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Um cubano deportado recentemente para o México narrou a agonia que viveu durante os cinco meses que passou detido em um centro do ICE no Texas, onde, segundo suas palavras, a pressão psicológica e as ameaças faziam parte do dia a dia para obrigá-lo a assinar sua saída para um país onde não tem proteção nem status legal.
O caso foi revelado por Telemundo, que coletou seu testemunho e o de outros migrantes detidos pela Imigração.
Javier Basulto contou que há apenas seis dias foi deportado para o México depois de permanecer detido no centro de detenção de Karnes. Ele relatou que o levaram algemado até a fronteira e o obrigaram a cruzar a pé para o território mexicano, sem um processo claro e sem alternativas.
“Nestes locais, eles te cansam mentalmente para que assines”, disse. No seu caso, garantiu que os oficiais insistiam que a deportação era uma ordem “de Washington” e que, assinasse ou não, “ia para o México”.
Sua versão se encaixa com denúncias anteriores reveladas pela União Americana de Liberdades Civis (ACLU), que recentemente enviou uma carta às autoridades do ICE denunciando abusos físicos e psicológicos em outro centro, Fort Bliss, especialmente contra migrantes cubanos que se recusam a serem enviados ao México, uma vez que os Estados Unidos não podem repatriá-los para a ilha.
Segundo Telemundo, entre os testemunhos juramentados aparece o de um cubano identificado como Eduardo, que disse ter sido levado à fronteira e ameaçado com acusações criminais federais se não aceitasse a deportação.
Outros relataram agressões físicas tão graves quanto torções dolorosas e golpes nos testículos que obrigaram um deles a ir ao hospital.
Enquanto o Departamento de Segurança Nacional negou que existam abusos e assegurou que todos os deportados recebem proteções sob o devido processo, os relatos dos cubanos mostram um panorama onde o medo, a desesperação e a incerteza são o combustível que impulsiona decisões.
Para Javier, o horror não terminou ao cruzar a fronteira. Ele disse que seu maior temor ao chegar ao México era ser sequestrado. “Nos soltaram às 2h30 da manhã”, contou, destacando que foi abandonado no meio da madrugada, sem informações, sem acompanhamento e sem garantias de segurança.
Os testemunhos como o seu se multiplicaram nos últimos meses e se somam a investigações anteriores que documentam o destino de centenas de cubanos expulsos para o México, onde muitos acabam encalhados em cidades como Villahermosa, em Tabasco, sem documentos, sem possibilidades reais de emprego e sobrevivendo em mercados ou nas ruas.
Javier resumiu: “Tinha medo de voltar e medo do que viria a seguir”.
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