Golpe ao comércio eletrônico: Estados Unidos suspende chegada de pacotes da China

A medida entrou em vigor nesta terça-feira.

Aplicativos da Temu e Shein (i) e Caminhão do USPS (d)Foto © Shutterstock - Wikimedia

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O Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS) anunciou nesta terça-feira a suspensão temporária da chegada de pacotes provenientes da China e de Hong Kong "até novo aviso".

Consumidores americanos podem enfrentar um aumento nos preços de produtos populares em plataformas chinesas, assim como atrasos na entrega de pedidos.

A medida ocorre no contexto das tensões comerciais entre Washington e Pequim e o fim da isenção aduaneira conhecida como "de minimis", que permitia a entrada de pacotes de menos de 800 dólares sem o pagamento de tarifas.

"A partir de 4 de fevereiro, o Serviço Postal suspenderá temporariamente somente a aceitação de pacotes internacionais da China e de Hong Kong até novo aviso. O fluxo de cartas e envelopes não será afetado", destacou o USPS em um breve comunicado publicado em seu site.

A decisão chega apenas alguns dias depois que o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que eliminou a isenção "de minimis", vigente por quase um século, o que implica que os envios de baixo custo da China e de Hong Kong agora estarão sujeitos a tarifas e inspeções aduaneiras.

A medida faz parte da política de pressão comercial de Washington sobre Pequim, que inclui uma nova tarifa de 10% sobre produtos chineses.

Impacto no comércio eletrônico chinês

O fim da isenção aduaneira afeta diretamente gigantes do comércio eletrônico como Shein, Temu e AliExpress, plataformas chinesas que fundamentaram seu modelo de negócio na venda de produtos de baixo custo sem o pagamento de impostos.

"O fluxo de envios da China para os Estados Unidos sob o regime 'de minimis' multiplicou-se por 10 entre 2015 e 2024, passando de 139 para 1,360 milhões de pacotes", segundo dados do portal econômico Yicai, citados pela Europa Press.

Essas plataformas desafiaram varejistas americanos como Amazon, eBay e Etsy, aproveitando os baixos custos de produção e a isenção de taxas alfandegárias para oferecer roupas, artigos para o lar e eletrônicos a preços mínimos.

No entanto, com a eliminação do "de minimis" e a suspensão do serviço postal a partir da China, as empresas poderão ser obrigadas a aumentar os preços ou a mudar seu modelo logístico.

Jacob Cooke, diretor geral da agência WPIC Marketing + Technologies, destacou em declarações coletadas pela AP que "ao contrário da Temu, a Shein depende mais do USPS para o envio direto ao consumidor a partir da China, e sem esse canal, terá que recorrer a transportadoras privadas, o que aumentará os custos logísticos".

Embora a Temu também seja afetada, a plataforma já implementou uma estratégia baseada em remessas em grande escala para armazéns nos Estados Unidos, a fim de reduzir custos.

Reação das empresas e alternativas logísticas

Para mitigar o impacto da medida, a Temu começou a abrir armazéns nos Estados Unidos, o que lhe permitirá enviar produtos do território americano e evitar os novos impostos.

A Shein, por sua vez, acelerou sua expansão com centros de distribuição locais, embora seu modelo de negócio baseado na rapidez de entrega possa ser significativamente afetado.

O governo chinês reagiu com firmeza à medida dos Estados Unidos. Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, declarou que Pequim tomará "medidas necessárias" para proteger suas empresas e exortou Washington a "parar de politizar os assuntos econômicos e comerciais e usá-los como ferramenta para suprimir irrazoavelmente as empresas chinesas".

Não está claro quanto tempo durará a suspensão do USPS, mas o fim da isenção "de minimis" parece ser uma mudança de política a longo prazo.

A Agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP) informou que processa uma média de mais de quatro milhões de importações sob esse mecanismo a cada semana, o que sugere que a nova regulação pode ter um impacto massivo no comércio transfronteiriço.

Cooke considera que Shein e Temu simplesmente terão que depender mais de transportadoras privadas como solução para a suspensão do USPS.

A longo prazo, a Shein pode ser obrigada a consolidar suas operações nos Estados Unidos, enquanto a Temu pode reforçar seu modelo de envios por atacado.

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