O regime cubano tem evitado sistematicamente aceitar seus cidadãos com histórico criminal repatriados dos Estados Unidos, mas não hesitou em aplaudir que Nicolás Maduro acolhesse mais de 250 migrantes venezuelanos acusados de pertencer a uma perigosa gangue criminosa.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez Parrilla, celebrou na rede social X a “liberação” dos venezuelanos deportados dos Estados Unidos e encarcerados em El Salvador, entregues ao regime de Maduro em troca de prisioneiros políticos e cidadãos americanos.
“O retorno a Venezuela desses cidadãos constitui um triunfo da Revolução Bolivariana e Chavista, liderada pelo Presidente Nicolás Maduro”, escreveu Rodríguez.
A operação, confirmada pelo presidente salvadorenho Nayib Bukele, consistiu na transferência de 252 migrantes venezuelanos detidos no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot).
A maioria dessas pessoas tem supostos vínculos com o grupo criminoso Tren de Aragua. Em troca, Caracas entregou um número não especificado de prisioneiros políticos e dez americanos detidos na Venezuela.
“Tal como se le ofereceu ao regime venezuelano em abril, realizamos este intercâmbio por um número considerável de presos políticos venezuelanos, pessoas que esse regime mantinha em suas prisões durante anos”, disse Bukele.
Enquanto isso, Havana mantém uma política oposta. Advogados de imigração denunciaram que o regime cubano aceita apenas o retorno de cidadãos jovens e sem antecedentes criminais, deixando muitos criminosos cubanos de fora do processo de repatriação.
Ante a negativa do governo de Miguel Díaz-Canel em receber criminosos, os Estados Unidos se viram obrigados a deportar alguns cubanos para terceiros países, como aconteceu recentemente com duas pessoas enviadas ao Sudão do Sul, um dos países mais instáveis do planeta.
O Departamento de Segurança Nacional informou que ambos os homens têm um extenso histórico criminal. Enrique Arias-Hierro foi condenado por homicídio, roubo à mão armada, sequestro, falsificação de identidade e roubo com arrombamento.
José Manuel Rodríguez-Quiñones foi processado por tentativa de homicídio, agressão física, furto e tráfico de animais caninos. Ambos foram considerados uma ameaça à segurança pública.
"Em termos gerais, quando queremos deportar um cidadão cubano, notificamos o regime. Se não o aceitarem, precisamos buscar outras soluções", explicou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos em Cuba, Mike Hammer, durante uma coletiva de imprensa em Miami.
A política migratória do regime cubano parece ter uma vara diferente dependendo de quem seja o aliado. Enquanto aplaude a decisão de Maduro de receber acusados de pertencer a uma organização criminosa, nega-se a aceitar seus próprios nacionais se estes representam um problema para sua imagem ou governabilidade interna.
Mais uma vez, Havana demonstra seu duplo padrão: exige respeito pelos migrantes, mas seleciona com lupa quem pode retornar para casa.
Perguntas frequentes sobre as políticas migratórias de Cuba e Venezuela
Por que o regime cubano se recusa a aceitar seus cidadãos com antecedentes criminais?
O regime cubano mantém uma política de aceitar apenas cidadãos jovens sem antecedentes criminais, o que deixa muitos criminosos cubanos fora do processo de repatriação. Essa política é baseada na proteção da imagem e da governabilidade interna do país, evitando receber cidadãos que possam representar um problema social ou econômico.
O que aconteceu com os cubanos deportados para o Sudão do Sul?
Enrique Arias-Hierro e José Manuel Rodríguez-Quiñones foram deportados para o Sudão do Sul, um país com o qual não têm vínculos. Esta deportação foi parte de uma política de enviar imigrantes com antecedentes criminais para terceiros países quando suas nações de origem não os aceitam. A decisão foi criticada pela falta de garantias de segurança no país receptor.
Como reagiu o regime cubano diante da troca de migrantes venezuelanos por presos políticos?
O regime cubano aplaudiu a operação de troca realizada por Nicolás Maduro, considerando-a um triunfo da Revolução Bolivariana. Em contraste, Cuba continua a rejeitar receber seus próprios cidadãos com antecedentes criminais, o que tem sido criticado como uma política de dois pesos e duas medidas.
O que implica a política de deportação para terceiros países realizada pelos Estados Unidos?
A política de deportação para terceiros países permite aos Estados Unidos enviar imigrantes indesejados para nações que não são seus locais de origem, como no caso dos cubanos enviados para o Sudão do Sul. Essa medida é adotada quando os países de origem não aceitam seus cidadãos deportados e gerou controvérsia devido às condições de segurança nos países receptores.
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