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Michel Torres Corona, conhecido por seu papel no espaço de propaganda Con Filo, admitiu hoje que a Revolução está “atolada”, ao mesmo tempo em que denunciou a dupla moral e reclamou das quedas de energia que afetam a capital.
Em uma publicação em seu perfil de Facebook, Torres afirmou sentir-se incomodado com o fato de que "este processo histórico tão lindo, tão sublime, que chamamos de Revolução, esteja atolado e não pareça conseguir sair do marasmo, da frustração, da apatia".
Criticou também os “novos ricos” que parecem “ganhar mais e mais, com seus carros do ano, suas plantas, suas casas cheias de luz em meio à sombra totalizada”.
Também criticou o que chamou de “seudorrevoucionários chiques” e denunciou a ineficácia do Estado em reverter a depauperação da vida cotidiana.
“A mim me incomoda o apagão e me incomoda que haja quem não queira ver a conexão entre a liberalização da economia cubana e a incapacidade do Estado de reverter a aceleração da depauperação das condições materiais de existência do povo”, escreveu.
Também se referiu a “quem exige sacrifício, mas não sofre sacrifício algum, quem invoca exemplos de nossa história, mas não é exemplo do presente”.
“Me incomodam os alucinados, que não colocam os pés na terra, que vivem em um universo paralelo onde não há pobreza, nem tristeza, nem derrota”, acrescentou.
As palavras do apresentador chegam em um momento de crescente tensão em La Havana, onde, após vários dias consecutivos de apagões e escassez de água, dezenas de cubanos saíram às ruas para protestar.
Até agora, as reclamações sobre os cortes de energia estavam concentradas nas províncias, mas o descontentamento na capital começa a se manifestar publicamente.
Torres, quien usa seu espaço televisivo para desacreditar meios independentes, vozes críticas e criadores de conteúdo com seu habitual sarcasmo oficialista, afirmou que não monetiza com o sofrimento do povo e que continuará defendendo o projeto revolucionário.
No entanto, sua admissão de que a Revolução está "atolada" e sua queixa direta sobre os apagões marcam uma ruptura no discurso oficial, pelo menos no plano individual.
O pronunciamento coincide com o de outro porta-voz do regime, o cantor Israel Rojas, que também reconheceu nas redes sociais que “o que estamos passando é de uma gravidade inefável”, enquanto considerou que “todo mundo tem o direito, o dever e quase a obrigação de expressar sua dor como a vive”.
Além disso, Carlos e Ele Alfonso, figuras emblemáticas da música cubana e representantes habituais da Nova Trova e do Grupo Síntesis, expressaram sua frustração nas redes sociais, após uma quarta-feira marcada por interrupções elétricas constantes.
Apenas alguns dias antes, tinham apontado em outro post: "Que tipo de vida propõe uma cidade totalmente no escuro?... Eles roubam a sua vontade!".
Recientemente, Torres lamentou nas redes sociais que o programa Con Filo seja realizado “cada vez com menos recursos”, o que provocou uma onda de comentários onde internautas criticaram o uso de fundos públicos em uma produção considerada por muitos como “desnecessária”, “parcial”, “propagandística”, “manipuladora” e afastada da realidade do povo cubano.
Perguntas frequentes sobre o descontentamento social e a crise em Cuba
Por que Michel Torres Corona diz que a Revolução cubana está "atolada"?
Michel Torres Corona afirma que a Revolução está "empantanada" devido à frustração e desídia que a cercam, assim como à incapacidade do Estado para melhorar as condições materiais do povo cubano. Critica a dupla moral de quem exige sacrifícios sem os vivenciar e aponta a discrepância entre a liberalização econômica e a capacidade estatal.
O que gerou os recentes protestos em Havana?
As recentes protestas em Havana foram provocadas pela persistência de apagões e pela escassez de água, que têm afetado gravemente a vida cotidiana dos cidadãos. Essas manifestações refletem o crescente descontentamento social na capital, algo que até agora havia se concentrado principalmente nas províncias.
Que críticas recebeu o programa "Con Filo" e seu apresentador Michel Torres?
O programa "Con Filo" e seu apresentador Michel Torres foram criticados por serem considerados propagandísticos e desconectados da realidade do povo cubano. Muitos cubanos pedem sua retirada da televisão nacional, questionando o uso de recursos públicos para produzir um espaço que não consideram útil ou representativo de seus interesses e necessidades.
Qual é a situação energética atual em Cuba segundo as diferentes fontes?
A situação energética em Cuba é crítica, com apagões prolongados e um sistema elétrico em crise devido a múltiplos fatores estruturais. A falta de manutenção, o envelhecimento dos equipamentos e a escassez de combustível agravaram a situação, afetando gravemente a população e gerando um forte descontentamento social.
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