O governo das Bahamas decidiu que pagará diretamente aos médicos cubanos que prestam serviços no país, conforme anunciaram fontes oficiais.
Esta medida ocorre após as pressões exercidas pela administração do presidente americano Donald Trump, e especialmente pelo Secretário de Estado Marco Rubio, que tem criticado reiteradamente os acordos que permitem a Cuba enviar profissionais de saúde para o exterior.
Em uma coletiva de imprensa no Salão Diplomático do Aeroporto Internacional Lynden Pindling, o primeiro-ministro das Bahamas, Philip Brave Davis, anunciou que seu governo está renegociando os acordos de trabalho com Cuba e pagará diretamente a todos os trabalhadores estrangeiros contratados pelo governo, informou The Nassau Guardian.
Davis explicou que essa medida faz parte de um esforço para garantir que os trabalhadores estrangeiros não sejam vítimas de trabalho forçado.
“Podemos lhes dizer, e acho que ficaram satisfeitos, que não estamos envolvidos em trabalhos forçados dos quais temos conhecimento”, disse Davis a Rubio durante uma reunião que tiveram na última segunda-feira.
O primeiro-ministro das Bahamas afirmou que não tem conhecimento se há trabalho forçado em seu país envolvendo cubanos.
Segundo afirmou, não encontraram provas a esse respeito, embora tenha declarado que nas últimas semanas se dedicaram a identificar o que chamou de elementos de trabalho forçado para ver se algum deles está presente em relação a algum dos trabalhadores aqui nas Bahamas.
“Se descobrirmos isso, vamos corrigir”, disse, embora não descartasse que o fato de “compartilhar o salário de um empregado com um governo poderia ser percebido dessa maneira”.

O anúncio de Davis segue as sanções de vistos impostas em fevereiro pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, contra os governos que participam nas missões médicas de Cuba, as quais ele descreveu como uma forma de escravidão moderna.
O primeiro-ministro também afirmou que estão renegociando todos os memorandos de entendimento para a mão de obra cubana, assim como com outros países como as Filipinas.
Davis concluiu indicando que os líderes caribenhos solicitaram aos Estados Unidos que compartilhem qualquer informação que tenham sobre trabalho forçado para abordá-lo adequadamente.
Según revelou um relatório do projeto Arquivo Cuba, baseado em contratos vazados de forma não oficial, o regime de Havana fica com entre 83,9% e 91,6% do dinheiro que as Bahamas pagam por cada profissional de saúde cubano. Os colaboradores recebem apenas um estipêndio mensal, enquanto a maior parte dos pagamentos vai parar na Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos (CSMC), uma entidade estatal cubana.
Por exemplo, o contrato estipula que as Bahamas pagam até 12.000 dólares mensais por cada “assessor especialista médico”, dos quais apenas 1.200 chegam ao trabalhador. No caso de técnicos de saúde ou engenheiros em computação, o país caribenho desembolsa 5.000 dólares por mês, mas o estipêndio que o profissional cubano recebe mal atinge os 990 dólares.
A esses pagamentos somam-se benefícios adicionais como moradia, transporte, seguros médicos, cursos de inglês e despesas administrativas, que elevam o custo total de cada trabalhador acima do salário local médio. Atualmente, mais de 100 cubanos trabalham em hospitais e instituições de saúde nas Bahamas, como o Princess Margaret e o Rand Memorial.
O relatório denuncia ainda que muitos profissionais estão sujeitos a cláusulas restritivas que os impedem de aceitar contratos independentes, exigem confidencialidade, e até os expõem a sanções disciplinares a partir de Cuba. Também aponta que alguns trabalham sem permissões de imigração válidas e que estão obrigados a participar de manifestações políticas organizadas pela embaixada cubana.
Perguntas frequentes sobre a contratação de médicos cubanos nas Bahamas
Por que as Bahamas decidiram pagar diretamente aos médicos cubanos?
As Bahamas decidiu pagar diretamente aos médicos cubanos para evitar práticas de trabalho forçado e como resposta às pressões dos Estados Unidos, especificamente do secretário de Estado Marco Rubio. A administração de Rubio tem criticado os acordos que permitem a Cuba enviar profissionais de saúde ao exterior, qualificando-os como uma forma de escravidão moderna.
Quanto dinheiro o regime cubano retém dos salários dos médicos em missões internacionais?
Segundo um relatório do projeto Arquivo Cuba, o regime cubano retém entre 83,9% e 91,6% do dinheiro que as Bahamas pagam por cada profissional de saúde cubano. Isso significa que os médicos recebem apenas uma pequena fração de seu salário, enquanto o restante vai para a Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos (CSMC), uma entidade estatal cubana.
Quais medidas os Estados Unidos tomaram contra as missões médicas cubanas?
Estados Unidos impôs restrições de visto a funcionários de governos ligados às missões médicas cubanas, qualificando-as como uma forma de exploração laboral e tráfico de pessoas. Marco Rubio tem liderado essas ações, argumentando que as missões operam sob condições de trabalho forçado.
Como o governo cubano tem reagido às críticas e sanções dos Estados Unidos?
O governo cubano rejeitou as críticas e sanções dos Estados Unidos, classificando-as como agressões injustificadas que buscam prejudicar o povo cubano. Miguel Díaz-Canel e outros funcionários cubanos defenderam as missões médicas como uma forma de cooperação internacional solidária, apesar das denúncias de exploração laboral.
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