ICE nega o medo credível a cubano I-220A detido no tribunal após o encerramento do seu caso de asilo

Fernando Fuertes Muñoz, de 33 anos, entrou nos Estados Unidos em 2022 pela fronteira e permanece no centro de detenção do Condado de Glades desde o dia 4 deste mês de agosto. Sua família pede ajuda de Havana para pagar a advogada e evitar a deportação

Milena Fuertes Muñoz, irmã do jovem detido em Krome, está arrecadando fundos para ajudá-loFoto © CiberCuba

Chama-se Fernando Fuertes Muñoz, entrou nos Estados Unidos há três anos pela fronteira e recebeu uma I-220A. No dia 4 de agosto teve uma audiência, o juiz indeferiu seu caso de asilo e os agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) o detiveram na saída do tribunal. Desde então, permanece sob custódia no Centro de Detenção do Condado de Glades.

A notícia caiu como um balde de água fria para a família de Cuba. Desde Havana, sua irmã, Milena Fuertes Muñoz, pede ajuda a todos os cubanos que tenham uma situação econômica estável para que colaborem na arrecadação de fundos que ela organizou para pagar a advogada que está cuidando do caso. (Se você quiser ajudar, clique aqui).

Na última sexta-feira, Fernando Fuentes Muñoz se submeteu a uma entrevista de medo credível, mas o agente do ICE que o atendeu decidiu negar esse pedido. A defesa apresentou, no dia seguinte, sábado, um recurso para que seu caso fosse reconsiderado. Até hoje, estão aguardando a decisão.

A irmã defende de Havana que Fernando Fuertes Muñoz fugiu de Cuba após ter problemas com o governo, pois teme que o coloquem na prisão caso seja deportado. "Em que ele vai trabalhar aqui?", pergunta-se visivelmente aflita.

Segundo explica Milena Fuertes em declarações à CiberCuba, o jovem de 33 anos entrou nos Estados Unidos em 2022, após deixar a Ilha e voar para a Nicarágua, de onde cruzou fronteiras até conseguir entrar nos EUA. Como muitos outros cubanos, saiu com uma I-220A. No momento de sua prisão, trabalhava como soldador.

A figura migratória do I-220A mantém em um limbo legal milhares de cubanos. Embora o advogado Willy Allen acredite que, no final, todos serão legalizados, ele admite que haverá vítimas pelo caminho e Fernando Fuertes Muñoz é hoje uma delas.

Em dezembro deste ano, está previsto que fiquem prontos os argumentos que os juízes usarão para decidir se a I-220A é um parole. A decisão pode ser conhecida em janeiro e, se essa decisão indicar que os cubanos com I-220A podem ser parolados, no dia seguinte, independentemente de a Administração Trump recorrer da decisão, eles poderão solicitar a Lei de Ajuste Cubano. A maioria está há mais de um ano e um dia nos Estados Unidos, portanto seriam elegíveis.

Essa decisão está a poucos passos, mas o tempo corre contra Fernando Fuertes. Daí o apelo desesperado de sua irmã, pedindo a mais mínima ajuda. "Não importa se é um peso. Agradeceremos tudo da mesma forma", disse em um vídeo enviado de Havana para esta plataforma.

Seu caso demonstra que as detenções dos I-220A continuam, apesar da intervenção da congressista María Elvira Salazar, que afirma ter em sua Lei Dignidade a varinha mágica para legalizar o status dos I-220A.

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).