Você tem um milhão? Assim funciona o cartão dourado lançado por Trump

O novo programa migratório de Trump oferece uma via rápida para a residência permanente em troca de uma doação milionária, mas especialistas alertam que favorece os ricos e enfrenta obstáculos legais.

Donald Trump no lançamento de seu cartão douradoFoto © A Casa Branca / X

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na sexta-feira uma ordem executiva que cria o programa de imigração “Gold Card”, uma nova via para que estrangeiros acessem à residência permanente (green card) e posteriormente à cidadania, em troca de uma doação milionária ao governo dos Estados Unidos.

A iniciativa foi apresentada pela administração como uma forma de atrair empresários, investidores e pessoas com alto poder aquisitivo, com o objetivo de gerar receitas para o Estado e estimular a economia; mas enfrenta desafios legais, pois é considerada ilegal, uma vez que o executivo não possui faculdades para criar novas categorias de vistos.

A medida se complementa com um forte aumento nas tarifas do popular visto H-1B, que agora exigirá um pagamento anual de $100.000 dólares por parte das empresas que desejam contratar trabalhadores estrangeiros altamente qualificados, o que deixaria de fora milhares de profissionais, incluindo latinos e cubanos sem suporte econômico.

Como funciona a "tarjeta dorada"?

O programa da Tarjeta Dourada de Trump permite que estrangeiros obtenham processamento prioritário de seu visto se realizarem uma contribuição financeira direta:

  • Os solicitantes estrangeiros devem fazer uma doação "sem restrições" de pelo menos $1 milhão ao Departamento de Comércio.
  • No caso de uma empresa patrocinar o candidato, o valor sobe para $2 milhões.

  • É necessário também um pagamento de $15.000 dólares em tarifas de processamento

  • Os aprovados receberão uma residência permanente (green card) com caminho para a cidadania.

  • O governo tratará esta doação como “evidência de excepcionalidade profissional e benefício nacional”.

  • Se forem aprovados, receberão a residência permanente e poderão solicitar a cidadania, utilizando a doação como prova de “capacidade empresarial excepcional e benefício nacional”, de acordo com os termos do programa.

A administração prevê arrecadar mais de 100 bilhões de dólares com este programa, que substitui na prática o atual EB-5, o visto para investidores que exigia um investimento em projetos específicos.

Objetivo: financiar o governo

O dinheiro arrecadado será gerido pelo Departamento de Comércio e direcionado a um fundo do Tesouro destinado a promover a indústria e o comércio nos EUA.

O secretário de Comércio, Howard Lutnick, assegurou que o programa poderia arrecadar bilhões de dólares.

Apoios e críticas

A Casa Branca defende a medida como uma estratégia para atrair talento e capital.

Os argumentos a favor incluem estimular a economia com novos investidores, arrecadar receitas sem aumentar impostos, atrair indivíduos com alto potencial empresarial e reverter políticas migratórias anteriores, consideradas "fracassadas" pela atual administração.

No entanto, o programa gerou fortes críticas de especialistas jurídicos, economistas e organizações pró-imigração.

Questionamentos legais e éticos

Legalidade duvidosa: Vários especialistas em direito migratório alertam que o presidente não tem autoridade para criar uma nova categoria de visto sem a aprovação do Congresso.

Modificar substancialmente programas como o EB-5 —que este novo esquema pretende substituir— também exigiria uma lei.

Sistema para ricos: Críticos denunciam que o “cartão dourado” transforma a imigração em um privilégio para milionários, excluindo trabalhadores qualificados, refugiados e famílias.

Risco de corrupção: Alguns alertam que o programa pode atrair indivíduos que buscam lavar dinheiro ou esconder ativos.

Impacto econômico limitado: Economistas sustentam que focar-se apenas nas grandes fortunas ignora o valor econômico de outros imigrantes e pode enfraquecer setores chave como a agricultura, a construção ou o cuidado de idosos.

Parte de uma reforma migratória mais ampla

O programa "Gold Card" se junta a outras iniciativas do governo Trump para reformar a imigração.

Entre elas, uma nova tarifa de $100,000 para o visto H-1B, que afeta profissionais estrangeiros altamente qualificados, e restrições mais severas à reunificação familiar e ao asilo.

A medida, ainda sujeita a possíveis impugnações legais, faz parte de uma estratégia mais ampla para reorientar a política migratória em direção a critérios econômicos e de segurança, em detrimento do enfoque tradicional baseado em méritos, laços familiares ou razões humanitárias.

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