Cubano com 25 anos nos EUA pede para ser deportado de Alligator Alcatraz: “Deixem-me sair deste país”



Um cubano detido no "Alligator Alcatraz" da Flórida pede para ser deportado devido a condições desumanas. Seu estado de saúde está se deteriorando, e a Anistia Internacional apoia as reclamações, mas a Flórida as nega.

Entrada do centro de detenção Alligator AlcatrazFoto © Captura de Vídeo/YouTube/Univisión Notícias

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Um cubano de 59 anos, detido nas profundezas dos Everglades da Flórida, suplicou para ser deportado após mais de um mês recluído no centro conhecido como “Alligator Alcatraz”, onde afirma que as condições são tão duras que parou de comer e tomar seus medicamentos. A história foi revelada pela CBS News Miami, que conversou tanto com o próprio detido quanto com sua esposa.

Trata-se de Alexis Rodríguez, residente do sul da Flórida e com mais de duas décadas vivendo sob supervisão migratória. Sua família conta que ele se apresentou no dia 5 de novembro a uma consulta rotineira no escritório de imigração de Miramar, algo que faz há 25 anos, e nesse dia foi informado de que não retornaria para casa.

“Em Miramar, disseram-lhe: ‘você vai ficar detido porque vamos executar sua ordem de deportação’”, explicou sua esposa, Magda Berge.

Durante a entrevista da CBS News, Rodríguez ligou do centro de detenção e, em espanhol, fez um apelo desesperado: “A única coisa que peço é que me deixem sair deste país.”

O cubano garante que as condições dentro da instalação o levaram ao limite: comida fria e em porções mínimas, 32 detidos compartilhando três banheiros e apenas um chuveiro a cada três dias. Apesar de ser diabético, ele disse que interrompeu a alimentação e a ingestão de medicamentos devido às condições que enfrenta no local.

Sua esposa afirma que a saúde dele se deteriora dia após dia. “Obviamente queremos que as pessoas ouçam o que estamos vivendo, porque está realmente ruim”, disse Berge.

Os registros federais mostram que Rodríguez foi condenado no final dos anos 90 por tráfico e contrabando de cocaína e cumpriu dois anos de prisão. Para sua família, a punição ficou para trás há um quarto de século.

“Sei que cometeu um erro, e o cometeu há mais de 25 anos. Pagou por esse erro”, disse sua esposa.

Condições denunciadas e respostas oficiais

As queixas de Rodríguez coincidem com um relatório de 61 páginas da Anistia Internacional, que compila depoimentos de migrantes detidos nessas instalações. O documento descreve condições desumanas, como banheiros transbordando com matéria fecal, má qualidade da água, iluminação constante durante a noite, pragas de insetos, comida insuficiente e acesso limitado a chuveiros.

No entanto, o estado da Flórida rejeitou veementemente essas acusações. “Este ‘relatório’ não passa de um ataque com motivações políticas. Nenhuma dessas invenções é verdadeira”, disse em um comunicado Molly Best, porta-voz do Escritório Executivo do Governador, segundo CBS News.

Por sua parte, o ICE lembrou que a deportação não depende do detido, apenas os governos estrangeiros podem decidir se aceitam uma pessoa sob ordem de expulsão.

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