Governo cubano sobre deportações dos EUA: "Foram vítimas de um engano"

Havana recebeu no final de fevereiro 104 deportados, sendo o primeiro voo desse tipo durante a atual administração de Donald Trump.


Em um episódio recente do programa Youtube "Desde a Presidência", apresentado pelo governante Miguel Díaz-Canel, o tema das deportações e as sanções dos Estados Unidos foram abordados com uma perspectiva sobre o impacto que têm na emigração cubana.

No espaço participaram o ex-espião Gerardo Hernández Nordelo, coordenador nacional dos Comités de Defesa da Revolução (CDR), e Johana Tablada de la Torre, funcionária do Ministério das Relações Exteriores (MINREX), que garantiram que as políticas de Washington têm estimulado a emigração irregular e agora estão punindo aqueles que decidiram abandonar a ilha nessas condições.

"Carlos Jiménez, um congressista da Flórida, disse que agora vem mais medidas e que o que resta é nada. Isso faz parte de um jogo político em que enganam a população. A maioria tinha até mesmo uma agenda familiar e muitos deles foram obrigados a deixar Cuba devido às pressões dessas mesmas medidas", destacou Tablada de la Torre na transmissão.

Por sua vez, Hernández Nordelo acrescentou que a aplicação de sanções econômicas e a inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo provoca mais emigração irregular, e agora as autoridades norte-americanas ameaçam deportar aqueles cubanos que, em seu momento, foram incentivados a emigrar com falsas promessas. "É completamente imoral o que fazem", sublinhou o ex-espião cubano.

Díaz-Canel, em outro momento, destacou que esta situação tem sido reforçada por uma "construção midiática" que oculta a realidade do impacto do bloqueio e das sanções na vida cotidiana dos cubanos. No entanto, não mencionou o descontentamento interno e a crise estrutural que têm gerado um êxodo massivo de cubanos em busca de uma vida melhor.

"Quando explicamos essas coisas para pessoas de outros países, elas não conseguem entender que um cubano vive situações extremas devido a uma política que é genocida e criminosa", afirmou o governante.

Enquanto o regime cubano culpa Washington pela crise migratória, evade sua própria responsabilidade na situação econômica e política que leva milhares de cubanos a fugir do país.

As declarações oficiais omitem que a falta de oportunidades, a repressão política e a ausência de liberdades na ilha têm sido fatores-chave na maior onda migratória em décadas.

No dia 27 de fevereiro, o governo de Cuba recebeu o primeiro voo de deportação proveniente dos Estados Unidos durante a administração de Donald Trump.

Um total de 104 migrantes cubanos (84 homens, 19 mulheres e um menor) chegaram à Ilha, em uma operação que faz parte dos acordos bilaterais de repatriação, que se reanudaram após o aumento exponencial da migração cubana nos últimos anos, alimentada em grande parte pela crise interna que o próprio governo de Havana não conseguiu resolver.

Há poucos dias, o governo cubano manifestou sua disposição para receber migrantes deportados dos Estados Unidos, desde que sejam respeitados os acordos bilaterais estabelecidos entre os dois países.

Carlos Fernández de Cossío, vice-ministro de Relações Exteriores de Cuba, destacou em uma recente entrevista ao programa oficialista Mesa Redonda, a importância de garantir uma migração regular, segura e ordenada, sublinhando que as devoluções devem ser realizadas conforme os termos acordados.

Assim, o Departamento de Estado dos Estados Unidos garantiu que os contatos com o governo de Havana serão estabelecidos apenas quando forem indispensáveis.

"Quando os Estados Unidos precisam se reunir com o governo cubano, o fazemos", respondeu em um e-mail enviado para Martí Noticias.

Perguntas frequentes sobre as deportações de cubanos dos EUA e a crise migratória

Como a política dos EUA afeta a emigração cubana?

A política dos EUA, segundo o governo cubano, tem estimulado a emigração irregular ao impor sanções econômicas e manter Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo, o que pressiona os cubanos a saírem da ilha em busca de melhores oportunidades.

O que diz o governo cubano sobre as deportações dos EUA?

O governo cubano considera que as deportações são uma consequência de um "enganoso" por parte dos EUA, que incentiva a emigração com falsas promessas e depois penaliza aqueles que decidiram abandonar o país.

Quais são as razões reais por trás da emigração cubana?

A despeito das acusações ao governo dos EUA, os cubanos emigram principalmente devido à crise interna do país, que inclui uma economia descontrolada, falta de liberdades e repressão política, fatores que impulsionam o êxodo massivo.

Como Cuba aborda as deportações dos EUA?

Cuba expressou disposição para receber os migrantes deportados, mas insiste que sejam respeitados os acordos bilaterais estabelecidos. No entanto, o retorno dos deportados enfrenta uma realidade complicada na ilha, com poucas oportunidades de reintegração.

Qual é o papel das sanções dos EUA na crise cubana?

As sanções dos EUA são vistas pelo governo cubano como um fator que agrava a crise econômica e provoca mais emigração. No entanto, a crise também é consequência de problemas estruturais internos que o regime não resolveu.

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