Díaz-Canel inicia visita às termoelétricas em busca de respostas diante dos apagões

Díaz-Canel visitou as termoelétricas em Mariel e Santa Cruz del Norte para abordar a crise energética em Cuba. As medidas atuais, como reparos e energia solar, não garantem estabilidade, enquanto aumentam os apagões e o descontentamento social.

A estratégia oficial insiste em reparações e energias renováveis, enquanto cresce o descontentamento da população devido aos cortes de energiaFoto © X/Presidência Cuba

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O presidente Miguel Díaz-Canel percorreu hoje as centrais termoelétricas localizadas nos municípios de Mariel (Artemisa) e Santa Cruz del Norte (Mayabeque) para impulsionar a recuperação do Sistema Eletroenergético Nacional em meio a apagões prolongados e crescentes dúvidas sobre a eficácia das medidas governamentais para estabilizar a geração de eletricidade.

A visita começou na central Máximo Gómez, em Mariel, onde a unidade 5 deve se sincronizar nas próximas horas com 65 megawatts, enquanto os blocos 6 e 8 geram 94 e 60 megawatts, respectivamente, informou a Presidência de Cuba através de seu perfil em X.

El diretor da planta, Roberto Pigueiras, explicou a Díaz-Canel os processos de manutenção e o uso de peças de reposição produzidas pela indústria nacional.

O governante insistiu que todas as capacidades do país devem ser colocadas em função da recuperação do SEN e ressaltou a necessidade de atender aos trabalhadores, a quem são fornecidos alimentos, produtos de higiene e serviços médicos especializados, além de um salário que, embora considerado insuficiente, supera os 22.000 pesos.

Mais tarde, Díaz-Canel chegou à termoelétrica Ernesto Guevara, em Santa Cruz del Norte. Lá, ele foi informado sobre a manutenção capital na unidade 2, cuja turbina e caldeira estão em reparo, com data de sincronização prevista para 30 de outubro e um aumento de potência de até 85 megawatts.

As outras duas unidades geram atualmente 55 e 48 megawatts, e devem ser desligadas de forma escalonada para tarefas de limpeza, destacou outro relatório da Presidência na própria rede social.

Os diretores informaram que foram tomadas medidas para conter o êxodo da força de trabalho, como aumentos salariais, distribuição de alimentos, transporte e produtos de higiene.

O governante destacou a “resposta” dos trabalhadores e expressou confiança de que “com o esforço de todos vamos superar a situação atual”.

Acompanharam o governante na visita o ministro de Energia e Mineração, Vicente de la O Levy, e o diretor geral da União Elétrica, Alfredo López.

No entanto, a estratégia oficial —baseada em reparações parciais, alguns manutenções de capital e o incentivo a parques solares fotovoltaicos— continua sem oferecer garantias de estabilidade a um sistema que acumula anos de obsolescência tecnológica e carece de investimentos estruturais de grande porte.

Na rua, o descontentamento cresce diante de apagões que superam as 20 horas diárias em vários territórios.

Os apagões continuam a marcar a cotidianidade de milhões de famílias cubanas. Em seu relatório diário, a União Eléctrica (UNE) destacou nesta sexta-feira que o déficit de capacidade de geração na véspera atingiu 1.826 megawatts (MW) no horário de pico da noite, e que a crise não mostra sinais de alívio.

A entidade calculou que, durante o horário de pico desta noite, a demanda nacional ficará em torno de 3.450 MW, enquanto a capacidade de geração disponível atingirá apenas 1.760 MW.

Na véspera, Díaz-Canel e o primeiro-ministro Manuel Marrero lideraram uma reunião com dirigentes de todas as províncias e do Município Especial Ilha da Juventude para analisar a profunda crise elétrica e de abastecimento de água que afeta a população cubana.

No encontro por videoconferência, a partir do Palácio da Revolução, foi afirmado que, apesar das circunstâncias, "sim vamos avançar", e foi enfatizado que a equipe de governo está "projetando futuro".

Díaz-Canel pediu aperfeiçoar a programação elétrica para que os apagões sejam distribuídos de forma mais equitativa no país, ao reconhecer que existem “desproporções” entre províncias, municípios e sedes.

Além disso, o governo cubano decidiu liberar de seus empregos habituais os delegados de circunscrição para que se dediquem completamente a atender diretamente à população, em meio à crise energética e de abastecimento de água que desencadeou protestos em várias regiões do país.

Esta ofensiva de comunicação comunitária, com líderes políticos atuando nas ruas, ocorre em um contexto de crescimento do descontentamento social e aumento das manifestações em massa.

Por sua vez, o ministro de Energia e Mineração reconheceu que o Sistema Eletroenergético Nacional (SEN) vive um momento crítico, agravado pela saída de várias usinas como a Felton e uma unidade do Mariel.

Anunciou que “Felton deve estar entrando no sábado”, mas admitiu que o país ainda enfrenta grandes afetos durante o pico noturno.

Perguntas frequentes sobre a crise energética em Cuba e as visitas de Díaz-Canel às termoelétricas

Qual é a situação atual do Sistema Electroenergético Nacional (SEN) em Cuba?

O Sistema Electroenergético Nacional de Cuba está passando por uma crise severa, caracterizada por apagões prolongados que ultrapassam 20 horas diárias em várias regiões do país. Esta situação é consequência de anos de obsolescência tecnológica, falta de investimentos estruturais significativos e uma gestão ineficiente do sistema elétrico.

Quais medidas estão sendo tomadas pelo governo cubano para enfrentar a crise energética?

O governo cubano, sob a direção de Miguel Díaz-Canel, optou por uma estratégia baseada em reparações parciais e no impulso de parques solares fotovoltaicos, embora essas medidas não tenham garantido a estabilidade do sistema. Além disso, foram realizados aumentos salariais e entregas de alimentos aos trabalhadores do setor elétrico para conter a fuga de mão de obra.

Que resultados o governo obteve com as visitas às termelétricas?

As visitas do presidente Miguel Díaz-Canel às centrais termelétricas tiveram como objetivo impulsionar a recuperação de capacidades no Sistema Electroenergético Nacional. No entanto, essas ações não conseguiram resolver a crise, e o sistema continua incapaz de satisfazer a demanda energética do país, acumulando déficits significativos durante os picos de consumo.

Qual tem sido a resposta da população diante dos apagões prolongados em Cuba?

A população cubana tem demonstrado crescente descontentamento diante dos apagões prolongados, o que tem gerado protestos em várias regiões do país. A frustração se deve à falta de eletricidade, à perda de alimentos, aos danos a eletrodomésticos e ao impacto negativo na vida cotidiana dos cidadãos.

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