Cubano beneficiado pelo “bombo” enfrenta deportação após 21 anos vivendo nos EUA.



Jesús López Rodríguez, cubano nos EUA desde 2004, enfrenta deportação após 21 anos fora de Cuba. A comunidade e o FAIR pedem sua libertação e atendimento médico.

Jesús López RodríguezFoto © Facebook/Flint Alliance for Immigrant Rights - FAIR

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A família de Jesús López Rodríguez, um cubano de 61 anos que vive há mais de duas décadas nos Estados Unidos, está passando por um pesadelo. Após seis meses detido por agentes de imigração e uma recente ordem de deportação, sua mãe, já idosa, dependente dele e profundamente angustiada, implora para que não o enviem de volta para Cuba, um país que ele não visita há 21 anos.

O caso foi revelado por MLive, veículo ao qual a mãe declarou estar "muito triste porque ele é um ótimo filho e membro da comunidade. Não merece o que está acontecendo com ele".

Jesús chegou aos EUA em 2004 através da loteria de vistos cubana, aprovada pela embaixada norte-americana em Havana. Desde então, tem sido parte ativa da comunidade de Flint, onde abriu um pequeno negócio de comida e durante anos cozinhou pizzas cubanas em eventos culturais, trabalhos voluntários e atividades juvenis.

Um vizinho da cidade, em um depoimento compartilhado por flint.daily.810, relatou como Jesus fez com que seu filho, um adolescente tímido e extremamente seletivo com a comida, experimentasse uma pizza feita por ele, que acabou encantando-o. Desde então, toda vez que se encontravam em atividades comunitárias, o jovem pedia para rever “Jesus, o das pizzas”.

Esse lembrete, diz o autor, resume quem é este cubano: próximo, gentil e sempre disposto a servir.

Seis meses detido e condições “desumanas”, segundo sua família

Jesús foi detido pelo ICE no dia 2 de junho enquanto dirigia para o trabalho. Ele permanece detido desde então no Centro Correcional do Condado de Calhoun, em Battle Creek.

Familiares, defensores e membros da coalizão Flint Alliance for Immigrant Rights (FAIR) denunciam condições severamente inseguras e desumanas:

  • falta de atenção médica para uma condição da próstata que o impede de urinar durante dias,
  • infeções não tratadas no couro cabeludo,
  • isolamento como resposta a solicitar atenção médica,
  • falta de lentes para ler documentos legais,
  • acesso limitado a chamadas e comunicação com seu advogado.

Um amigo próximo relatou à MLive: “Às vezes, quando ele acorda, a parede está coberta de sangue por causa dessas infecções. Em vez de tratá-lo, o isolaram.”

A FAIR também denunciou alimentos de baixa qualidade, condições insalubres e grave negligência na assistência médica. “Ninguém deveria ser submetido a esse nível de abuso. Precisamos agir para trazer Jesus de volta para casa”, declarou Lucine Jarrah, membro da coalizão.

Ordem de deportação e um recurso em caráter de urgência

No dia 2 de dezembro, um juiz de imigração ordenou sua deportação para Cuba. A família tem 30 dias para apelar, mas teme que o ICE execute a expulsão antes que o processo legal avance.

Defensores insistem que devolver a um cubano que saiu legalmente há mais de 20 anos e que enfrenta a crise econômica e política atual da ilha representa um risco para sua vida e segurança, especialmente no caso de um deportado dos EUA.

Amigos e líderes comunitários afirmam que Jesús não representa perigo para ninguém. Ele cumpriu, há mais de uma década, uma pena por um crime não violento relacionado à maconha e, desde então, manteve um histórico limpo, trabalhando, cozinhando para voluntários e apoiando programas comunitários.

“Nossa comunidade não pode permanecer em silêncio enquanto um residente permanente legal é separado de sua família”, declarou Asa Zuccaro, diretor do Latinx Community and Technology Center.

A FAIR lançou uma campanha de arrecadação de fundos e uma carta estadual de apoio para exigir sua libertação, acesso a atendimento médico e uma investigação sobre as condições denunciadas.

A organização assegurou: “Nossa comunidade tem o poder de proteger nossos vizinhos. Por favor, apoiem Jesus e sua família”.

O jornalista Patrick Hayes, em uma publicação local, alertou que casos como este refletem uma política federal que “traumatiza comunidades inteiras sem melhorar a segurança de ninguém”. “É indefensável sob qualquer perspectiva moral ou humana”, escreveu.

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