Sacerdote Alberto Reyes: “Não fui embora de Cuba, nem tenho a menor intenção de fazê-lo.”

O sacerdote Alberto Reyes, crítico do regime cubano, reafirma sua permanência em Cuba, em resposta a questionamentos sobre se ele deixou o país.

Padre Alberto ReyesFoto © Captura do Youtube/Martí Noticias

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O sacerdote Alberto Reyes Pías, uma das vozes da Igreja Católica críticas do regime ditatorial de Cuba, afirmou nesta terça-feira que não saiu do país nem tem intenções de fazê-lo.

Reyes respondeu assim a perguntas frequentes sobre se deixou a ilha: “Muitas pessoas têm me perguntado se eu saí de Cuba. Isso me surpreende. Eu não fui, nem tenho a mínima intenção de fazê-lo”, assegurou em uma publicação no Facebook, rede social que utiliza frequentemente para realizar profundas reflexões sobre a realidade do país e transmitir mensagens de ânimo ao povo cubano diante das dificuldades que enfrenta devido às políticas governamentais fracassadas.

Captura do Facebook/Alberto Reyes

As palavras do pároco da arquidiocese de Camagüey receberam imediatamente o apoio de dezenas de seus seguidores e fiéis, que o qualificaram de “valente cubano” e “orgulho dos católicos”, exaltaram a clareza meridiana das análises que publica nas redes e lhe expressaram admiração e respeito por sua postura e trabalho sacerdotal.

No primeiro dia de 2025, Reyes compartilhou um texto onde expôs uma visão de futuro para Cuba no ano recém-iniciado, e expressou sua esperança de que chegue o momento em que ninguém queira deixar o país.

Inspirado na célebre frase do reverendo Martin Luther King Jr.: “Eu tenho um sonho”, o sacerdote apontou que Cuba precisa de uma mudança radical em direção à liberdade, à prosperidade e à reconciliação, e que seja um país de “onde ninguém queira sair e onde todos queiram vir viver”.

Reyes fez um apelo à esperança e confessou seu sonho de uma Cuba onde um dia a miséria e a escassez sejam coisas do passado, e a alegria e o progresso façam parte do cotidiano.

Imaginou também um país livre de presos políticos, onde as mães e esposas não precisem enfrentar a violência por exigir liberdade para seus entes queridos; e manifestou seu desejo por um sistema de justiça baseado no respeito e não na repressão, onde a liberdade de expressão seja uma realidade e todos possam participar do debate público sem medo.

Hace alguns dias, o padre se pronunciou sobre a libertação de 553 prisioneiros políticos em Cuba, anunciada pelo regime castrista após negociações com os Estados Unidos com a mediação do Vaticano, e questionou o “chantagem” das autoridades cubanas ao usarem os prisioneiros como moeda de troca “a favor da continuidade do mal”.

"Para começar, o encarceramento por motivos políticos é uma violação da liberdade pessoal dos indivíduos. De fato, não deveria haver presos políticos, mas usá-los como mercadoria é não reconhecer não só seu direito à liberdade de expressão, mas também sua própria dignidade, seu próprio valor como pessoas", afirmou.

O pároco levantou várias questões em decorrência do anúncio da medida: “O que acontecerá com aqueles que não serão libertados? Se isso realmente responde a 'um gesto de boa vontade', por que não se faz o mesmo com todos? Pergunto-me, além disso, o que vai acontecer com os que saíram? Serão condicionados a deixar o país, queiram ou não? Serão permitidos a reintegrar-se pacificamente à sociedade, ou a vida deles será feita insuportável?”.

Em um texto pontual e preciso, o eclesiástico instou o governo cubano a “reconhecer o direito dos cidadãos de expressar publicamente suas opiniões, mesmo que entre essas opiniões esteja o desejo de uma mudança de sistema”, “deixar de reprimir e de exercer violência sobre aqueles que decidirem manifestar-se pacificamente por qualquer meio” e “reconhecer o direito deste povo à diversidade de opções políticas, ao saudável pluripartidarismo, e à possibilidade de definir nas urnas o sistema político que preferirem escolher”.

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