A advogada Liudmila Marcelo nota um aumento no número de juízes que não permitem a presença de clientes I-220A por vídeo

A especialista em temas migratórios da Flórida identificou essa mudança de atitude em Miami e Orlando. Segundo ela, quase 100% dos magistrados permitiam a comparecimento por vídeo e agora obrigam a fazê-lo pessoalmente

A advogada de Imigração Liudmila Marcelo, em entrevista com CiberCubaFoto © CiberCuba

A advogada especialista em Imigração Liudmila Marcelo afirmou nesta sexta-feira, em declarações à CiberCuba, que notou uma mudança de atitude entre os juízes de Miami e Orlando que, até pouco tempo atrás, permitiam que seus clientes comparecessem por vídeo e agora exigem que o façam pessoalmente, com o risco que isso implica devido às detenções que o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Aduanas) está realizando na saída do Tribunal, uma vez que encerram seus casos de asilo.

"Casi 100% dos juízes permitiam que os clientes aparecessem por vídeo e já se juntaram dois ou três juízes a mais, principalmente aqui em Miami, que não aceitam a aparição do cliente por vídeo, o que faz com que ele tenha que comparecer pessoalmente. O mesmo está acontecendo em Orlando e isso traz consigo a possibilidade de 'dismissed' do caso e a detenção ali na Corte", destacou a advogada em resposta à pergunta sobre em que situação estão atualmente os cubanos com I-220A.

"Neste momento, continuam ocorrendo indeferimentos de casos de asilo para I-220A nas Cortes, e as pessoas cujos casos estão sendo indeferidos estão sendo detidas ali mesmo nas Cortes. Isso é totalmente negativo para os I-220A. Não gostamos que isso aconteça, não há um critério; ou seja, não importa que você leve mais de dois anos, não importa que tenha um caso pendente, estão indeferindo os casos e detendo as pessoas", disse.

Mas também há outras novidades. "Estamos com o caso de Matter of Q. Li. Eu mesma consegui quatro encerramentos de casos baseados em Matter of Q. Li porque os juízes consideram que a pessoa pode ir ao USCIS solicitar sua residência. Um juiz em El Paso, inclusive, detalhou isso em sua ordem, me disse que para ele, de acordo com a lei, essas pessoas receberam 'parole'. É extremamente importante porque o que esse juiz diz é que, sob Matter of Q. Li, essas pessoas receberam 'parole' como uma questão legal. Portanto, são elegíveis para o ajuste de status", salientou.

Na opinião da advogada, isso é muito positivo. "É muito importante, mas não sei até que ponto o USCIS vai, ao conceder a residência aos meus clientes, levar em consideração a decisão do juiz. O que aconteceu depois? Então, veio uma decisão na semana passada, na sexta-feira, que diz que os juízes não são obrigados a finalizar casos quando é muito especulativo que o USCIS vá conceder um parole à pessoa. Isso fecha a possibilidade para muitas pessoas cujos juízes estavam finalizando os casos com base no fato de serem cubanos e estarem há mais de um ano, e talvez o USCIS pudesse conceder um parole. Isso não quer dizer absolutamente que fecha a possibilidade para as finalizações dos casos, mas dificulta mais. Ou seja, há juízes que ainda vão continuar considerando que, sob a Matter of Q. Li, como foram mal processados, essas pessoas foram, de acordo com a lei, paroladas para os Estados Unidos, mas vai haver juízes que continuarão negando as finalizações e outros que, até o momento, estavam concedendo, agora vão negar. Então, o que acontece com essas pessoas com I-220A? Elas agora têm a opção de que alguns têm petições familiares e outros precisam defender seu caso de asilo", insistiu a advogada.

No programa de uma hora na CiberCuba, Liudmila Marcelo respondeu a dúvidas dos espectadores desta plataforma e abordou a restrição de vistos a amigos e familiares de pessoas envolvidas em questões de narcotráfico; falou sobre a autorização recebida pela Administração Trump para continuar com a deportação para terceiros países e compartilhou o endereço para o qual é necessário devolver o cartão de trabalho, caso a USCIS solicite a devolução.

Assim, abordou o tema das negações em massa de vistos da Loteria de Diversidade e motivadas pelo Travel Ban e disse que confia que aumentem as exceções relacionadas a esta restrição de vistos para cubanos.

Cidadania por nascimento

Sobre a decisão da Corte que foi anunciada nesta sexta-feira, que permite à Administração Trump avançar em seu plano de eliminar a cidadania por nascimento nos Estados Unidos, Liudmila Marcelo esclareceu que "pode representar um perigo para os bebês que nascerem nesses dias nos estados não demandantes".

A Corte Suprema não decidiu sobre o direito do Governo de eliminar o direito à cidadania por nascimento dos filhos de estrangeiros sem status legal, mas decidiu que o Tribunal de Distrito não tem a autoridade para impor uma ordem geral que suspenda a execução de uma ordem do presidente. Em resumo, a pausa pode beneficiar apenas os demandantes no caso e não todos os que possam ser prejudicados. Isso significa que a cidadania de muitos bebês que nascerão em breve pode estar em perigo ou simplesmente em um limbo, e isso também repercute no status dos filhos por nascer de cubanos com I-220A.

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Tania Costa

(Havana, 1973) vive na Espanha. Ela dirigiu o jornal espanhol El Faro de Melilla e FaroTV Melilla. Foi chefe da edição de Murcia do 20 minutos e assessora de Comunicação da Vice-Presidência do Governo de Múrcia (Espanha).