Regime cubano ataca José Daniel Ferrer e Rosa María Payá no jornal Granma

José Daniel Ferrer denuncia a manipulação estatal e a repressão.

José Daniel Ferrer e Rosa María PayáFoto © Collage/Redes Sociais

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Em um novo episódio de sua campanha de desacreditação contra a oposição política, o regime cubano atacou os ativistas José Daniel Ferrer e Rosa María Payá em um artigo publicado nesta sexta-feira no jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista.

Sob o título "Ativistas contrarrevolucionários exigem dupla bloqueio contra Cuba", o texto rotula de “mercenários” ambos os opositores e os acusa de incitar a União Europeia a suportar as sanções econômicas contra a Ilha.

Segundo o texto oficialista, Ferrer e Payá teriam solicitado durante uma audiência no Parlamento Europeu “reforçar a política de cerco econômico contra seu próprio país”.

Em palavras do autor, ambos “fazem parte da chamada 'oposição tarifada'”, a qual acusa de “pedir mais medidas coercitivas, acirrar o bloqueio e até mesmo a agressão militar para derrubar o Governo”.

O artigo continua com uma diatribe carregada de ideologia e agressividade. “Alinhados com Washington, buscam o mesmo de sempre, enfraquecer a Revolução e garantir o preenchimento de seus bolsos famintos, em risco devido às restrições de fundos decretadas pela Casa Branca”.

Também se acusa Rosa María Payá de “receber fundos da administração estadunidense” e de buscar, juntamente com Ferrer, a suspensão do Acordo de Diálogo Político e Cooperação entre Cuba e a União Europeia.

Em um dos parágrafos mais virulentos, o texto afirma que “é inacreditável o quanto de perverso tem a alma daqueles que, por dinheiro, são capazes de causar tanto dor ao seu próprio povo [...] Os mercenários, porque não existe outra forma de chamá-los, tentam aumentar a parada [...] em troca de um olhar de aprovação de seus senhores”.

O líder da União Patriótica de Cuba (UNPACU), José Daniel Ferrer, respondeu de sua conta oficial no X (anteriormente Twitter), denunciando o caráter orquestrado do ataque.

"Aqui está a melhor prova de que os ataques furiosos e difamações contra @RosaMariaPaya e contra minha pessoa [...] têm sua origem na ordem da tirania de @DiazCanelB. [...] O regime sentiu que não era suficiente e decidiu atacar a partir do seu órgão oficial, o @Granma_Digital. [...] As sedes das @DamasdBlanco e da #UNPACU estão cercadas por forças repressivas."

Este artigo da Granma faz parte de uma longa tradição em que o regime utiliza os meios estatais como ferramentas de difamação para deslegitimar a dissidência. Em vez de oferecer um debate democrático sobre as críticas expressas pelos ativistas, recorre-se à desqualificação pessoal, à manipulação ideológica e à criminalização do ativismo.

Rosa María Payá foi recentemente nominada como candidata à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pelo governo dos Estados Unidos, o que foi recebido com forte rejeição por parte do regime. Esta nomeação é interpretada como um reconhecimento ao seu trabalho na defesa dos direitos civis e políticos dos cubanos.

Além disso, participou de diferentes audiências no Parlamento Europeu, onde reiterou que a situação em Cuba é de “fome e miséria imposta” e denunciou o encarceramento arbitrário de centenas de presos políticos.

Além disso, insistiu que a comunidade internacional deve parar de "apoiar a ditadura" e se concentrar em fortalecer a sociedade civil cubana.

José Daniel Ferrer, por sua vez, foi libertado em 16 de janeiro deste ano, após três anos e meio de isolamento total e arbitrário.

Desde sua saída da prisão tem continuado seu ativismo político e social, recebendo a constante repressão das forças opressoras do regime cubano.

Recientemente, denunciou um corte total do serviço de internet no bairro de Altamira, em Santiago de Cuba, onde se localiza a sede principal da UNPACU, após a visita de uma equipe de jornalistas da agência internacional Reuters.

Perguntas frequentes sobre a repressão a opositores em Cuba

Por que o regime cubano ataca José Daniel Ferrer e Rosa María Payá?

O regime cubano ataca José Daniel Ferrer e Rosa María Payá porque são figuras proeminentes da oposição política, que buscam denunciar as violações de direitos humanos em Cuba e promover sanções internacionais contra o governo cubano. Esses ataques visam deslegitimar seu trabalho e silenciar seus esforços por uma mudança democrática na ilha.

Como responde José Daniel Ferrer às acusações do regime cubano?

José Daniel Ferrer responde às acusações do regime cubano denunciando o caráter orquestrado desses ataques, atribuindo-os a ordens diretas da tirania de Miguel Díaz-Canel. Em suas redes sociais, Ferrer destaca que o regime utiliza essas táticas para desacreditar seu trabalho e desviar a atenção da crise interna que o país enfrenta.

Que medidas o regime cubano tomou para reprimir opositores como Ferrer?

O regime cubano intensificou a repressão contra opositores como José Daniel Ferrer por meio de vigilância constante, detenções arbitrárias, cortes de internet e assédio ao seu entorno. Essas ações visam limitar sua capacidade de comunicação e seu trabalho humanitário, além de intimidar aqueles que os apoiam.

Qual tem sido a reação internacional diante da repressão em Cuba?

A comunidade internacional, especialmente os Estados Unidos, expressou sua preocupação com a repressão em Cuba, denunciando as táticas do regime para silenciar os opositores. Chamadas à solidariedade global foram feitas para proteger os ativistas e foi solicitada pressão diplomática para garantir a segurança dos opositores e de seu entorno.

Como a repressão afeta o trabalho humanitário de Ferrer em Cuba?

A repressão afeta gravemente o trabalho humanitário de José Daniel Ferrer ao impedir a distribuição de alimentos e atendimento médico a pessoas vulneráveis em Santiago de Cuba. O cerco policial e a vigilância constante dificultam a assistência aos necessitados, refletindo a grave crise humanitária que a ilha enfrenta.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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