O sacerdote cubano Alberto Reyes, da diocese de Camagüey, expressou sua preocupação com o fato de que a situação de miséria, repressão e estagnação social tenha levado à contaminação da alma de muitas pessoas.
Reyes, um crítico ferrenho da ditadura, compartilhou um texto em seu mural do Facebook no qual recorda que o comunismo não busca gerar riquezas, mas sim retirar aquelas que foram conquistadas com esforço, e que sua ideologia considera o indivíduo como uma peça que deve estar a seu serviço.
O P. Reyes afirma que, apesar disso, há quem tente conquistar algo próprio em meio ao assédio, outros emigram e outros tentam sobreviver como conseguem, sem deixar de se alegrar com os triunfos alheios. Mas ressalta que o comunismo não se nutre desses casos, apenas se alimenta do ressentimento, do desprezo por quem avança e do ódio por quem se sente livre e feliz.
A seguir, CiberCuba compartilha o texto integral da publicação:
"Tenho pensado... (XC) por Alberto Reyes Pías"
Tenho refletido sobre a necessidade de impedir a contaminação da alma.
Vivemos em uma espera, a espera do final de uma etapa de nossa história que resultou em desilusão, miséria, repressão e um grande estagnação social.
No entanto, a espera deve ser frutífera, de modo que a mudança que virá nos encontre com o melhor coração possível. Que, quando chegar o amanhecer da liberdade, nos surpreenda caminhando com o melhor de nosso ser acordado em meio à noite.
Digo isso a propósito de uma anedota recente. Uma adolescente passou para cumprimentar um casal, que comentou que havia faltado luz em seu bairro. A reação da adolescente foi: "Bem, eu fico feliz que vocês tenham ficado sem luz, porque em minha casa também não tem." O senhor da casa respondeu: "E você não acha que seria melhor dizer que torcemos para que tanto nós quanto você tenhamos luz?" Mas a adolescente não se deu ao trabalho de considerar essa perspectiva; apenas repetiu que se alegrava por eles não terem eletricidade.
O comunismo se alimenta do ressentimento, por isso se empenha em oferecer ao mundo uma visão de opressores e oprimidos, de explorados e exploradores.
Por isso, não busca gerar riquezas, mas sim retirá-las daqueles que as conquistaram com seu esforço. E quando incentiva a economia, como é o caso da China, não o faz com o objetivo de um progresso voltado para o livre desfrute dos bens, pois toda ideologia comunista, independentemente de sua vertente, considera o indivíduo como uma peça que deve estar a seu serviço, e por isso limita a liberdade e impõe restrições precisas aos sonhos, ilusões e aspirações legítimas do ser humano.
O tipo de sociedade gerado pela ideologia comunista bloqueia a criatividade, impedindo que essa criatividade leve a uma saudável propriedade privada. O comunismo rouba o direito do cidadão ao progresso pessoal, tornando impossível, por meio de suas leis e controles, que a pessoa se sinta dona do fruto de seu esforço e de sua inteligência. Como resultado, o indivíduo é privado da experiência de desfrutar algo que é seu e defendê-lo como tal.
Diante dessa realidade, há pessoas que se recusam a se dar por vencidas e tentam repetidamente alcançar algo próprio em meio ao assédio contínuo. Outros decidem direcionar sua criatividade e esforço para outras geografias. E muitos se desanimam e tentam sobreviver como conseguem, mas sem perder a capacidade de se alegrar com os triunfos dos outros.
Em nenhum desses três casos o comunismo encontra sua fonte, porque sua origem, seu alimento está no ressentimento, no desprezo por quem consegue se destacar, no ódio por quem é capaz de se sentir livre e feliz. Na verdade, uma pessoa feliz nunca será comunista.
Por isso há pessoas ricas que defendem o comunismo, porque ter bens não é sinônimo de felicidade, e sempre será mais fácil culpar os outros pelas amarguras pessoais.
E por isso há pessoas que, embora vivam na miséria, idolatram a ideologia marxista, porque estão convencidas de que a causa de todos os males é 'este mundo injusto' liderado por acaparadores egoístas que devem ser despojados de tudo.
Não nego as enormes injustiças sociais que encontramos aqui e ali neste mundo, mas quando a maneira de enfrentá-las parte do desprezo e do ressentimento, acaba-se instrumentalizando os pobres, multiplicando-os até o infinito e abandonando-os na miséria, alimentando suas esperanças com discursos vazios e slogans de ódio.
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