Uma cubana com I-220A e mãe de um menino pequeno nascido nos EUA. foi detida nesta segunda-feira durante sua consulta de controle com o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) em Miramar, no condado de Broward.
A migrante, identificada como Yadira Cantallops Hernández, havia solicitado asilo nos Estados Unidos e tem data de corte em abril.
Ella entrou nos Estados Unidos pela fronteira sul junto com seu esposo, em janeiro de 2022, e ambos receberam o formulário I-220A.
Cantallops vinha comparecendo às suas consultas de controle migratório. No entanto, em sua terceira aparição perante o ICE, foi retida sem uma explicação clara.
“Por volta das três da tarde, um oficial saiu e me disse que ela ficaria detida. Perguntei por quê, se ela havia solicitado asilo, e o oficial me respondeu que não sabia”, relatou em declarações à Univision Ernesto, esposo da detida.
O casal havia solicitado asilo com a ajuda de um notário, que apresentou seu caso ao Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS).
No entanto, o caso não constava no sistema do tribunal de imigração, um problema que agora enfrentam com a ajuda do advogado Jesús Novo.
“Pensávamos no início que essa poderia ter sido a causa, no entanto, tivemos outros casos, pessoas que haviam solicitado seu asilo na corte e também haviam sido detidas. É algo preocupante. Mas, por outro lado, nem todas as pessoas que estão indo com I-220A estão sendo mantidas detidas”, apontou Novo.
O marido da migrante detida está em estado de choque após o que aconteceu.
“Tinha o telefone dele, ele se reportava, tudo normal, fomos levando a vida”, explicou Ernesto.
No entanto, agora sua esposa está no centro de detenção para migrantes de Broward, conhecido como BTC, há quatro noites.
Enquanto Yadira continua detida, Ernesto enfrenta a difícil tarefa de explicar ao seu filho por que sua mãe não está em casa. No momento, ele diz que "está trabalhando".
“É algo difícil separar um filho de uma mãe”, concluiu o jovem.
Uma família com antecedentes de perseguição política em Cuba
Segundo o testemunho da mãe e de um primo da detida, a família foi perseguida pelo regime cubano devido ao seu ativismo em prol dos direitos humanos.
Seu tio, Lorenzo García, teria sido preso político e fundador do movimento opositor "Claridad". Sua mãe, Mailin Hernández, teria atuado como tesoureira do movimento. Segundo afirmam, essa função lhe custou anos de vigilância e assédio por parte da Segurança do Estado.
O pai da jovem, Alberto Cantallops, foi condenado a seis anos de prisão em Cuba, vítima do que a família descreve como uma estratégia do regime para silenciar a dissidência. Durante seu encarceramento, sofreu assédio e represálias.
Desde a infância, Yadira foi testemunha da perseguição política que sua família sofreu. Viveu sob vigilância constante, foi assediada na escola e, mais tarde, no seu local de trabalho.
Segundo sua mãe, Yadira foi demitida do Hotel Pernik em Holguín por se recusar a participar de atividades políticas do Partido Comunista.
“O simples fato de viver no apartamento que era a sede do nosso movimento de direitos humanos a tornou um alvo do G2. Ela era constantemente assediada e vigiada”, denunciou Mailin Hernández em uma mensagem direcionada a um familiar para pedir ajuda na divulgação de seu caso.
Esse histórico de perseguição levou a que Yadira e sua mãe fossem aprovadas para receber refúgio político nos EUA, mas não puderam viajar devido à doença de sua mãe. Finalmente, Yadira fugiu de Cuba grávida, atravessando a fronteira de forma irregular para salvaguardar sua vida e a de seu filho.
Um primo, Ariel Góngora, denunciou nas redes sociais a injustiça da detenção e reiterou os argumentos da mãe da jovem, considerando que seu caso de asilo é legítimo e que não deveria ser deportada.
“É injusto que deportem esta jovem que saiu fugindo grávida pelo assédio do G2 e foi expulsa de seu trabalho por se recusar a participar de atividades políticas. Enquanto há criminosos e comunistas confirmados que não enfrentam consequências”, escreveu Góngora nas redes sociais.

Góngora compartilhou no Facebook uma captura de uma mensagem de Whatsapp da mãe da jovem, Mailin Hernández, que detalhou o histórico familiar e fez um apelo urgente nas redes para viralizar o caso.
“Arielito, quem te escreve é Mailin, a mulher do seu primo Albertico. Preciso do seu número para te ligar, pois estou sem energia e estou em cima da placa da minha casa tentando me comunicar com alguém que possa me ajudar a tornar o caso de Yadira viral. Ela se apresentou hoje a uma consulta de rotina de asilo (I-220A) e a deixaram detida”, escreveu Hernández.
Nesta quinta-feira, Yadira tinha uma entrevista com seu oficial de deportação, que poderá decidir se a libera com uma fiança à qual tem direito ou se seu caso é levado a um juiz de imigração.
Yadira Cantallops se junta ao caso de Laura de la Caridad Sánchez, uma cubana de 26 anos com I-220A, que também foi detida ao comparecer à sua consulta de controle com o ICE nesta segunda-feira.
Perguntas frequentes sobre detenções de cubanos com I-220A nos Estados Unidos
O que é o formulário I-220A e como ele afeta os cubanos nos EUA?
O formulário I-220A é uma ordem de liberdade condicional que permite aos migrantes permanecer temporariamente nos Estados Unidos enquanto resolvem sua situação migratória. No entanto, não é uma garantia de residência nem de proteção contra deportação, o que gera incerteza entre os cubanos que o possuem.
Por que estão detendo cubanos com I-220A durante suas citações no ICE?
As detenções de cubanos com I-220A durante suas consultas com o ICE, como no caso de Yadira Cantallops e Laura de la Caridad Sánchez, parecem estar vinculadas a novas medidas migratórias mais rigorosas implementadas pela administração Trump. Embora os detidos tenham cumprido suas obrigações legais e não tenham antecedentes criminais, as detenções ocorrem sem explicação clara, o que gerou preocupação na comunidade migrante.
O que podem fazer os cubanos com I-220A para se protegerem da deportação?
Os cubanos com I-220A devem manter-se informados sobre sua situação legal e seguir todas as instruções do USCIS e dos tribunais de imigração. É importante que aqueles com casos de asilo abertos apresentem toda a documentação necessária e considerem buscar orientação jurídica para fortalecer seu caso. Além disso, estão sendo trabalhadas ações judiciais e projetos de lei para melhorar sua situação migratória.
Existem esforços legais para apoiar os cubanos com I-220A?
Sí, um grupo de advogados está preparando uma ação para tirar do limbo migratório cerca de 500.000 cubanos com I-220A. Além disso, a congressista cubano-americana María Elvira Salazar está trabalhando em um projeto de lei que pode beneficiar esses migrantes. Essas ações visam fornecer uma solução legal e evitar deportações injustas.
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