Prisoners Defenders expõe fraude nas solturas de presos políticos em Cuba

As organizações publicaram vários relatórios após as autoridades cubanas anunciarem o encerramento do processo de liberação de 553 pessoas.

Imagem de referência de prisioneiroFoto © Grok / CiberCuba

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Várias organizações de direitos humanos, tanto cubanas quanto internacionais, questionaram o recente processo de libertação de prisioneiros em Cuba e afirmaram que ele tem sido "opaco, incompleto, injusto e fraudulento".

As organizações publicaram vários relatórios após as autoridades cubanas anunciarem o encerramento do processo de libertação de 553 pessoas "sentenciadas por diversos crimes", pouco menos de dois meses depois que o Ministério de Relações Exteriores de Cuba afirmou que essa medida fazia parte de um acordo com o Vaticano.

Prisoners Defenders (PD) afirmou que "o regime cubano anunciou a 'liberação gradual' por meio de 'benefícios' penitenciários de 553 presos"; mas que, na realidade, "nenhum foi propriamente liberado".

Argumenta que apenas "230 presos políticos foram liberados sob as draconianas condições de um 'regime carcerário-domiciliar'" e "323 dos 553 liberados são criminosos comuns que o regime tentou fazer passar por presos políticos". Adiciona que "a fraude foi confirmada por um estudo rigoroso que também demonstrou que mais de 85% dos 230 presos políticos liberados já tinham direito ao regime aberto".

Desses, 183 cidadãos eram participantes em protestos pacíficos, 41 ativistas de direitos humanos e seis artistas. Nenhum jornalista independente foi liberado, detalha a PD.

Da mesma forma, a ONG Anistia Internacional (AI) qualificou o processo como "cheio de irregularidades", apontando que careceu de "transparência estatal" e que não garante que os liberados "não sejam alvo de novas detenções". O próprio regime ameaçou na televisão nacional com a possibilidade de reencarcerá-los se não "cumprirem com as condições da liberdade".

Por sua parte, a Human Rights Watch (HRW) o descreveu como "opaco, arbitrário e injusto", enquanto o Observatório Cubano de Direitos Humanos (OCDH) acusou o governo da ilha de tentar "enganar a comunidade internacional" com uma medida que considerou "incompleta e injusta".

A plataforma Justicia 11J ressaltou a "falta de transparência", "opacidade" e "arbitrariedade" na seleção dos beneficiados, argumentando que o processo não representa um "avanço real em matéria de direitos humanos, mas sim uma manobra de manipulação política".

Uma das principais críticas às ONGs é que a maioria dos liberados são presos comuns e não detidos por razões políticas, como argumentou o PD.

Quando Washington anunciou a exclusão de Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo, mencionou que essa decisão estava relacionada a um acordo —mediado pelo Vaticano— pelo qual Havana libertaria numerosos presos políticos encarcerados após os protestos de 11 de julho de 2021. No entanto, as organizações denunciam que a libertação de opositores e manifestantes do 11 de julho de 2021 foi limitada.

Em fevereiro, as organizações contaram sete novos presos políticos na ilha, totalizando 1150.

Perguntas frequentes sobre as liberações de prisioneiros políticos em Cuba

Quais irregularidades foram denunciadas no processo de libertação de presos políticos em Cuba?

O processo foi qualificado como "opaco, incompleto, injusto e fraudulento" por diversas organizações de direitos humanos. Denunciam que o regime misturou presos políticos com criminosos comuns e que muitos dos liberados já tinham direito à liberdade ou ao regime aberto há bastante tempo. Além disso, as liberações foram feitas sob um "regime carcerário-domiciliar" com severas restrições.

Quantos presos políticos estão atualmente em Cuba?

Según Prisoners Defenders, atualmente há 1.150 presos políticos em Cuba, muitos dos quais estão detidos por participar nos protestos de 11 de julho de 2021. As recentes liberações não resultaram em uma redução significativa desse número.

Quais condições enfrentam os prisioneiros políticos recém-libertados em Cuba?

Os presos políticos libertados estão sob um "regime carcerário-domiciliar", o que implica restrições severas como a proibição de sair de suas cidades, limitações para se expressar publicamente e a obrigação de se apresentar regularmente às autoridades. Não se trata de uma liberdade plena e eles podem ser reincarcerados se não cumprirem as condições impostas.

Que papel tem desempenhado o Vaticano no processo de libertação de presos em Cuba?

O Vaticano mediou nas negociações para a libertação de presos em Cuba, o que foi apresentado como um "gesto de esperança" pelo Papa Francisco. No entanto, as organizações de direitos humanos criticam que o processo carece de transparência e não libertou todos os prisioneiros políticos como se esperava inicialmente.

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