Falta de protocolos e presença de material químico: Possíveis causas da tragédia em Holguín

Ex-militares cubanos no exílio compartilharam suas impressões sobre a explosão dos arsenais localizados em Melones, onde faleceram nove recrutas e quatro oficiais das Forças Armadas Revolucionárias.

Jovens cubanos recebem treinamento em guerra química (imagem de referência)Foto © Facebook / Minfar Cuba

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Ex-militares cubanos apontaram para a possível presença de material químico armazenado na base militar de Melones, no município holguinense de Rafael Freyre, como uma das principais causas de a explosão que deixou um saldo de 13 falecidos, nove deles jovens recrutas do Serviço Militar obrigatório.

A falta de protocolos de segurança para a preservação desses materiais poderia ter sido outro dos fatores que contribuíram para o desastre, segundo declarações coletadas por Martí Notícias.

O extenente-coronel cubano Máximo Omar Ruiz Matoses, exilado na Espanha e presidente do grupo independente Militares Objetores de Consciência, assegurou que, na década de 80, visitou a base de Melones, onde eram armazenadas armas químicas do Exército Oriental.

Na opinião de Ruiz Matoses, o ministério das Forças Armadas Revolucionárias (MINFAR) ainda poderia haver material perigoso no local, o que explicaria o sigilo das autoridades cubanas sobre o incidente.

"Antes era um polvorín das FAR onde se acumulava material pirotécnico e armamento diverso. Se houvesse munições velhas, a explosão teria sido rápida, mas a magnitude do sinistro sugere a presença de armamento químico", afirmou o ex-militar.

As autoridades cubanas atribuiram a tragédia a uma falha elétrica provocada por um curto-circuito, segundo um comunicado emitido pelo MINFAR. No entanto, ex-militares como o tenente cubano exilado Ángel Madrazo, residente no Texas, argumentaram que a verdadeira causa poderia ser a falta de medidas de segurança adequadas na manipulação de explosivos.

"Nas bases militares nunca foram respeitados os protocolos de segurança. As pessoas brincavam com os explosivos para fazer simulações. Suspeito que em Melones havia rocamonita, um explosivo plástico de uso militar, junto com outros materiais químicos", declarou Madrazo ao veículo citado.

As suspeitas de que o regime cubano estava mentindo em suas explicações sobre o que aconteceu surgiram desde os primeiros momentos, quando uma nota oficial publicada em Cubadebate informou que “na unidade militar próxima a Gibara estavam sendo classificadas munições envelhecidas”, afirmações que posteriormente foram removidas do portal digital oficialista e que nunca mais foram mencionadas em declarações posteriores do MINFAR.

Outro aspecto que poderia ter agravado a tragédia é a existência de túneis subterrâneos na região, que dificultam o acesso das equipes de resgate. Segundo Ruiz Matoses, esses túneis, alguns dos quais alcançam vários quilômetros de extensão, poderiam ter sido usados para armazenar material de guerra.

Um capitão aposentado das FAR, entrevistado pelo meio independente 14ymedio sob condição de anonimato, qualificou a explosão como "um dos episódios mais custosos de negligência para o povo cubano". O ex-oficial criticou a falta de evacuação imediata do pessoal na instalação e a ausência de investimento na manutenção adequada do material explosivo, fatores que poderiam ter contribuído para o desastre.

A tragédia em Melones gerou inquietação na população cubana, que ainda aguarda respostas claras por parte do governo de Miguel Díaz-Canel sobre o que aconteceu.

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