O risco de retornar a Cuba para investir: Três histórias que te farão pensar duas vezes

Investir em Cuba envolve riscos significativos devido a um ambiente legal incerto e ao controle governamental. Casos recentes mostram detenções e expropriações que desestimulam o investimento privado.

DiplomarketFoto © Captura do Youtube

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Em Cuba, foram documentados vários casos que ilustram os riscos de investir na Ilha, especialmente para empreendedores que tentam estabelecer negócios em um sistema controlado pelo regime.

Os mudanças repentinas nas regras do jogo, a falta de segurança jurídica e os obstáculos burocráticos e a corrupção são uma combinação fatal que desanimaria qualquer um a investir no país.

O caso de Juan Carlos Hernández Mora

Juan Carlos Hernández Mora, um cubano-alemão que deixou para trás 12 anos de vida na Europa para investir na ilha e passar seus dias perto de suas raízes.

Hoje, aos 52 anos, vive com uma condenação de 12 anos às costas, sem seu hostal, sem sua casa e com a proibição de sair de Cuba até 2030.

Repatriado em 2008, comprou uma casa colonial no centro histórico de Trinidad e abriu um negócio turístico que lhe permitia viver e ajudar os necessitados. “Sentia falta do meu país, dos meus costumes… pensei que poderia sobreviver aqui,” contou a Martí Noticias.

Em 2019, foi preso e um ano depois, em um julgamento a portas fechadas, foi condenado por proxenetismo, suborno e fraude elétrica.

Afirma que as acusações são injustas e que todas as pessoas mencionadas no processo eram adultas, sem coação nem engano. Após a sentença, o Estado confiscou sua residência e realocou sua família em um modesto apartamento nos arredores de Trinidad.

O espanhol Armando Unsain Bartolomé

Em 2021, o espanhol Armando Unsain Bartolomé, declarado defensor do regime e proprietário do hotel boutique La Colonial 1861 em Havana, recebeu uma ordem do Ministério do Interior para abandonar a ilha em 30 dias ou ser deportado.

As autoridades o acusaram de conduta violenta e de ter sido investigado por crimes graves, o que ele negou categoricamente.

O documento entregue pelo MININT assegura que o espanhol "foi processado por alteração da ordem pública, e investigado como suposto autor dos crimes de corrupção de menores e tráfico de drogas, fatos que suscitaram a cancelamento temporário de sua licença de arrendamento e demonstrou uma conduta de enfrentamento às normas de convivência social e não conseguiu uma inserção adequada na comunidade onde reside".

Pese à sua afinidade política e seu investimento no setor turístico, teve que deixar Cuba denunciando uma “injustiça” e um “desterro” arbitrário.

O dono do "Costco cubano"

O empresário cubano-americano Frank Cuspinera Medina, fundador do supermercado Diplomarket, conhecido como o “Costco cubano”, foi detido em 2024 sob acusões de evasão fiscal, tráfico de moeda e lavagem de ativos.

Sua empresa foi intervida por forças militares e todos os seus bens confiscados.

No dia 21 de maio, Cuspinera enviou uma carta manuscrita da prisão, na qual denunciou a falta de garantias legais em seu processo e pediu a intervenção de organismos internacionais e do Departamento de Estado dos EUA.

En o texto, atacou a Segurança do Estado e o sistema judiciário cubano, aos quais acusou de ter fabricado acusações sem lhe dar o direito a uma defesa efetiva.

Estos casos tiveram um efeito devastador na confiança do setor empresarial privado em Cuba. Muitos veem nessas detenções e expropriações um ato exemplificador do oficialismo para intimidar aqueles que apostam na investimento privado. Outros os consideram vítimas de um sistema legal imprevisível.

A advogada e diretora da Cubalex, Laritza Diversent, em conversa com Mario J. Pentón, denuncia que o regime cubano utiliza o direito penal como ferramenta de controle para se apropriar de imóveis valiosos, sobretudo aqueles reformados para o turismo. “Hoje podem te convidar a investir; amanhã te encarceram e te tiram tudo”, advertiu.

Perguntas frequentes sobre os riscos de investir em Cuba

Quais são os principais riscos de investir em Cuba?

Os principais riscos de investir em Cuba incluem mudanças repentinas nas regras, falta de segurança jurídica, e obstáculos burocráticos e corrupção. Esses fatores criam um ambiente incerto e hostil para os empreendedores, que podem enfrentar expropriações e acusações arbitrárias por parte do regime cubano.

O que aconteceu com Juan Carlos Hernández Mora ao investir em Cuba?

Juan Carlos Hernández Mora foi preso e condenado a 12 anos em Cuba por proxenetismo, corrupção e fraude elétrico, acusações que ele nega. Sua casa foi confiscada e sua família foi realocada, o que exemplifica os perigos de investir sob um sistema legal imprevisível na ilha.

Por que Armando Unsain Bartolomé foi expulso de Cuba?

Armando Unsain Bartolomé foi acusado de conduta violenta e de ter sido investigado por crimes graves, o que ele negou categoricamente. Apesar de seu apoio ao regime, foi obrigado a deixar Cuba, o que demonstra a arbitrariedade do sistema cubano mesmo com aqueles que demonstram afinidade política.

Qual foi a situação de Frank Cuspinera Medina em Cuba?

Frank Cuspinera Medina foi detido sob acusações de evasão fiscal, tráfico de moeda e lavagem de ativos. Sua empresa foi intervencionada e todos os seus bens foram confiscados, o que ilustra como o regime cubano pode utilizar o sistema legal para se apropriar de negócios privados.

Que papel desempenha o regime cubano nos investimentos privados?

O regime cubano utiliza o direito penal como ferramenta de controle para se apropriar de imóveis valiosos, especialmente no setor de turismo. Essa prática desencoraja o investimento privado ao criar um clima de insegurança jurídica e risco de expropriação arbitrária.

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