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A denúncia sobre o alarmante deterioro físico de um jovem cubano supostamente punido por se recusar a cumprir o Serviço Militar Obrigatório (SMO) gerou indignação nas redes sociais.
A denúncia foi publicada em Facebook pelo usuário Darian Santiesteban Tamayo, que compartilhou imagens que mostram o estado de Daniel Zaldívar Tamayo, um jovem que, de acordo com seu testemunho, foi detido em sua casa e levado a uma unidade militar em Havana conhecida como "El Globo", utilizada como centro de punição para aqueles que rejeitam servir nas fileiras do exército cubano.
"Vejam estas imagens desgastantes, é isso que o regime cubano faz com os jovens no Serviço Militar", escreveu Santiesteban Tamayo em sua publicação.
"Este rapaz, Daniel Zaldívar Tamayo, se negou a servir aos esbirros [...]. O procuraram em sua casa e de forma agressiva o levaram preso, à força, e o mantêm em uma unidade em Havana para castigá-lo cruelmente, tanto que vejam suas condições físicas, e isso não é nada comparado a como ele deve estar mentalmente."
O testemunho gerou uma onda de reações nas redes sociais. Conhecidos da família confirmaram a difícil situação de Zaldívar Tamayo e a impossibilidade de seus pais em intervir em seu caso.
"Os pais não podem fazer nada, o pai é camponês e precisa trabalhar para sustentar a mãe e seis irmãos pequenos em condições muito precárias. Tentou se comunicar com ele, mas ele está incomunicado", comentou um usuário.
Outros familiares expressaram sua dor pela situação do jovem:
"É doloroso ver meu primo nessas condições", escreveu um familiar.
"Isso dói, meu irmão também está lá pela mesma situação", acrescentou outra pessoa, evidenciando que esse tipo de retaliação não é um caso isolado.
Além disso, vários ex-recrutas confirmaram a dureza da unidade militar onde está Zaldívar Tamayo.
"Eu estive nessa unidade e verdadeiramente é difícil, é preciso estar bem preparado para estar lá", assegurou um usuário.
"Eu passei pelo serviço no Mariel e posso te dizer que alguns colegas meus ficaram de 30 a 45 dias e, quando voltavam, estavam irreconhecíveis pelo maltrato e pela fome. O que se escreve é pouco para descrever aquele lugar", relatou outro ex-recruta.
A denúncia reacendeu o debate sobre o Serviço Militar em Cuba, que é obrigatório para os homens a partir dos 16 anos. Ativistas de direitos humanos alertaram em diversas ocasiões sobre as condições em que se encontram os recrutas e as represálias que enfrentam aqueles que tentam se recusar a servir.
Uma campanha contra o Serviço Militar Obrigatório em Cuba ganhou força nos últimos anos, especialmente após incidentes trágicos que evidenciaram os riscos e as condições adversas enfrentados pelos jovens recrutas.
Uno dos detonantes mais significativos foi o incêndio na Base de Supertanqueros de Matanzas em agosto de 2022, onde vários recrutas perderam a vida enquanto participavam nas operações de combate ao fogo.
Este acontecimento provocou uma onda de indignação nas redes sociais, onde internautas cubanos utilizaram a hashtag #NoAlServicioMilitarObligatorio para exigir a revogação da lei que obriga os adolescentes do sexo masculino a se inscreverem no registro militar ao completarem 16 anos.
Em janeiro de 2025, outra tragédia em um armazém de munições em Holguín, que resultou na desaparecimento de nove jovens soldados e quatro militares, revitalizou a campanha.
Ativistas e organizações como o Impacto Juvenil Republicano lideraram protestos em diversas províncias, denunciando o SMO como um sistema opressivo e perigoso para a juventude cubana.
Apesar das crescentes críticas, o governo cubano reforçou as sanções relacionadas ao descumprimento do serviço militar.
Em outubro de 2024, foi aprovado o Decreto 103/2024, que impõe multas de até 7.000 pesos cubanos àqueles que não se inscreverem no registro militar ou não comparecerem quando convocados pelo Comitê Militar.
Além disso, os pais ou tutores de menores de idade são considerados responsáveis pelas infrações cometidas por eles.
Perguntas frequentes sobre o Serviço Militar Obrigatório em Cuba e seus impactos
O que aconteceu com Daniel Zaldívar Tamayo por se recusar ao Serviço Militar em Cuba?
Daniel Zaldívar Tamayo foi detido e transferido para uma unidade militar em Havana conhecida como "o Globo" por se recusar a cumprir com o Serviço Militar Obrigatório. Seu deterioro físico foi compartilhado nas redes sociais, gerando indignação sobre as condições em que se encontra e as represálias que enfrenta por sua negativa. Seus pais não conseguiram intervir em seu caso devido à incomunicação e dificuldades econômicas.
Quais são as consequências de se recusar ao Serviço Militar Obrigatório em Cuba?
Negar-se ao Serviço Militar Obrigatório em Cuba pode resultar em sanções severas, incluindo multas e encarceramento. O Decreto 103/2024, por exemplo, impõe multas de até 7.000 pesos cubanos e responsabiliza os pais dos menores que não se apresentam ao registro militar. Além disso, há casos de jovens que foram detidos e punidos em unidades militares por se recusarem a cumprir com o serviço.
Queixas têm sido feitas sobre o tratamento dos recrutas no Serviço Militar em Cuba?
Denúncias de maus-tratos, humilhações e condições de vida precárias durante o Serviço Militar em Cuba foram feitas. Ex-recrutas relataram maus-tratos e fome nas unidades militares, e há casos de jovens que sofreram deterioração física e mental. Também foram documentadas situações de desaparecimento e mortes de recrutas em condições pouco claras, o que gerou críticas ao regime cubano.
Por que o Serviço Militar Obrigatório é um problema para as famílias cubanas?
O Serviço Militar Obrigatório em Cuba impõe uma carga significativa a muitas famílias, especialmente àquelas em situações vulneráveis. Em muitos casos, os jovens são forçados a participar, o que desestabiliza a dinâmica familiar. Casos como o de Sandra Jiménez Cruz, que depende de seu filho para cuidar de sua mãe doente, ilustram as dificuldades enfrentadas pelas famílias devido a essa obrigação imposta pelo governo cubano.
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