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Após anos de luta jurídica, José Ramón López Regueiro, filho do empresário cubano José López Vilaboy e único herdeiro do Aeroporto Internacional José Martí de Havana, recebeu um apoio crucial, após a decisão de que a Corte de Apelações do 11º Circuito nos Estados Unidos anulou o veredicto que rejeitava sua ação contra a American Airlines, permitindo que ele desse continuidade ao seu caso com base no Título III da Lei Helms-Burton.
López Regueiro acusa a companhia aérea americana de “traficar” com uma propriedade que lhe pertence, o principal aeroporto de Cuba, sem o seu consentimento ou compensação. A ação, que pode estabelecer precedentes para outras reclamações semelhantes, exige uma compensação de 3 bilhões de dólares pelas operações da empresa em uma infraestrutura expropriada pelo regime de Fidel Castro em 1959.
Uma história de despojo e exílio
O pai do autor, José López Vilaboy, foi proprietário do aeroporto habanero através da empresa CAISA. Em 1959, a instalação foi nacionalizada pelo novo governo comunista sem oferecer compensação.
López Vilaboy se viu forçado a fugir da ilha. Seu filho herdou a empresa em 1989 e obteve a cidadania americana em 2015.
Embora uma juíza de primeira instância em Miami, Lauren Louis, tenha rejeitado a ação em 2022, alegando que a propriedade havia sido confiscada de um cidadão cubano e não americano, o tribunal de apelações corrigiu essa interpretação.
A juíza do circuito americano Jill Pryor escreveu em uma decisão de 19 páginas que o Título III da Lei Helms-Burton “inequivocamente” não exige que uma propriedade tenha pertencido a um cidadão dos Estados Unidos quando foi confiscada pelo governo cubano e não exige que um autor da ação tenha sido cidadão americano ao adquirir um interesse na propriedade.
Esta decisão abre a porta não apenas para López Regueiro, mas também para centenas de cubano-americanos que foram injustamente excluídos do direito de reivindicar os bens que o castrismo lhes tomou.
A lei Helms-Burton diz que “qualquer pessoa que… trafique com bens confiscados pelo governo cubano a partir de 1º de janeiro de 1959 será responsável perante qualquer cidadão dos Estados Unidos que seja titular da reclamação sobre tais bens”, aponta o documento.
Pryor determinou que o termo “qualquer cidadão estadunidense” na lei “inclui aqueles cidadãos estadunidenses que se tornaram cidadãos após adquirir a propriedade em questão”.
“Ao permitir que uma demandante apresente uma reclamação sob o Título III mesmo que não fosse cidadã americana quando o governo cubano confiscou sua propriedade, é evidente que a Lei Helms-Burton também abrange os demandantes que adquiriram sua propriedade antes de se tornarem cidadãos americanos”, escreveu Pryor.
O advogado Andrés Rivero de Rivero Mestre, que representa Regueiro, comemorou a decisão em um comunicado na tarde de quarta-feira, informou CourtHouse News Service.
“É com grande satisfação que o Undécimo Circuito aceitou corretamente nossos argumentos e reabriu o caso do Sr. López Reguiero contra a American Airlines por seu tráfego abusivo no aeroporto de Havana, que foi roubado da família do Sr. López Reguiero”, declarou Rivero. “Continuaremos a perseguir traficantes como a American Airlines e Expedia para deter e punir seu vergonhoso apoio ao regime comunista repressivo em Cuba”.
O que está em jogo?
American Airlines não é a única sob os holofotes. A LATAM Airlines, com sede no Chile, também foi processada no mesmo caso.
Mas o impacto vai além. Mais de 40 companhias aéreas operam no aeroporto de Havana, o que poderia desencadear uma cascata de processos se ficar confirmado que se beneficiaram do uso de propriedades confiscadas sem compensação aos seus legítimos proprietários.
Desde a ativação do Título III pela administração de Donald Trump em 2019, mais de 5.900 reivindicações de cidadãos estadunidenses foram registradas pelo governo norte-americano. No entanto, muitas reclamações, como a de López Regueiro, não estão certificadas, o que complica seu trâmite legal.
Foto: Facebook/Eduardo Rodríguez Dávila
Uma batalha por memória e justiça
Para López Regueiro, essa demanda é mais do que uma questão de dinheiro. É uma forma de reivindicar a história de seu pai, de denunciar a impunidade do castrismo e de abrir um caminho para que outras vítimas do despojo encontrem justiça.
"Cuba não devolverá nada até que os Castro morram", disse em uma entrevista anterior, resignado mas firme em sua determinação de exigir, pelo menos, alguma compensação econômica.
Agora, com esta nova resolução judicial, seu caso, que muitos consideravam perdido, renasce com força. A luta de um filho pelo legado de seu pai se torna um símbolo para milhares de cubanos despojados que continuam aguardando justiça.
Perguntas frequentes sobre a ação de López Regueiro contra a American Airlines
Por que José Ramón López Regueiro processou a American Airlines?
López Regueiro processou a American Airlines porque acusa a companhia aérea de “traficar” com o Aeroporto Internacional José Martí de Havana, propriedade que lhe pertence e que foi expropriada pelo regime de Fidel Castro em 1959. A ação exige uma compensação de 3 bilhões de dólares pelo uso dessa infraestrutura sem seu consentimento ou compensação.
O que é o Título III da Lei Helms-Burton e como isso afeta este caso?
O Título III da Lei Helms-Burton permite que cidadãos norte-americanos procesem entidades estrangeiras que se beneficiem de propriedades confiscadas pelo regime cubano. O Tribunal de Apelações decidiu que não é necessário que um demandante tenha sido cidadão norte-americano quando adquiriu um interesse na propriedade confiscada, o que abre a porta para casos como o de López Regueiro.
Qual é o impacto potencial dessa demanda para outras companhias aéreas?
Se a demanda de López Regueiro tiver sucesso, poderá abrir a porta para uma cascata de demandas semelhantes contra outras companhias aéreas que operam no Aeroporto de Havana. Mais de 40 companhias aéreas operam lá, o que poderia resultar em um impacto legal significativo se for determinado que utilizaram propriedades confiscadas sem a devida compensação.
Quais são as repercussões deste caso para os cubano-americanos que buscam justiça por propriedades confiscadas?
A decisão da Corte de Apelações representa um importante avanço para os cubano-americanos que desejam reivindicar bens confiscados. Essa decisão legal pode permitir que centenas de cubano-americanos, que anteriormente estavam excluídos, apresentem reivindicações sob a Lei Helms-Burton. Isso é visto como uma reivindicação de seus direitos e uma forma de obter justiça pela apropriação sofrida durante o regime castrista.
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