Díaz-Canel denuncia a interceptação de barco venezuelano pelos EUA e Lis Cuesta explode: “Respeitem o povo da Venezuela, caramba!”

O chanceler Bruno Rodríguez havia se pronunciado no mesmo sentido, denunciando o incidente como uma “manifesta violação do Direito Internacional”.

Cuba fecha fileiras com a Venezuela em um cenário de escalada bélica no Caribe.Foto © X/Presidência Cuba

O governante cubano Miguel Díaz-Canel condenou neste domingo o que qualificou como um “assalto ilegal” de militares americanos contra um barco pesqueiro venezuelano em águas do Caribe, um episódio que desencadeou uma onda de reações em Havana e Caracas em meio ao crescente tensionamento na região.

"Condenamos o assalto a barco pesqueiro venezuelano por militares estadounidenses na Zona Econômica Exclusiva da Venezuela, ato ilegal, contrário ao Direito Internacional, e uma cobarde e perigosa provocação", escreveu Díaz-Canel em sua conta no X, onde insistiu que "América Latina e o Caribe é Zona de Paz".

A reação mais explosiva veio de sua esposa e “não primeira-dama”, Lis Cuesta, que acompanhou a mensagem com um tom visceral e direto: “A América Latina é uma zona de paz. Respeitem o povo da Venezuela, caramba!”.

No entanto, a expressão, carregada de ira, surpreendeu por parecer mais um desabafo pessoal do que um discurso oficial.

Cuba une forças com Caracas

O chanceler Bruno Rodríguez tinha se pronunciado na mesma linha, denunciando o incidente como uma “manifesta violação do Direito Internacional” e uma “perigosa provocação que ameaça a paz da América Latina e do Caribe”.

Segundo relatos da Euronews, o barco pesqueiro venezuelano Carmen Rosa, com nove tripulantes, foi interceptado e retido por oito horas pelo destróier americano USS Jason Dunham.

O governo de Nicolás Maduro denunciou que 18 efetivos armados ocuparam a embarcação em frente à ilha La Blanquilla, no que classificou como um ataque contra “nove humildes pescadores”.

O chanceler venezuelano Yván Gil alertou que se tratou de uma tentativa de justificação para “uma escalada bélica” no Caribe, enquanto o ministério das Relações Exteriores de Caracas chamou a ação de “uma provocação direta” no contexto das operações de Washington contra o narcotráfico.

Escalada militar no Caribe

O incidente ocorre em paralelo ao desdobramento de cinco caças F-35 americanos em Porto Rico, movimento que gerou protestos na ilha contra a crescente militarização. Em resposta, Maduro ordenou manobras em 312 quartéis e unidades do país, com milhares de milicianos mobilizados sob o chamado Plano Independência 200.

A crise se insere em uma escalada que começou na semana passada, quando outra operação militar dos EUA contra uma embarcação venezuelana acusada de narcotráfico deixou 11 mortos perto de Trinidad e Tobago.

Pouco depois, o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, visitou o navio de assalto anfíbio USS Iwo Jima e assegurou que as operações no Caribe “não são um treinamento”, enquanto aviões venezuelanos sobrevoavam o USS Jason Dunham. O Pentágono qualificou esse episódio como “brincar com fogo”.

Incluso, este domingo, o ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, denunciou voos de inteligência de aviões espiões americanos sobre o espaço aéreo de seu país.

Segundo disse, essas operações triplicaram em agosto, passando a horários noturnos e de madrugada, com aeronaves RC-135 capazes de coletar informações em tempo real e aviões E-3 Sentry AWACS sobre o Caribe.

Padrino alertou que essas manobras fazem parte de um plano de Washington para “semear uma guerra no Caribe, uma guerra que não queremos os venezuelanos nem os povos do Caribe”.

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