Um grupo de 199 médicos cubanos de 29 especialidades chegou nesta segunda-feira ao México, como parte dos acordos em vigor entre os governos dos dois países, que têm gerado controvérsias e críticas devido à crise de profissionais de saúde na ilha e aos altos rendimentos que o regime de Cuba obtém com sua contratação.
Os médicos cubanos trabalharão ao lado de colegas mexicanos em comunidades remotas de 24 estados, informou em um breve comunicado a Embaixada de Cuba no México em suas redes sociais.
O numeroso grupo de especialistas se junta aos mais de 3.000 que já prestam serviços em solo mexicano, desde que chegaram ao país os primeiros 54 médicos da ilha, em 22 de julho de 2022, como parte da “cooperação bilateral”, segundo a agência oficial Prensa Latina.
Enquanto a população cubana sofre com a falta de médicos, além de medicamentos e insumos básicos em meio à crise do sistema nacional de saúde, o regime se gaba de que “a solidariedade e a experiência” dos médicos da ilha estão “dispostas a salvar vidas”.
Em outubro passado, o jornal Reforma revelou que o governo do México gasta em média 100.000 pesos por mês (5.125 dólares) para cada um dos 3.101 médicos cubanos contratados.
O salário mensal dos profissionais de saúde é de 27.000 pesos (mais de 1.300 dólares), que são depositados em uma empresa estatal de Havana; além disso, o governo mexicano desembolsa em média 77.394 pesos por mês (cerca de 4.000 dólares) para cada um, a título de despesas de transporte, alimentação e hospedagem.
Em setembro, foi divulgado que o governo do então presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO) havia pago cerca de 24.340.000 dólares ao regime cubano pelos serviços de 610 médicos, entre julho de 2022 e dezembro de 2023, segundo revelações do jornal El Universal.
O pagamento foi realizado pelo Instituto Mexicano do Seguro Social (IMSS) à empresa privada cubana Comercializadora de Serviços Cubanos, S.A.
Segundo a investigação realizada pelo jornal, o IMSS desconhecia quanto dinheiro foi investido no salário de cada um dos profissionais de saúde contemplados nos acordos, pois “o procedimento de contratação pertence absolutamente à empresa com sede em Cuba”.
No final de julho, o México anunciou que aumentaria para 3.800 o número de médicos cubanos contratados para trabalhar no país, visando melhorar a atenção médica em 23 estados.
Os acordos entre os dois governos apenas acentuam a polêmica em relação à escassez de médicos em Cuba, onde a falta de profissionais de saúde tem um impacto severo na população local.
Além disso, organizações de direitos humanos e órgãos internacionais têm questionado o regime pelas onerosas condições de trabalho impostas aos médicos que exporta para outras nações, as quais são qualificadas como “escravidão moderna”.
No entanto, o regime de Havana continua recebendo substanciais receitas das missões médicas em todo o mundo.
Nos últimos anos, o México tem sido aliado e apoio do governo de Miguel Díaz-Canel, não apenas com o envio de combustível e ajuda humanitária, mas também por meio de acordos como a compra de pedras para o Trem Maia e a contratação de profissionais de saúde.
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