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A fundadora e funcionária da Escola Internacional de Cinema e Televisão (EICTV) de San Antonio de los Baños, Hildelisa Hernández, foi transportada em um ônibus até o cemitério devido à falta de um carro fúnebre na funerária local.
A denúncia foi feita em redes sociais pela também fundadora da EICTV, Clara Carballea, que lamentou a precariedade do serviço funerário e destacou o trabalho de Hernández na criação e desenvolvimento da EICTV, uma instituição fundamental na formação cinematográfica em Cuba e na América Latina.
“Ontem faleceu uma Grande Amiga, companheira por muitos anos, funcionária da Escola Internacional de Cinema e TV. Nossa querida fundadora, Hildelisa Hernández, que dedicou sua vida a esse Projeto. Mas o mais triste foi que nem mesmo havia um carro na funerária para levá-la ao cemitério e coube à Escola providenciar um ônibus”, expressou Carballea.
As imagens compartilhadas mostram o caixão colocado no corredor do ônibus, com flores em cima, enquanto um punhado de pessoas a acompanhava no último trajeto até o cemitério.
Um legado na formação de cineastas
A Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, fundada em 1986 pela iniciativa do Nobel de Literatura colombiano Gabriel García Márquez, junto a cineastas como Fernando Birri e Julio García Espinosa, tem sido um referência no ensino cinematográfico no mundo hispânico.
Ao longo de seus quase 40 anos de existência, a instituição formou milhares de cineastas de diferentes partes do mundo, adquirindo notoriedade como um espaço de experimentação e desenvolvimento do cinema independente.
No entanto, nos últimos anos, a escola tem enfrentado dificuldades econômicas e problemas estruturais.
Em maio de 2023, o governo cubano visitou a instituição e prometeu apoio diante de denúncias sobre o deterioro de suas instalações e a falta de recursos. Apesar disso, muitos de seus alunos e professores expressaram preocupação com o futuro da escola.
No passado, a EICTV foi cenário de protestos e reivindicações por parte de estudantes e docentes devido à crise econômica e à falta de liberdades de expressão no país, como ficou evidente em julho de 2021, quando alunos e professores pediram a libertação dos manifestantes detidos durante os protestos do 11J.
A crise do sistema funerário em Cuba
Este lamentável acontecimento volta a evidenciar as graves carências que afetam os serviços funerários em Cuba, onde a falta de recursos levou a situações críticas como a escassez de caixões, atrasos nos traslados e a precariedade das instalações funerárias.
O deterioro foi documentado em múltiplas ocasiões, com relatos de familiares obrigados a improvisar meios de transporte para os falecidos e a proliferação de caixões reutilizados ou em mau estado.
Casos semelhantes ao de Hildelisa Hernández foram denunciados por cubanos em diversas províncias, onde a crise econômica do país provocou o colapso de serviços essenciais, incluindo os funerários.
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