O descontentamento da população em Cuba devido à profunda crise de abastecimento de água na capital voltou a colidir com a repressão oficial na sexta-feira, quando a Segurança do Estado convocou para depor dois jovens que saíram às ruas para exigir um direito básico: água potável.
As citações, divulgadas por meio de redes sociais, afetam Magalis e Sabrina Anglada Mena, filhas da opositora exilada Ariadna Mena Rubio.
Ambas jovens deverão se apresentar na Estação da PNR de Dragones, em Centro Havana.
"Abajo a ditadura e bem", escreveu sua mãe em Facebook, refletindo o espírito de resistência que persiste mesmo diante da ameaça de prisão.
Segundo detalhou na Facebook a ativista Lara Crofs, as manifestantes devem comparecer para "ser entrevistadas" pelo oficial da Contrainteligência Anthony.
"O delito dessas mães é terem saído para protestar pela falta de água em Havana. (...) O único delito dessas garotas é reivindicar o direito a uma vida digna", ressaltou.
A citação é a resposta do regime à protesto protagonizado na segunda-feira por uma jovem no meio da rua Monte, que com baldes nas mãos obstruiu o trânsito para denunciar que seu bairro estava há mais de cinco dias sem água. Outras mulheres se juntaram a ela, algumas com crianças, que apoiaram a reivindicação, enquanto os homens permaneciam à distância.
Imediatamente, agentes da polícia se concentram ao redor dela. Um deles até tentou tirar um cubo, mas a jovem o puxou de volta e o colocou novamente na via, em um gesto desafiador.
A ação, breve mas simbólica, evidencia o descontentamento da população diante da incapacidade do governo em garantir serviços básicos.
O fundo desta manifestação é a crise crônica da água na capital, onde bairros em Centro Habana e Regla estão sem serviço há semanas.
Embora a empresa estatal Aguas de La Habana tenha reconhecido o colapso de suas redes obsoletas, o governo responde com ameaças e perseguições em vez de soluções efetivas.
O que poderia ser um serviço essencial se tornou um ato de protesto que pode custar a liberdade daqueles que ousam exigí-lo.
Desde Miami, Ariadna Mena Rubio, ativista conhecida por sua luta em favor dos direitos humanos e dos prisioneiros políticos, levanta a voz por suas filhas.
Ao chegar aos Estados Unidos em 2023, prometeu que continuaria denunciando a situação de presos como José Daniel Ferrer, Maykel Osorbo e outros, reafirmando seu compromisso com a liberdade e a dignidade de quem permanece em Cuba.
O episódio desta quinta-feira reflete, mais uma vez, que a população não está disposta a ficar em silêncio.
Apesar de a ditadura manter um padrão de repressão frente a demandas básicas como a água, a população continua expressando seu descontentamento, desafiando a ameaça de detenção e mostrando que a resistência civil continua viva em meio à crise.
Perguntas frequentes sobre os protestos pela falta de água em Cuba
Por que as mães protestaram em Centro Habana?
As mães em Centro Habana protestaram pela falta de água potável. A crise da água na capital cubana fez com que bairros inteiros passassem semanas sem abastecimento, gerando descontentamento e desespero entre os cidadãos. As manifestantes, algumas acompanhadas de seus filhos, saíram às ruas para exigir uma solução para este problema que afeta sua qualidade de vida diária.
Como o governo cubano tem respondido às protestas?
O governo cubano respondeu aos protestos com repressão e convocações por parte da Segurança do Estado. Em vez de oferecer soluções eficazes para a escassez de água, o regime optou por perseguir os manifestantes. Isso inclui convocar para comparecer aqueles que participaram dos protestos, como foi o caso das irmãs Magalis e Sabrina Anglada Mena.
Qual é o estado atual da rede hidráulica em Havana?
A rede hidráulica de Havana se encontra em um estado crítico e colapsado. A empresa estatal Aguas de La Habana reconheceu o colapso de suas redes obsoletas, o que tem contribuído para a escassez de água na cidade. A falta de investimento e manutenção agravou o problema, e embora algumas reparações tenham sido feitas, estas não foram suficientes para estabilizar o fornecimento de água na capital.
Qual é o impacto da crise da água na vida cotidiana dos cubanos?
A crise da água afeta gravemente a vida cotidiana dos cubanos, limitando o acesso a um recurso essencial. Os cidadãos enfrentam não apenas a escassez de água, mas também quedas de energia e a falta de outros serviços básicos, o que gera um ambiente de desespero e frustração. As famílias precisam fazer longas filas para obter água de caminhões-pipa, e muitas vezes não possuem garantia de um fornecimento regular, o que dificulta tarefas diárias como cozinhar, limpar e manter a higiene pessoal.
Qual é o papel das redes sociais nas protestas pela falta de água em Cuba?
As redes sociais têm sido um canal fundamental para a divulgação dos protestos e do descontentamento cidadão. Através de plataformas como Facebook e Instagram, os cubanos compartilharam vídeos, imagens e relatos das manifestações, amplificando seu alcance e tornando a situação visível internacionalmente. Isso permitiu que a comunidade internacional e os cubanos no exílio tomassem consciência da grave crise que se vive na ilha.
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