Administração Trump obriga a retirar aplicativo que alertava sobre operações de imigração



A Apple cedeu à pressão do governo Trump e removeu um aplicativo que alertava sobre operações de imigração, desencadeando uma batalha judicial por censura e liberdade digital nos EUA. Seu criador processará a administração atual.

Apple elimina aplicação migratória após pressão da Administração TrumpFoto © Collage captura YouTube/El País e Wikipedia

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Um desenvolvedor processou o Governo Trump por pressionar a Apple a remover um aplicativo que notificava sobre operações do ICE, em um caso que reacende o debate sobre liberdade digital e censura.

A aplicação ICEBlock, desenhada para alertar os usuários sobre a presença de agentes de imigração nos Estados Unidos, foi removida da App Store depois que a administração de Donald Trump pressionou a Apple para retirá-la.

Segundo revelou o The New York Times, o criador do aplicativo, Joshua Aaron, entrou com uma ação contra altos funcionários do governo dos Estados Unidos, acusando-os de coagir a Apple e de violar seu direito à livre expressão e à criação de ferramentas digitais.

O caso foi apresentado perante um tribunal federal em Washington D.C.

De acordo com a fonte citada, a então procuradora-geral Pam Bondi —em nome do Departamento de Justiça— contatou a Apple para solicitar a eliminação do ICEBlock, argumentando que o aplicativo “colocava em risco a segurança dos agentes federais”.

A Apple atendeu ao pedido e retirou o aplicativo após seis meses disponível na plataforma.

ICEBlock permitia que os usuários avisassem sobre operações ou movimentos do Serviço de Imigração e Controle de Fronteiras (ICE), com o objetivo de proteger imigrantes indocumentados ou alertar comunidades sobre operações policiais.

Após sua eliminação, Google e Meta também suprimiram serviços semelhantes, como os aplicativos DeICER e Red Dot, além de um grupo no Facebook dedicado a relatar ações do ICE.

Joshua Aaron afirma que a medida foi um ato de censura política, impulsionado pela Casa Branca e executado por uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.

“Quando o governo usa seu poder para silenciar os cidadãos, a democracia perde espaço”, declarou o desenvolvedor, citado pelo jornal americano.

A ação legal também busca esclarecer se a pressão da administração Trump sobre a Apple foi feita por meio de ordens diretas ou comunicações informais, um ponto que pode definir o grau de responsabilidade estatal na censura de conteúdo digital.

O caso reabre o debate sobre a relação entre o poder político e as grandes tecnológicas. A Apple, que historicamente tem se resistido a colaborar com o governo dos Estados Unidos em questões de privacidade, atendeu a pedidos de censura de regimes como o da China e da Rússia, mas até agora não havia sido conhecido um caso similar dentro dos Estados Unidos.

A Casa Branca não emitiu declarações sobre o assunto, enquanto a Apple se recusou a comentar, ressaltou The New York Times.

O processo pode se tornar um precedente importante sobre os limites da influência governamental nas plataformas digitais e a liberdade de expressão no país.

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