agendada para dezembro.

No entanto, há poucos dias foi notificado de uma multa de 690.000 dólares por permanecer no território americano após ter recebido a ordem de deportação.

“Há dois dias recebi a carta onde me dizem que estou no país após ter recebido a deportação e pretendem me multar em $690 mil. Casualmente, há 3 dias recebi meu visto de trabalho por mais um ano e em dezembro tenho minha consulta anual na imigração. Devo responder à carta?”, perguntou em sua mensagem.

Mensagem recebida pelo jornalista Daniel Benítez que relata a experiência do cubano multado (Fonte: Captura de YouTube/Daniel Benítez)

Diante dessa consulta, o jornalista Daniel Benítez, que tem acompanhado de perto casos semelhantes, recomendou ao afetado buscar imediatamente assessoria jurídica especializada em imigração para explorar alternativas legais.

"O primeiro passo é não ignorar a carta. É fundamental consultar um advogado de imigração o mais rápido possível para responder dentro do prazo legal. Não fazer isso pode agravar a situação", explicou Benítez.

Marco legal e aplicação de sanções

O caso se insere em uma estratégia de sanções civis desenvolvida sob uma lei migratória de 1996, reativada em 2018 durante o primeiro mandato de Donald Trump e reforçada após seu retorno à Casa Branca em 2025.

Esta normativa permite impor multas de até 998 por dia a pessoas com ordens finais de deportação que não abandonam o país.

As sanções podem ser aplicadas com efeito retroativo por até cinco anos. Estima-se que desde junho de 2025, o ICE emitiu aproximadamente 10.000 notificações de multa.

Em dias recentes, foi notícia que as autoridades já não estão obrigadas a esperar 30 dias para notificar sua intenção de sancionar.

Atualmente, as notificações são enviadas diretamente pelo correio postal, e o processo de apelação foi agilizado.

Neste caso específico, a quantia de 690.000 dólares reflete a acumulação de sanções diárias ao longo de um período prolongado. O fato de o afetado ter recebido uma autorização de trabalho válida não altera o status legal da ordem de expulsão nem impede a imposição da multa.

Autodeportação: Uma opção com benefícios

Como parte de sua política migratória, o governo de Donald Trump lançou um programa complementar que promove a autodeportação voluntária como via preferencial.

Através do aplicativo CBP Home, os migrantes com ordens de saída que decidirem deixar o país voluntariamente podem se beneficiar de:

-O perdão total das multas acumuladas.

-Um bilhete de avião gratuito para o seu país de origem.

Um bônus econômico de $1.000 dólares após confirmar sua saída.

O Departamento de Segurança Nacional (DHS) foi claro em sua mensagem: aqueles que não cooperarem com o processo poderão enfrentar não apenas multas, mas também prisão, deportação forçada e inabilitação para retornar legalmente aos EUA no futuro.

"Com um voo gratuito, um auxílio de 1.000 dólares e a isenção de multas, os imigrantes ilegais não têm desculpa para permanecer nos Estados Unidos", destacou o DHS em um comunicado oficial.

Casos similares e contexto

Este caso não é único. Uma situação destacada é a de Wendy Ortiz, mãe salvadorenha residente na Pensilvânia, que foi multada em 1,8 milhões de dólares apesar de não ter recebido uma citação judicial formal.

Ortiz alegou perseguição e riscos para seu filho, um cidadão com autismo, mas seu caso foi desestimado após o retorno de Trump à presidência.

Outros migrantes receberam sanções de dezenas ou centenas de milhares de dólares, mesmo sem conhecer a existência de uma ordem de deportação anterior.

Algumas notificações chegaram a lares com pessoas em tratamento médico ou em famílias com menores cidadãos americanos.

Em certos casos, as autoridades consideraram aplicar embargos de bens para cobrar as sanções não pagas, embora essa iniciativa enfrente obstáculos técnicos e legais.

Especialistas jurídicos alertam que, em muitos casos, o acesso a uma defesa adequada é limitado, especialmente para migrantes com poucos recursos ou em situação vulnerável.

A aplicação dessas medidas sancionadoras, combinada com incentivos à autodeportação, representa uma mudança significativa na abordagem migratória dos EUA, que busca reduzir o número de pessoas com ordens pendentes, seja por meios voluntários ou coercitivos.

Este cubano é o primeiro caso documentado de uma multa dessa magnitude.

Perguntas frequentes sobre a multa de 690.000 dólares a um cubano nos EUA.

Por que um cubano recebeu uma multa de 690.000 dólares nos EUA?

O cubano recebeu uma multa de 690.000 dólares por não ter deixado os EUA após ter uma ordem final de deportação. Esta multa é resultado de uma norma migratória reativada durante a administração Trump, que permite sancionar aqueles que não cumprem com as ordens de deportação. As sanções podem acumular-se por até cinco anos, o que explica o valor elevado.

O que uma pessoa deve fazer em uma situação semelhante à do cubano multado?

É recomendável buscar imediatamente assistência jurídica especializada em imigração. Ignorar a notificação da multa pode agravar a situação. É crucial responder dentro do prazo legal e explorar alternativas legais com a ajuda de um advogado.

Como funciona o programa de autodeportação promovido pelo governo de Trump?

O programa de autodeportação oferece benefícios como o perdão de multas acumuladas, um bilhete de avião grátis e um bônus de 1.000 dólares. Esses incentivos buscam que as pessoas com ordens de deportação saiam voluntariamente dos EUA. No entanto, essa opção pode ter consequências graves para o futuro migratório, como proibições de reingresso ao país.

Quais são os riscos de aceitar a autodeportação?

Aceitar a autodeportação pode resultar em proibições de reentrada nos EUA por 5, 10 ou até 20 anos. É crucial consultar um advogado de imigração antes de tomar essa decisão, pois o conhecimento do caso específico e as penalidades aplicáveis são fundamentais para evitar futuros problemas migratórios.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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