Cubana com I-220A relata sua experiência na primeira audiência migratória em Orlando

"Dê-nos um tempo para ver o que vai acontecer conosco ou para encontrar um advogado que possa defender nosso caso."

O testemunho de uma cubana com I-220A após sua primeira audiência nos EUA.Foto © TikTok / @yilian8508

A cubana Yilian Martínez, identificada no TikTok como @yilian8508, relatou em um vídeo sua experiência durante a primeira audiência migratória que teve no dia 6 de agosto em Orlando, Florida, diante do juiz Richard Jamadar.

Em seu testemunho, explicou que havia "cerca de 20 a 30 pessoas" na sala e que primeiro foram atendidas, por videoconferência, "três pessoas que tinham advogados". O restante, incluindo ela, estava sem representação legal.

“Isso não quer dizer que eu recomende que eles vão sem advogado, mas vou comentar o que aconteceu”, apontou, antes de explicar que todos receberam a leitura das acusações e dos direitos, e depois foram chamados um a um para confirmar se estavam de acordo com o que foi exposto e se aceitavam reagendar a audiência.

“Todos dissemos que sim e a cada um de nós foram atribuindo... todos nos deram a corte para 2027”, assegurou. Segundo sua visão, “isso é uma boa notícia porque nos dá tempo para ver o que vai acontecer conosco ou para encontrar um advogado que possa defender nosso caso”.

A criadora encerrou seu vídeo enviando uma mensagem de tranquilidade: “Foi tudo, foi um grande susto, tudo passou, e até 2027. Tchau e bênçãos para todos, bye”.

A publicação recebeu dezenas de comentários de outros migrantes que afirmam ter passado por experiências semelhantes com o mesmo juiz, e muitos celebraram o prazo estendido para preparar seus casos.

Alguns concordaram com o alívio que a decisão lhes trouxe. “Esse também é o juiz do meu filho e meu, que bom saber disso... confiem em Deus, Ele é fiel e bom”, escreveu uma usuária. Outra relatou: “Eu fui no dia 22 de julho e também nos deram a todos para 2027, só que na minha sala só estávamos 4”.

Houve mensagens de ânimo e esperança, como “Que alegria, Deus é grande… espero que tudo dê certo”, “Saúde e bênçãos. É possível” ou “Graças a Deus, quanto me alegra, espero que suas residências cheguem muito em breve”.

Outros confirmaram que o padrão se repete em várias audiências: “Esse é meu juiz também” e “Isso eles dizem a todos quando você vai para a sua primeira audiência”, destacaram. De modo geral, o tom predominante foi de apoio e confiança de que a prorrogação permita a mais pessoas organizarem melhor sua defesa legal.

O atraso nas audiências migratórias para pessoas com I-220A ocorre em um contexto de forte pressão sobre este grupo de cubanos nos Estados Unidos. Nos últimos meses, foram registradas detenções de migrantes com este documento em cortes e escritórios do ICE, mesmo sem antecedentes criminais, como aconteceu com um jovem de 26 anos preso em Miami após comparecer a uma consulta de rotina.

También se han conocido histórias de mulheres que, apesar de não ter status legal, defenderam seu direito de formar uma família no país, argumentando que não vão “esperar ter um status legal para poder ter um filho”. Em paralelo, vozes da própria comunidade, como a de um oficial cubano na Flórida que pediu empatia, lembraram que “ninguém está completamente a salvo” de medidas restritivas.

O advogado de imigração Willy Allen insistiu que ainda estão chegando residências para alguns portadores de I-220A, embora advirtam que o processo é lento e que a paciência é fundamental. Segundo o advogado, em tribunais como os de Miami, Orlando ou Houston, prorrogações têm sido concedidas enquanto se debatem precedentes legais que podem beneficiar esses casos. Em outras intervenções, Allen explicou que certos I-220A sem obrigação de se reportar ao ICE nem comparecer ao tribunal têm “a maior bênção” e podem viver tranquilos, desde que não cometam delitos.

Perguntas frequentes sobre o processo migratório I-220A nos EUA.

O que é o formulário I-220A e o que implica para os migrantes cubanos?

O formulário I-220A é um documento utilizado pelo Serviço de Imigração e Controle de Fronteiras (ICE) para conceder liberdade condicional a migrantes detidos enquanto sua situação legal é resolvida. Esse status permite que os migrantes permaneçam nos EUA sem detenção, mas não equivale a uma entrada legal nem concede benefícios migratórios plenos, o que gera uma situação jurídica frágil para milhares de pessoas, na sua maioria cubanos.

O que acontece durante as audiências migratórias para portadores do I-220A?

Durante as audiências migratórias, como a relatada por Yilian Martínez, são lidos os encargos e direitos dos presentes, e é oferecida a opção de reagendar a audiência. Em muitos casos, as audiências estão sendo prorrogadas até 2027, o que oferece mais tempo aos migrantes para preparar seus casos ou encontrar representação legal. No entanto, existe um risco de detenções imediatas se o caso for rejeitado.

É recomendável comparecer às audiências migratórias sem advogado?

Embora alguns migrantes, como Yilian Martínez, tenham comparecido às suas audiências sem advogado, não se recomenda ir sem representação legal. Ter um advogado pode ser crucial para defender adequadamente o caso e evitar possíveis desconsiderações ou detenções. Advogados especializados podem oferecer aconselhamento e representar melhor os interesses dos migrantes perante o tribunal.

Quais são os riscos de detenção para os migrantes com I-220A?

Os migrantes com I-220A enfrentam riscos de detenção, especialmente se seus casos forem arquivados. O ICE está autorizado a deter migrantes após audiências ou compromissos se for decidida a finalização de seus processos pendentes. Esse risco aumenta em audiências sem advogado ou quando o migrante está em uma "lista" de pessoas sujeitas a deportação expeditiva.

Como podem os migrantes com I-220A se preparar para suas audiências ou compromissos com o ICE?

Para se preparar para as audiências ou compromissos com o ICE, os migrantes devem garantir que tenham todos os seus documentos em ordem e considerar a assistência de um advogado. É importante chegar pontualmente, estar informados sobre seus direitos e o processo, e manter uma conduta exemplar. Também é útil conectar-se com comunidades de apoio que possam oferecer orientação e compartilhar experiências semelhantes.

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Equipe Editorial da CiberCuba

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