Críticas ao regime cubano após aprovação unânime de leis: "É um deboche à inteligência"

Se aprova uma nova Lei de Migração, em um contexto de êxodo massivo, no qual mais de dois milhões de cubanos viajaram para o exterior desde 2013.

Asamblea Nacional, votación unánime, 20 de julio 2024 © Presidencia Cuba
Assembleia Nacional, votação unânime, 20 de julho de 2024Foto © Presidência Cuba

A aprovação unânime das novas leis de Migração, Cidadania e Estrangeiros, nesta sexta-feira, no parlamento cubano, está gerando inúmeras críticas nas redes sociais.

Entre os milhares de comentários, vários cubanos concordam que se trata de uma "zombaria da inteligência do povo" e uma estratégia desesperada para que os emigrantes não cortem seus laços definitivamente com Cuba.

Uma usuária do Facebook, cujo comentário ressoou entre dezenas de pessoas, destacou a falta de autenticidade nas decisões dos deputados, apontando que na Assembleia Nacional do Poder Popular "tudo está escrito, dito e ordenado pelos donos da finca".

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Sobre a eliminação do limite de 24 meses para a estadia no exterior sem perder a residência em Cuba, esta emigrante lembra que "a maioria dos cubanos que saiu há vários anos atrás já não quer voltar à ilha e trouxe uma parte de sua família".

Além disso, muitos dos emigrados recentes, beneficiados pelas políticas da administração Biden, não poderão retornar no antigo prazo estipulado, e isso, em seu entendimento, é um dos aspectos que obrigou o regime a modificar a norma jurídica.

"É um Estado que não funciona, não oferece segurança nem justiça, não cria as condições básicas de acesso a uma boa educação e saúde. É totalmente fraco, fracassado, e gerou muita raiva e descontentamento. Só é necessário um empurrão para derrubá-lo," disse a usuária no Facebook.

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Nos comentários sobre este delicado tema, também há interpretações sobre a aprovação da polêmica lei em meio a um complexo panorama político internacional.

Vários cubanos coincidem que o possível retorno de Donald Trump à Casa Branca acelerou a tomada de medidas por parte do regime, resultando em uma surpreendente aprovação de leis por unanimidade no Parlamento, para fortalecer o poder do Estado.

A aprovação por unanimidade das leis de Migração, Cidadania e Estrangeiros, longe de causar admiração pela "unidade de critérios" entre os deputados cubanos, provocou risadas, zombarias e críticas ao governante Miguel Díaz-Canel, a Raúl Castro e ao modelo de gestão política no país.

"O miserable pelele disse que isso é assim porque é 'a ditadura do povo'. Quando a gente pensa que já chegou ao auge, vai Miguel Díaz-Canel e quebra a barreira", expressou um cubano.

Referia-se às palavras do mandatário no discurso de encerramento do terceiro período ordinário de sessões da X Legislatura da ANPP onde, além de justificar o procedimento de aprovação de leis, Díaz-Canel disse:

"A Cuba não é dirigida por uma pessoa, nem mesmo por um pequeno grupo de pessoas. Esta é a rara ditadura que os inimigos da revolução jamais poderão entender. A ditadura dos trabalhadores. A ditadura do povo que representamos os aqui reunidos por eleição popular."

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