La Guiteras volta ao SEN: Reinício ou respiro temporário?

A desconexão da Guiteras, somada a outras paradas em centrais térmicas e falhas em unidades da Energas Varadero, tem provocado déficits elétricos que beiram os 2.000 MW nas últimas semanas.

Central Termoelétrica Antonio GuiterasFoto © Granma / Ventura de Jesús García

A Central Termoelétrica Antonio Guiteras, localizada em Matanzas, conseguiu reconectar-se ao Sistema Elétrico Nacional (SEN) à meia-noite de sexta-feira, após completar um processo de reinício marcado por cautela e incerteza.

A notícia foi confirmada pelo jornalista oficialista José Miguel Solís, que informou na tarde através do que a planta “está em funcionamento” e aumentava progressivamente sua geração, superando os 160 megawatts (MW) ao final do dia.

Captura de tela do Facebook / José Miguel Solís

“Assim, em termos de beisebol, tinham uma bola escondida. BRAVO”, escreveu Solís, deixando entrever certa ironia diante do súbito restabelecimento após dias de silêncio oficial.

Além de confirmar a reconexão da usina, recentemente Solís elevou seu tom crítico nas redes sociais para questionar com dureza a gestão do Ministério de Energia e Minas (MINEM) e dos dirigentes do regime cubano.

Captura de tela Facebook / José Miguel Solís

Após ficar mais de 22 horas sem eletricidade, o jornalista exigiu equidade na distribuição das interrupções de energia, lembrando que durante o chamado Período Especial, apesar da precariedade, “a programação era cumprida”.

A inequidade está em grau supremo”, denunciou, acusando as autoridades de agir sem controle e de ignorar o crescente descontentamento do povo.

Reparações exprés… e limitadas

O processo de reparação, conforme explicou nesta sexta-feira o subdiretor técnico da planta, Román Pérez Castañeda, incluiu trabalhos de soldagem para corrigir o vazamento detectado na terça-feira, 29 de julho, os quais “foram bem-sucedidos”, afirmou em declarações coletadas por Solís.

As operações ocorrerão com a habitual cautela até que se alcance a estabilidade nos parâmetros de trabalho da planta”, acrescentou Pérez Castañeda, referindo-se ao início das operações com supervisão técnica gradual.

Uma infraestrutura à beira do colapso

La Guiteras, com uma capacidade nominal de 220 MW, é o maior bloco unitário de geração elétrica do país. No entanto, sua caldeira principal não recebeu manutenção capital desde sua inauguração em 1989, o que a torna uma estrutura altamente vulnerável.

Durante uma aparição divulgada em 31 de julho pelo jornal oficial Granma, Lázaro Guerra Hernández, diretor de Eletricidade do MINEM, reconheceu abertamente: “O bloco estará funcionando, mas não em condições perfeitas”.

Guerra explicou que a planta tem uma “grande dívida de manutenção de capital” e que a falha recente ocorreu no resfriador de alta temperatura, uma peça crítica. Além disso, alertou sobre a fragilidade geral do sistema: “Qualquer movimento brusco da máquina, uma queda imprevista, pode resultar em estresse no tubo e levar a outra falha”.

Apesar de o MINEM garantir que possui recursos e pessoal para realizar reparos em um prazo de 96 horas, o próprio funcionário alertou que o estado do aquecedor de ar “não é bom”, o que pode resultar em novas falhas a qualquer momento.

Um país na sombra

A desconexão da Guiteras, somada a outras paradas em centrais térmicas e falhas em unidades de Energas Varadero (recentemente solucionadas, segundo afirmou Solís em suas ), provocaram díficits elétricos que chegam a 2.000 MW, como reportou a União Elétrica na última terça-feira.

Captura de tela Facebook / José Miguel Solís

Ese mesmo dia, usuários nas redes sociais expressaram sua frustração diante de apagões de até 20 horas, perda de alimentos e falta de água potável. “¡Entreguem o país, qualquer um o tira adiante, menos eles!”, escreveu um cidadão no Facebook, refletindo a crescente indignação popular.

Reinicio a respiração?

Mesmo quando a Guiteras tenha voltado a se sincronizar com o SEN, seu estado técnico continua gerando desconfiança. Segundo informes oficiais, o processo de recuperação incluiu mais de 100 tarefas corretivas, entre elas a substituição de tubulações, controles metalográficos e testes de pressão.

No entanto, como advertiu Guerra Hernández: o retorno ao sistema não implica uma solução definitiva.

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