Díaz-Canel agradece a "compreensão" após dois dias de apagão e os cubanos reagem com indignação

Enquanto o governante comunista busca projetar uma imagem de controle e gratidão, muitos cubanos fazem um apelo pela melhoria urgente das condições de vida em um país que esqueceu de seus filhos.

Miguel Díaz-CanelFoto © X/@PresidenciaCuba e CiberCuba

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No afã de expressar sua gratidão pela "compreensão" das famílias cubanas durante as horas de incerteza vividas devido à desconexão do Sistema Elétrico Nacional (SEN), o mandatário Miguel Díaz-Canel enfrentou uma forte onda de críticas nas redes sociais.

Numerosos usuários reagiram com indignação, acusando-o de insensibilidade e de minimizar as dificuldades que o povo enfrenta, denunciando que sua mensagem não se ajusta à realidade diária de quem luta para sobreviver em meio à crise energética.

Vayamos passo a passo. O dirigente comunista publicou em suas diferentes plataformas: “Obrigado Cuba, pela compreensão nos momentos de incerteza e desconforto devido à desconexão do SEN. E agradeço aos trabalhadores e diretores da União Eléctrica de Cuba, que enfrentaram isso sem um segundo de descanso. Continuamos com déficit, mas já conectados, escreveu em suas redes sociais”.

Sin embargo, o mensagem despertou a ira de muitos cubanos e alguns não hesitaram em responder e deixar claro que ele é um dos culpados pelas dificuldades dos cidadãos da ilha.

Por exemplo, a usuária Lunita publicou no X: “É preciso ser muito desonesto para falar tanta bobagem do seu ar-condicionado enquanto o povo vê o pouco que tem para comer se deteriorar”.

Outros, como o internauta Frank El Makina, ridicularizaram o presidente, chamando-o de “palhaço” e lembrando o tratamento repressivo em relação aos cidadãos.

Além disso, comentários na seção da mesma publicação, mas no Facebook, igualmente evidenciaram um descontentamento generalizado.

Alguns usuários apontaram que a “compreensão” do povo não é voluntária, mas sim fruto do medo, enquanto outros criticam a desconexão prolongada que ainda afetam localidades como Guisa e Pedro Betancourt, onde o serviço elétrico tem sido intermitente. “O único que está conectado aqui é você, porque em Pedro Betancourt ligaram a luz de 3 a 4 horas e já não vimos mais nenhuma luz acender”, expressou um usuário.

Outros sublinharam o cinismo e a desconexão do governo, sugerindo que o povo suporta por medo de represálias.

Esta reação nas redes sociais evidencia o crescente desencanto e a frustração de uma cidadania que, em meio a uma crise de serviços básicos e dificuldades econômicas, se sente abandonada e reprimida.

Lejos de oferecer soluções concretas, o mandatário alertou que o país continua enfrentando um grave déficit energético e deixou claro que os cortes no fornecimento de energia elétrica permanecerão.

Enquanto Díaz-Canel tenta projetar uma imagem de controle e gratidão, muitos cubanos fazem um apelo pela urgente melhoria das condições de vida em um país que, segundo eles, se esqueceu de seus filhos.

Continuam os cortes de energia programados em Cuba após o colapso elétrico

A União Elétrica de Cuba (UNE) continua com os apagões programados após o colapso elétrico e apesar de ter confirmado que o SEN foi restabelecido em todo o país.

Em seu relatório desta segunda-feira, apontaram que no dia 16 de março o serviço foi afetado 24 horas por dia. A maior afecção foi de 1.601 MW às 19h30, mas não coincidiu com o horário de pico.

A disponibilidade do SEN às 07:00 horas desta segunda-feira é de 1.900 MW e a demanda é de 2.600 MW, com 736 MW afetados. No horário do meio-dia, estima-se uma afetacão de 1.200 MW.

Díaz-Canel diz que não vive alheio ao povo

Em março de 2024, Díaz-Canel afirmou que ele não vive alheio ao povo e que o primeiro termômetro para conhecer o estado de opinião da população são seus amigos e sua família.

Quatro dias após as protestas que abalaram várias localidades de Cuba, onde centenas de pessoas foram às ruas exigir seus direitos, ele apareceu na televisão tentando transmitir uma imagem de pessoa humilde e empática com as necessidades do povo.

"Nenhum de nós vive alheio ao povo. Estou em um ambiente familiar, de amizade, de trabalho, onde as pessoas enfrentam os mesmos problemas da população porque são parte do povo", disse.

"Portanto, meus amigos, minha família também, no melhor sentido, reclamam de que a situação está difícil, compartilham conosco esses critérios", acrescentou.

O mandatário afirmou que existem mecanismos para estudar os estados de opinião que chegam até ele em tempo real, mas insistiu que seus familiares e amigos são a via mais direta pela qual ele se informa sobre o que as pessoas pensam.

Perguntas Frequentes sobre a Crise Energética em Cuba

Por que há cortes de energia frequentes em Cuba?

Os apagões frequentes em Cuba são causados pelo colapso do Sistema Elétrico Nacional (SEN), que se originam devido à falta de manutenção das usinas termoelétricas, como a Antonio Guiteras, e à escassez de combustível. A situação se agrava pela falta de investimento na infraestrutura elétrica e pela má gestão governamental.

Como a população cubana reagiu aos comentários de Díaz-Canel sobre a crise energética?

A população cubana reagiu com indignação e descontentamento diante dos comentários de Díaz-Canel, classificando suas palavras como insensíveis e desconectadas da realidade. Os cidadãos expressaram sua frustração nas redes sociais, exigindo mudanças e criticando a falta de soluções eficazes por parte do governo.

Quais medidas o governo cubano está implementando para resolver a crise energética?

O governo cubano anunciou a criação de "microssistemas" e "ilhas de energia" como medidas temporárias para mitigar os apagões, e prometeu trabalhar incansavelmente para restabelecer o SEN. No entanto, não foi apresentado um plano claro e eficaz a longo prazo, e os cortes de eletricidade continuam a afetar a população.

Como a crise energética afeta a vida diária dos cubanos?

A crise energética afeta gravemente a vida cotidiana dos cubanos, interrompendo serviços essenciais como água potável e refrigeração de alimentos. Os blecautes prolongados dificultam o preparo de refeições e o acesso a serviços de saúde, exacerbando as já difíceis condições de vida e aumentando o descontentamento social.

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