A termoelétrica Antonio Guiteras, uma das principais geradoras de eletricidade em Cuba, está se preparando para receber uma manutenção capital programada para o início de 2026.
A notícia foi anunciada durante uma visita de trabalho realizada na sexta-feira pelo primeiro-ministro Manuel Marrero Cruz, acompanhado pela governadora de Matanzas, Marieta Puey Zamora, e pelo ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy.
A planta, que hoje gera 220 megawatts, continua sendo a mais eficiente do país, com capacidade de produzir 1 kilowatt-hora com apenas 240 gramas de combustível bruto nacional.
No entanto, o anúncio desse investimento em manutenção não deixa de gerar inquietação, especialmente pelas dificuldades históricas da planta e pela promessa de melhorias do governo que não são cumpridas.
A manutenção prevista será a primeira desse tipo em aproximadamente 10 anos, o que se traduz em um sério atraso nas reparações e uma estrutura que alcançou um grau crítico de obsolescência.
Durante a visita, Marrero reconheceu que a Guiteras enfrenta dificuldades acumuladas pela falta de recursos para realizar reparações capitais, e destacou que, apesar disso, é necessário continuar explorando-a devido à sua importância para o sistema elétrico nacional.
Mas os problemas são evidentes. A planta sofreu diversas avarias técnicas, incluindo a quebra de bombas de alimentação e um elevado consumo de água de reposição, o que obriga a constantes paradas.
Incluso, o diretor da planta, Rubén Campos Olmo, detalhou que a bomba de alimentação número dois apresenta falhas graves e que a planta opera com um alto consumo de água, o que coloca em risco seu funcionamento.
A manutenção programada se apresenta como uma solução parcial para esses problemas, e muitos observadores questionam a efetividade desse tipo de intervenções, especialmente porque a planta tem operado em condições críticas há anos sem uma atualização estrutural significativa.
Por sua parte, os vizinhos de Matanzas, onde se encontra a planta, não estão convencidos.
Após dias de fortes apagões na província, usuários das redes sociais apontaram ironicamente que a eletricidade foi restabelecida "como por arte de mágica" com a chegada dos funcionários, o que alimenta a percepção de que as visitas oficiais buscam encobrir a crise energética.
O mal-estar generalizado da população não se limita aos apagões, mas se estende à gestão da crise por parte do governo.
Nas ruas de Matanzas, muitos lamentam que a Guiteras não beneficie a comunidade local, pois, apesar de ser a planta mais importante do país, as interrupções no serviço elétrico continuam a afetar gravemente os lares da região.
"Nos colocam cinco horas de energia e depois nos deixam sem luz por dias. Isso não é uma solução", comentou uma residente na Internet, onde a frustração se tornou uma constante.
Enquanto isso, os apelos para construir novas usinas termelétricas e resolver de forma definitiva os problemas do sistema energético se multiplicam.
Os cidadãos já não acreditam em promessas de "manutenção de capital" que servem apenas como soluções temporárias. A sensação generalizada é que o governo continua a recorrer a promessas não cumpridas, enquanto a crise energética se agrava dia a dia.
La Guiteras, cuja caldeira principal não recebeu manutenção desde a sua inauguração em 1989, continua sendo uma estrutura altamente vulnerável.
A falta de investimento e o atraso nas reparações vitais deixaram a usina em um estado precário, o que coloca em perigo não apenas sua capacidade de geração, mas também a estabilidade do sistema elétrico de todo o país.
À medida que a crise energética se agrava, a dúvida persiste: até quando poderá continuar funcionando uma planta que não recebeu os cuidados adequados durante décadas?
Atualmente, o sistema elétrico cubano parece estar à beira do colapso, e as medidas anunciadas, longe de serem vistas como soluções definitivas, são percebidas como uma forma de manter a aparência de controle em meio a uma realidade cada vez mais insustentável.
Perguntas frequentes sobre a termelétrica Antonio Guiteras e a crise energética em Cuba
Por que é necessário um manutenção capital na termoelétrica Antonio Guiteras?
A termoelétrica Antonio Guiteras precisa de uma manutenção capital devido ao seu estado crítico de obsolescência e frequentes falhas. Desde sua inauguração em 1989, a caldeira principal não recebeu uma manutenção capital, o que causou um desgaste significativo em seus componentes. A falta de investimento e recursos fez com que a planta operasse em condições precárias, sendo essencial para a estabilidade do sistema elétrico cubano.
Como a situação da Guiteras afeta a população de Matanzas?
A situação da Guiteras afeta gravemente a população de Matanzas com apagões prolongados e falta de estabilidade elétrica. Apesar de ser a usina mais importante do país, não beneficia diretamente a comunidade local, que continua sofrendo interrupções no fornecimento de energia elétrica. Os residentes estão descontentes com a gestão do governo e a falta de melhorias efetivas no sistema energético.
Quais soluções o governo cubano propõe para a crise energética?
O governo cubano anunciou manutenções capital e a instalação de parques solares como soluções para a crise energética. No entanto, essas medidas são vistas como soluções temporárias e não resolvem o problema estrutural da obsolescência das plantas termelétricas e da falta de combustível. A população exige soluções definitivas, como a construção de novas plantas e uma modernização real do sistema energético.
Qual é a capacidade atual de geração da Termoelétrica Antonio Guiteras?
A termoelétrica Antonio Guiteras atualmente gera 220 megawatts, embora sua capacidade nominal seja maior. Devido a problemas técnicos e falta de manutenção, a planta opera abaixo de sua capacidade, o que complica ainda mais a situação do sistema elétrico cubano. A planta é crucial para o país, mas suas constantes falhas limitam sua efetividade.
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