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O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, agitou nesta segunda-feira o debate internacional ao comparar as recentes incursões russas no espaço aéreo da OTAN com um cenário carregado de simbolismo para os cubanos e os americanos: aeronaves militares da ilha sobrevoando Mar-a-Lago, a residência privada de Donald Trump na Flórida.
“Imaginem os MiG cubanos sobrevoando a Flórida e Mar-a-Lago e terão uma boa imagem”, disse Sikorski, citado por La Razón, convicto de que o presidente dos Estados Unidos não hesitaria em ordená-los a derrubar.
Con esta metáfora, o também vice-primeiro-ministro defendeu “o direito de toda nação soberana a proteger seu território” e deixou claro que Polônia faria o mesmo diante das provocações aéreas de Moscovo, informou a agência EFE.
A declaração foi feita em Varsóvia, durante o Fórum de Segurança, que reuniu representantes da França, Alemanha e Ucrânia. Sikorski denunciou que a Rússia intensificou sua “guerra híbrida” com incursões de drones e aviões em países da Aliança Atlântica, e advertiu que Varsóvia não hesitará em agir.
Recentemente, o presidente ucraniano, Volodímir Zelenski, denunciou que a Rússia lançou “quase 500 drones de ataque e mais de 40 mísseis” em uma ofensiva que atingiu sete regiões do país, incluindo Kiev. Os bombardeios deixaram pelo menos quatro mortos —entre eles uma menina de 12 anos— e dezenas de feridos, além de danos em uma padaria, uma fábrica de pneus, residências e o Instituto de Cardiologia da capital.
Zelenski qualificou a ofensiva como “ataques brutais, um ato terrorista deliberado” e pediu à Europa e aos Estados Unidos “medidas decisivas” para conter Moscou.
Também foi informado que 19 drones russos violaram o espaço aéreo polonês, três dos quais foram abatidos por caças aliados. Um atingiu um edifício residencial na aldeia de Wyryki, sem deixar vítimas. O primeiro-ministro Donald Tusk alertou que a possibilidade de um conflito militar “é maior do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial” e qualificou o episódio como um “ato de agressão”.
Varsóvia invocou o artigo 4 da OTAN, que obriga a consultas urgentes entre os aliados diante de qualquer ameaça à sua segurança, embora não implique automaticamente ação militar. O secretário-geral da Aliança, Mark Rutte, classificou a incursão de “absolutamente imprudente e perigosa”.
Cuba no centro da metáfora
A menção a caças cubanos não é casual. Para a Polônia, que viveu mais de quatro décadas sob um regime comunista antes de sua transição democrática, a comparação ressoa com uma força simbólica. E para Cuba, coloca o país no meio de um debate internacional onde se cruzam memória histórica, geopolítica e autoritarismo.
Não é a primeira vez que Sikorski se dirige diretamente a Havana. Há apenas algumas semanas, o chanceler polonês protagonizou um duro embate na rede social X com Bruno Rodríguez, após a entrega em Miami do Prêmio Solidariedade Lech Wałęsa à opositora Berta Soler, líder das Damas de Branco.
Rodríguez qualificou o prêmio como parte da “agenda corrupta e anticubana” de Washington e chamou os opositores de “lacaios”. A resposta de Sikorski foi contundente, lembrando que o prêmio é financiado pela Polônia e não pelos Estados Unidos, e sublinhou que honra aqueles que lutam pacificamente pela liberdade. “O povo de Cuba também merece”, escreveu então o chefe da diplomacia polonesa, apelando à experiência de seu próprio país em relação ao comunismo.
Perguntas frequentes sobre as tensões entre a Rússia, a OTAN e a metáfora de Sikorski
O que quis dizer o ministro polaco Sikorski ao comparar incursões russas com caças cubanos sobre Mar-a-Lago?
O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radosław Sikorski, usou a metáfora de caças cubanos sobrevoando Mar-a-Lago para ilustrar a gravidade das incursões russas no espaço aéreo da OTAN. Esta comparação ressalta o direito de defesa soberana frente a provocações estrangeiras e sublinha o simbolismo histórico e político para enfatizar a seriedade da situação atual.
Qual é a situação atual entre a Rússia e a OTAN após as incursões de drones?
As tensões entre a Rússia e a OTAN se intensificaram após as incursões de drones russos no espaço aéreo da Polônia. A Polônia invocou o artigo 4 da OTAN para consultas urgentes, enquanto a Aliança reforçou sua presença militar na Europa oriental. A Rússia, por sua vez, declarou que a OTAN está "de fato" em guerra com eles, o que eleva a tensão na região.
Qual tem sido a postura de Donald Trump em relação às incursões russas na Polônia?
Donald Trump reagiu às incursões russas na Polônia, instando a OTAN a tomar medidas econômicas contra a Rússia. Embora tenha condicionado a ação dos Estados Unidos à atuação primeiro dos aliados europeus, sua postura reflete uma abordagem transacional na segurança coletiva, evitando comprometer-se com medidas unilaterais sem o apoio conjunto da Aliança.
Como a Polônia reagiu às incursões de drones russos?
A Polônia derrubou drones russos e qualificou as incursões como uma "provocação em larga escala". Varsóvia elevou seu nível de alerta e convocou consultas urgentes com a OTAN sob o artigo 4, destacando a gravidade da situação e o risco de um conflito militar na região.
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